24 junho 2007

Pororoca

Assisti só agora à Pequena Miss Sunshine. Fazia tempo que não via um filme que a cenas em que tu te mata rindo são rigorosamente as mesmas em que tu te mata chorando. As mesmas. Sensações que existem como sendo antagônicas viram simultâneas. Uma pororoca.
Mas tem um erro nesse meu comentário, q vou corrigir. Pequena Miss Sunshine não é de matar de rir ou de matar de chorar. Mas fazer a correção não desmerece o filme, pelo contrário.
Quero dizer que Pequena Miss Sunshine não provoca a manifestação ostensiva das sensações ou sentimentos de quem o assiste. É tão sutil, tão simples, tão maravilhosamente despretensioso que tu ri e chora com consistência mas sem necessariamente uma explosão. Tu ri e chora como se estivesse olhando um retrato antigo seu ou de sua família, de uma situação que já passou, mas que marcou, portanto, viva. Aí, se chora e/ou se ri serenamente.
A emoção talvez tenha a ver com cumplicidade, a arma maior do cinema. No caso desse filme, somos todos cúmplices nessa percepção subliminar de que a vida é o que acontece enquanto estamos nos empurrando pra frente (empurrando a kombi, como no filme...) na busca de um objetivo, um sonho. Que a vida são os revezes e tb as soluções encontradas, e que o ponto de chegada depende dessa transformação que se dá no caminho.
E acho que é o que sentimos ao ver uma boa fotografia antiga. Tem nas mãos a recordação e, na consciência, o que aconteceu depois daquela cena. Tem nas mãos o que tu era e tu sabe o que se tornou. Aí, tu chora porque se dá conta que talvez não tenha sido bem essa a idéia inicial, mas também ri porque é benevolente com o que foi capaz de ser e pensa que, se voltasse no tempo, talvez não mudasse tanta coisa.
Enfim, é nessa hora q a pororoca é meio inevitável.


02 junho 2007

Um jeito

Bonita, inteligente, até engraçada, sabe ser envolvente, insinuante. Mas é triste. Uma tristeza nata, endêmica. Tem o olhar triste. Falta brilho. E não tem nada mais repelente do que a tristeza.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio