29 setembro 2005

Correção

No post "2005, o ano que...", escrevi que o filme sobre Zezé Di Camargo e Luciano vai concorrer ao Oscar. Não vai. Ainda não, ao menos. Ele foi escolhido para entrar na seleção que vai definir o filme que vai concorrer ao Oscar. A propósito: eu gostei do filme. Gostei mesmo.

Irmãs gêmeas

Ligo para minha irmã no meio do expediente, do meu e do dela. Quero saber como foi na prova da faculdade, mas é ela quem escolhe o assunto que dá início à conversa. Foi ao médico para investigar a possibilidade de fazer uma cirurgia que pode resolver uma questão que vem lhe incomodando há tempos – que tem se intensificado e que tem me preocupado muito. Está animada. Pergunto da prova, demora um pouco para responder, fico cismada, mas ela acha que foi bem. Desconversa.
- Pera aí – ela diz para mim. – Ah? – ouço ela dizer já parecendo afastar a boca do telefone. Fala com outra pessoa:
- Ah, tá. Faz um mamá para Samira que ela não comeu gelatina.
Volta-se para o telefone e para mim, como se eu não pudesse ter ouvido:
- A Samira não comeu gelatina. A Samira é uma das gêmeas. Samira e Brenda.
- Samira e Brenda – eu repito, sobre as pessoinhas, bebês, que estão sob o cuidado de minha irmã, que volta a falar de sua vida e suas coisas.
- Vai começar uma palestra aqui – eu digo.
- Ah, tá – ela diz, mas continua falando.
- Vai começar o negócio, não vou poder...
- Tá... Tu vai sábado jogar vôlei?
- Vou – eu digo.
- Então, sábado a gente conversa.
- Beijo.
- Beijo.

Minha irmã gêmea está terminando o curso de Nutrição. Coordena essa área numa escolinha infantil na Restinga Velha. Eu sou jornalista e trabalho numa redação.

28 setembro 2005

Lurdinhas

Eu não sou nada fã da Glória Perez. Novela já é um troço limitado por definição, da Glória, então! Seus personagens são tão caricatos, mas tão caricatos que acabam fazendo sucesso ao mesmo tempo em que são criticados. Como se, sob essa lente de aumento da autora, pudéssemos reconhecer nossos defeitos, deslizes, qualidades, acertos, fantasmas, enfim, que no dia-a-dia se mimetizam e vão sendo arrastados, disfarçados, sem uma solução ou uma razão. Tem algo de positivo nessas coisas que a autora inventa, ainda que ela as conte de forma tosca.
Um dos personagens abomináveis de tão grotescos é o da Cissa Guimarães, para mim péssima atriz e eterna apresentadora do Vídeo Show. Desde os primeiros capítulos, suas falas incluem sempre o Glauco (o tio Edson Celulari), suas participações só têm uma razão: o Glauco. É uma mulher bem-sucedida e tal, "bonita", mas que passa a vida em torno do cara. No momento, para fazer ciúme, anda com guris mais jovens, e aí brota da TV todo o não talento da Glória Perez, pondo frases péssimas na boca dos personagens como “Vô dá muito beijo na boca”. Mas é como se na ruindade dessa frase a autora acentuasse o ponto-chave: a personagem da Cissa é uma coitada, uma chata, e aí você, mulher, pensa: hmm, ainda bem que eu sou melhor autora que a Glória e consigo disfarçar a Nina (personagem da Cissa) que tenho dentro de mim. Porque na real é isso que acontece: os telespectadores se identificam com os personagens da Glória Perez, brabo é ouvi-los. A gente quer parecer um pouco melhor do que é. Afinal, fingir ser sensato e normal dá um trabalho! Aí, vem a Glória Perez e faz tudo de qualquer jeito?!?
Como contraponto da Nina, tem a Lurdinha, personagem da Cleo Pires, a filha da Glória (mais uma!) Pires e do Fabio Jr – e, dizem, do Coringa, por causa do sorriso da guria. Passou mais da metade da novela sem ser notada, era mais uma, e lá no fim da fila, do núcleo dos adolescentes da trama. Mas foi a Glória (agora a Perez) inventar uma polemicazinha e a guria pulou lá pra frente. Ao seduzir o tio Glauco, desbancou todas as outras histórias – de adolescentes e de adultos da novela.

Eu acho a guria bonita. Mas realmente ela parece o Coringa quando sorri, e ela sorri sempre. Então, fico me perguntando: por que acho ela bonita? Por que ela é mais convincente que a Cissa? Ela, como esta, também aponta para um personagem feminino que devo carregar comigo. A beleza da ninfeta-coringa é justamente o sorriso fácil. Ela tem consciência de sua felicidade e a expõe. Ela tem consciência do que quer e vai atrás. Eu não sei se a Glória Perez escreve lá: sorria agora, não sorria agora. Eu acho que não. Eu acho que é o jeito da atriz de fazer o negócio. É mais natural (legal, divertido) ser uma Lurdinha do que uma Nina. Aí mora a vantagem da primeira. Eu arrisco dizer que até a Cissa pareceria mais natural/aceitável na pele da personagem da Cleo do que na da Nina, chata/irritante/ridícula - isso se ela passasse como ninfeta, né, o que não é mais possível esteticamente. O que eu quero dizer é que a gente, mulher, se identifica com os personagens mulheres da Glória porque a gente é um pouco (?) cada um deles. Mas a gente acha ruim a novela porque a Glória exagera, estigmatiza. E aí a gente corre o risco de ver nossos fantasmas muito de perto, ridicularizados, vide a Nina da Cissa e seu mundinho pequeno. Mas também a gente tem a chance de ver a Lurdinha da Cleo (cujos exageros são se tornar segura e madura de um dia para o outro e fisgar um tio como o Edson Celulari, vamos combinar: onde tem, hein?): ela é nossa porção leve, nossa porção sorriso (por mais coringa que possa parecer), nosso brilho no olho, nossa vontade de brincar. Eu acho que as mulheres deviam acreditar nesse personagem. Não o da Cléo Pires. No seu próprio, que está guardadinho, lá no fundo, como que proibido. Deviam mesmo.

27 setembro 2005

2005, o ano que...

Impossível saber o que só o distanciamento histórico dirá de 2005, mas basta levantar a cabeça em busca de ar, como quando achamos a beira do buraco em que caímos no banho do mar, ou como quando na ponta dos pés procuramos algo ou alguém por sobre a multidão, para suspeitar que este ano é candidato a divisor de águas. Minha astróloga diz que a culpa é de Urano. Culpa? Ops, crédito, na verdade. Se não, o que dizer de um ano em que acontecem coisas que, na impossibilidade de se alterarem, já tinham virado piada, já tinham se incorporado ao imaginário popular como toleráveis, situações, enfim, cuja mudança parecia esbarrar na pergunta “para que virar tudo de cabeça para baixo?”. Mas parece que alguém (urano?) resolveu responder com outra pergunta, cheia de uma coragem ora infantil, ora demoníaca: “e por que não?”, porque coisas estranhas acontecem em 2005, a saber:
- Maluf, símbolo da impunidade nacional, o estereótipo do político de republiqueta, personagem de programa humorístico, foi preso.
- Deputados investigam deputados
- Deputados querem acabar com a corrupção no país
- Os juízes de futebol, como já anunciavam as torcidas, no seu coro sábio, agora se sabe, são filhos da p... ops, ladrões. E vão presos!
- Os publicitários confessam que mentem, vide Duda Mendonça
- Políticos trabalham em finais de semana. Menos ainda: os políticos trabalham. Ponto. Absortos em relatórios e relatórios de CPIs.
- Como mostraram o filmes de hollywood, a natureza pode não só ameaçar mas destruir os EUA
- O Inter é líder do Brasileirão e pode ser até campeão
- Um filme sobre Zezé Di Camargo e Luciano vai concorrer ao Oscar.
- O desfile da Semana Farroupilha virou carnaval
- O Rigotto é lançado como candidato do partido à Presidência
- O Schumacher não foi campeão de F-1

Daí eu fico pensando se, lá no início do ano, algum pai-de-santo-vidente-babalorixá tivesse citado alguma dessas coisas num Fantástico de domingo qualquer. Acho que a edição do programa não teria deixado passar, incrédula com tantos absurdos.

26 setembro 2005

Miudezas (1)

O mais legal em lavar e secar a louça é pendurar ao vento o guardanapo de pano na janela basculante da cozinha.

25 setembro 2005

Infância (1)

Comer pedrinhas de sal grosso enquanto seu pai faz o churrasco fingindo não ver.
***
Na praia, não ver a entrada do ano novo, anestesiada com as queimaduras de sol que parecem petrificar as costas lambuzadas de caladril.
***
Limpar a baba (com batom, às vezes) do beijo de uma tia. E ajeitar o cabelo depois do tapinha-esfrega-oi de um tio.

24 setembro 2005

Dona (?) de casa

Eu odeio limpar minha casa, embora reconheça que a sensação, depois de tudo limpo e organizado, é muito boa. Pena que não dura, afinal, ter uma casa é para viver nela – e isso inclui bagunçá-la saudavelmente – e não para expor em algum salão da Casa&Cor. O fato é que sempre tenho algo para fazer – que escolho fazer – antes de começar a limpeza. E começar é tudo de que se precisa na vida, às vezes. Depois, só vai. Mas o que eu queria dizer aqui é que sou um pouco desastrada como dona de casa. E que não me importo com o puxador da geladeira quebrado, nem com o vidro da janela da sala meio fosco de tão empoeirado. E tenho pendurado no “lustre-ventilador” um pedaço de penugem laranja daquelas que se enrolam no pescoço em festa de Carnaval. Acho que é a coisa mais estranha que tenho na minha casa depois de uma baratinha de plástico fosforescente sobre a TV e um porta-retrato horrendo com uma foto em que aparecem só as minhas pernas e pés – com meias – sobre o sofá (o nome desse quase ensaio é “preguiça”).
Preciso comprar um tapete, limpar o aquário, lembrar a previsão do tempo para decidir onde pendurar as roupas que lavei e não deixar o gás aberto. Ah, as miudezas da vida, hein?!!

Sentidos

O jornal em que trabalho mudou. Não conceitualmente, mas visualmente. Se bem que dizem que uma mudança visual também implica uma mudança conceitual, uma tentativa disso, ou uma conseqüência disso, sei lá. O fato é que o projeto gráfico agora inclui cor lavanda em todas as páginas e métrica para os textos. Lavanda e métrica? Cor que parece cheiro e desenho que parece música? Acho que deu a louca nos sentidos.
Há uma certa tendência de se fazer jornal para ser visto e não para ser lido - para espectadores e não para leitores, dizem os críticos de plantão. Até podem ter razão. Mas nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Beleza é fundamental, já dizia o poeta, temos de pensar nisso. Uma hora encontramos o meio termo – não instituído, por decreto, mas fruto do bom senso.

21 setembro 2005

Grandes sustos (descobertas) da vida

Um dia, inevitavelmente, você se dá conta de que...

Seu pai não é um herói.
Sua mãe não é o único modelo de mulher que existe no mundo.
Se você pudesse, talvez não escolheria sua família para ser, enfim, sua “Família”.
Fora aquelas de propaganda de margarina (ou, mais recentemente, de propagandas de minivan Scenic), nenhuma família é perfeita (e na imperfeição são todas iguais).
Ler não é uma escolha: depois da alfabetização, tudo para o que você olhar que tenha letras você vai ler, mesmo que não queira.
As pessoas não dizem toda a verdade.
Ao descobrir toda a verdade, você se dá conta/decide que também não vai dizê-la para ninguém.
Você não precisa fazer igual aos outros.
As grandes decisões de sua vida foram tomadas justo quando elas não pareciam ser grandes decisões. (p.q.p.!!)
O ser humano é instintivamente promíscuo: estranhos se “cuidam”, se olham, se desejam ao se cruzarem, numa calçada, por exemplo, ainda que isso não signifique coisa alguma.
Vendedoras de lojas mentem.
Tudo fica melhor depois que a gente come.
O futuro não existe, ou você não vai estar aqui para conhecê-lo (Lembra da última vez que você falou a palavra futuro? Você só fala a palavra futuro quando está na adolescência, quando lhe entrevistam no colégio ou comentam na festa de família o que você vai ser quando blábláblá).
Você muda de idéia, e o mundo não pára para lhe tirar satisfações. (Essa descoberta às vezes coincide com o dia em que você começa a se achar muito ridícula ao cobrar satisfações de alguém...)
Alguém pode gostar muito de você. (fala sério!!)
As recíprocas na maior parte das vezes não são verdadeiras, ou no mínimo não são proporcionais.
Levou todos esses sustos e gostou.

Tráfico de palavra

Meu irmão mais novo, embora pareça mais velho que o mais velho, pelo seu temperamento, mas isso é outra história, às vezes me chama de filha. Não é uma atitude consciente. E isso é o mais engraçado. O filha surge como um vocativo no final de frases que têm o caráter orientador, de conselho. O “filha” sai clandestino ali, como que automático, porque a cabeça dele identifica/qualifica a mensagem como um conselho e, em ele já sendo pai (minha sobrinha Laura tem quase 15 anos – esse quase ela vai adorar, como todos os adolescentes ela prefere dizer a idade que quase tem do que aquela que realmente tem), põe automaticamente o filha no final. Entende? Ele às vezes tenta corrigir, mas quase nunca dá tempo. Engole o “a”, tentando barrar o automatismo de seu cérebro – que não está errado ao relacionar conselhos com o vocativo “filha”, já que realmente existe uma – mas o “filh” sai limpo, principalmente o “fi”. E daí? E daí que eu esqueço o que ele tava dizendo e fico bebericando do som da palavra “filha”, ecoando na minha mente. Meu pai já morreu. É a minha única chance.

Simultâneos

O tempo anda maluco - essa a sua avó já dizia, né? Mas agora se documenta! Esses dias a ZH tinha na mesma edição, quase na mesma página, uma reportagem sobre o horário de verão e outra sobre ocorrência de neve no RS, a primeira do ano.

Aí, eu aproveito para pôr aqui um outro texto, feito há um ou dois meses, tb sobre coisas simultâneas que não têm nada a ver. Lá vai:

Não sei como escrever isso sem parecer muito idiota. Eu achei curiosa a coincidência. Neste final de semana, se alguém pudesse ver o planeta Terra de longe, mas com uma capacidade de visão tão micro como macroscópica, acompanharia a performance de um grupo de homens no espaço – nesse caso, lógico, em primeiro plano -, de um grupo de homens no fundo do mar e de um terceiro enterrado vivo. Me dei conta disso ao abrir um site de notícias na Internet. Os três fatos estavam lá. E ocorreram simultaneamente.
1) Com sete tripulantes, o ônibus espacial Discovery estava numa missão no... adivinha? Espaço. Tinha umas reformas que fazer e, como se imagina, não dá para sair da nave como se sai de dentro de uma casa para trocar a lâmpada da rua. Voltaram terça-feira e tudo correu bem: a nave não explodiu ao “colidir” com a atmosfera, por mais estranho que a possibilidade de isso acontecer possa aparecer ao leigos, acostumados a uma atmosfera que, enfim, não parece uma parede.
2) Também com sete tripulantes, no caso, marinheiros – e, acrescente-se, coitados -, um submarino russo estava... adivinha? Encalhado, preso em redes de pesca no fundo de uma baía de Kamchatka (? Extremo-oriente russo). Cara, o mundo dá voltas e voltas, e os russos continuam afundando ferro velho. O que essa caqueira fazia no fundo do mar? Ninguém disse. Os meninos tripulantes chegaram a escrever cartas de despedida para as famílias, porque eles tinham pouco oxigênio e tal. Sobreviveram. Foram salvos.
3) Enquanto isso, um grupo de brasileiros, no Ceará, ia e vinha por um túnel de 80 metros de extensão, a quatro metros abaixo da terra, ligando uma casa ao cofre do Banco Central de Fortaleza. Adivinha fazendo o quê? E eles se arrastaram o fim de semana inteiro, porque levaram R$ 150 milhões, o maior roubo (furto?) da história do país. Estão a salvo também.

E se alguém do grupo do espaço, alguém do grupo submergido e alguém do enterrado fossem parentes? E se as três cenas fizessem parte de um filme sobre as possibilidades humanas? Nada a ver, né? Eu disse que era idiota.

Anos 80

Um sábado desses, já noite, fiquei uns 40 minutos folheando livros numa livraria enquanto esperava por uma amiga. Deu para ler três infantis inteiros. Mas me vi sorrindo mesmo ao folhear aquele almanaque sobre os anos 80, um livrão grossão cujo nome não lembro ao certo mas deve ser 'almanaque anos 80', muito colorido como não poderia deixar de ser qualquer coisa a ver com a década em questão. Então me dei conta: quem foi adolescente naqueles anos não tinha mesmo como se tornar um adulto convincente.

os Domingos

Eu não consigo entender uma pessoa que conhece os dias da semana e escolhe Domingos como nome de seu filho. Eles, os Domingos-seres humanos, geralmente são carpinteiros, pedreiros, no máximo donos de mercadinhos. Ok, acho que fui um pouco (?) preconceituosa agora. Mas voltando à cabeça daquela mãe: como pode alguém que viveu todas as possibilidades de um sábado e a iminência de uma segunda-feira por anos na vida dar a luz a uma criança, olhar para a carinha do menino e tascar Do-min-gos? Ok, eu provavelmente estou sendo ignorante além de preconceituosa. Vai ver a palavra originariamente tem um significado, sei lá, bíblico, católico, e se aportuguezou (existe essa palavra? Alguém precisa aportuguesar ela – agora com S, pelo menos uma vez acertarei). Segunda-feira em espanhol, por exemplo, é Lunes, de Lua, a sentimental, introspectiva e, por isso, às vezes, dolorosa Lua. E vamos combinar que o dia de segunda-feira é mesmo tudo isso, ou você nunca desejou ficar em casa cavocando seus baús e recomeçar a vida só na terça?
Mas para mim os domingos são dias de extremos. Não me parece à toa que ele seja o fim e também o começo da semana, ficando a escolha a critério de cada um (ou do calendário mais próximo). Domingo é o dia em que a gente dorme demais, come demais, fala demais, ouve demais, acha que o sábado foi tudo de bom ou tudo de ruim.
O que são as manhãs de domingo? Ma-ra-vi-lho-sas. Se você abre a janela e o sol vai entrando, é possível acreditar que realmente tudo vai dar certo na vida. Revigorantes. Ninguém na rua, está todo mundo resgatando esperanças, cada um de sua janela. Os donos das calçadas são os cachorros (de rua), abanando seus rabos e se cheirando como num cumprimento, como se estivessem vindo de uma bela noitada pelo meio do asfalto, livres. Aí, você almoça, aquele almoço compriiiiiido, e a tarde quase se foi, mas ainda dá para pegar um cinema ou encontrar alguém querido que você não vê há algum tempo – e a expectativa disso já é suficiente. Breve, breve, tudo vai mudar. O que são as noites de domingo? Hor-ror absoluto. A lunática segunda-feira logo ali, o tudo por fazer na semana batendo na porta, o balanço – muitas vezes rigoroso demais, extremado – do que rendeu o fim de semana, o Faustão, a Glória Maria em mais uma viagem fantástica (como ela consegue?). Horror. Os domingos são dias de extremos, eu disse. Acho que as únicas pessoas que não sentem os domingos assim são as mães de Domingos. Acho que entendi o motivo da escolha do nome.

13 setembro 2005

Auto-estima

Provavelmente por ser um ponto a ser melhorado em mim, me chamam muito atenção as manifestações de auto-estima das pessoas. No caso daquelas que têm isso alto (agora com L). Jogador de futebol, por exemplo. O cara vai lá faz o gol, corre para a câmera (só isso já seria uma prova de exibição suficiente, considerando que muitos deles correm para a câmera desviando dos colegas) e levanta a camiseta do time. Embaixo, uma outra, branca, hering qualquer, com alguma frase. Eu fico impressionada. Imagino o cara no vestiário, se preparando para um jogo sem favoritos, e pondo essa camiseta debaixo. Mais: imagino o cara encomendando a tal camiseta, dias antes do jogo (ou será que já tem um estoque prévio?). Ele tem no mínimo alguma convicção de que vai fazer o gol. É um exibicionismo premeditado! Não é muita segurança? Não é muita auto-estima? Tudo bem que o último que eu vi fazer isso foi o Tevez, né... e o Tevez é argentino, logo, tudo se explica... Mas e os outros?
***
Outra episódio de auto-estima aLta impressionante. Almoço freqüentemente num restaurante natureba, que abusa do minimalismo até, e eu gosto. Mas simplicidade não pode ser confundida com mau gosto. Nas paredes do lugar, há quadros horrendos. Nem de aula de educação artística na 4ª série sai coisa mais sem estilo, noção estética do que aquilo. Mas não são apenas decoração. A autora colocou à venda! Há meses! Olha, eu queria ter 1/4 de toda a auto-estima dessa "artista". E seria uma revolução na minha vida.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio