28 fevereiro 2006

Do dia 25

Simpático. Meigo. Definitivamente, carinhoso. O que mais um presente poderia ser? Obrigada!

05 fevereiro 2006

Mau humor

Não acredito em protetor solar que não sai na água. Não acredito em cor certa na virada de ano. Não acredito em flanelinha, oficina literária ou drenagem linfática. Não acredito em amigo-secreto de firma, nem em feliz Natal de empresa de cartão de crédito. Não acredito em cartão de Natal, nem em próspero ano-novo. Nem em sorriso de caixa, proposta de cambista, abraço de ex. Não acredito em recaídas. Em falta de troco, sinal amarelo, jatinho particular, nem em bolo de noiva. Não acredito em loterias, em descontos de 50% nem em acréscimos do segundo tempo. Não acredito em parabéns a você, em enlatados ou embutidos, em churrasco requentado nem nos programas da National Geographic. Não acredito em viagra nem em hóstia. Nem em pão light ou curso intensivo. Não acredito em bis de laranja, em peça única, em corrimão. Não acredito em algodão doce. Nem em flúor ou xampu tonalizante. Não acredito em biografias sem cortes nem em purificador de ambientes.
***
O mau humor vira o mundo de costas. Teme o olho no olho. Junta pó, derruba o porta-retrato, bate a porta. E faz queimar a comida, a chave não girar, faltar gás. Faz a gente perder o ônibus, andar de bragueta aberta, e o pneu furar. Faz pisar no chiclé e derrubar o café. O mau humor estraga a chapinha e, abafado e úmido, tenta espantar a chuva de verão.
O mau humor, que coisa, é um desconfortado, um insatisfeito, um aborrecido com a sua sina, a de no fundo fazer rir.

PS.: seguido eu via esse tipo de texto metidinho, de autoras descoladas (ou seria texto descolado de autoras metidinhas?) cadenciando coisas de categorias dissonantes, listadas na horizontal, uma atrás da outra, para representar uma sensação. Técnica (que nome dar a isso?): põe a sensação no título, nova linha, e sai a citar coisas, sem se preocupar com a relação que possam ter. Quanto mais prosaicas, maior o efeito, me parece. Nunca tinha tentado um parecido. Taí. É um estilo meio blasé, né? Talvez disfarçando uma incapacidade de fazer de outro jeito, aquele que descreve suave, amarrando palavras e talento, o que quer dizer. Mas isso pode ser apenas uma suspeita mal humorada.
A parte final (depois dos ***) destoa um pouco. É que eu não queria parecer estar de mau humor. Porque não estou, ora.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio