29 abril 2008

Recolhe

Acho que deve ser um lugar, um bairro, uma região muito triste, esta. Senão, seguramente um tanto deserta. Todos os ônibus com o destino/linha "Recolhe" passam vazios...
hihihi
q engraçadinha q eu tô.

***
Hoje eu vi a Ipiranga parada. Eu vi a Protásio Alves parada. Eu vi a Padre Cacique parada...
Nas primeiras postagens deste bLOg eu falei sobre isso. Há três anos. Eu escrevi que achava estúpido as pessoas engarrafando carros - todas elas sozinhas em seus veículos. De lá para cá só piorou. Li que são 100 novos emplacamentos por dia só em POA. Tô vendo a hora que o rodízio, como em São Paulo, vai chegar aqui. Acho curioso demais as pessoas se acostumarem e acharem normal o rodízio... e consideraram loucura abrir mão de carro definitivamente.

Há mais de três anos não tenho carro para uso regular. Gosto de ônibus. É verdade que as linhas de que dependo são tranqüilas. Reconheço que o transporte público não presta o serviço ideal, mas pretendo continuar de ônibus. Até porque o transporte privado (de uma pessoa só por veículo) tá mostrando que tb não é o caminho.

Você vai me dizer que ao andar de ônibus se perde tempo. Eu te digo: depende. E mesmo que se "perca", vc pode usar esses momentos pra fazer outras coisas q não pode fazer enquanto dirige porque precisa prestar atenção na direção, ou seja, precisa se estressar com o trânsito.
Mas te digo: na maioria das vidinhas que se leva, não se perde tempo. Essa é uma impressão errada. Faça o teste. Sem roubar. Conte o tempo que fica parado no trânsito e o tempo que leva para achar uma vaga para estacionar. E, de qualquer forma, será que vc precisa mesmo chegar e deixar com rapidez todos os lugares? Tá correndo por que mesmo? Será que falta tempo ou planejamento/metas mais sensatas/razoáveis? No meu caso, sinceramente, reconheço: me falta mais planejar direito.

Você vai me dizer que pre-ci-sa do carro para trabalhar. Ok, acredito. Mas não vale dizer que é para ir até o lugar onde tu trabalha se tua função já se plugou no mundo em tempo real. E são várias. Em vez de gastar dinheiro com carro-seguro-IPVA-revisão-alarme-etc, investe em tecnologia. Compra um celular, um palm, um laptop. Aciona serviços de busca&entrega. Faça o mundo girar, suas idéias irem-e-virem, esteja em reuniões e tome decisões sem sair do sofá da sala ou durante um passeio no parque. Pra onde você foi caminhando, evidentemente, com roupas confortáveis. Achou impossível?
Impossível é resolver o problema do trânsito com viadutos, perimetrais e quetais.

Você vai me dizer que tem direito a ter um carro para passear, para transportar a família em momentos de lazer. Ou para momentos de emergência. Ok, ótimo. Tudo bem. Não vou te contrapor dizendo que os taxistas estão aí para dar uma mão porque tenho medo deles (ops, sorry os taxistas-do-bem). Só vou te dizer que, se tu reduzires o uso do teu carro para esses momentos, já vai estar ajudando a cidade. E nesses momentos, a idéia da carona, do coletivo entre amigos, é ainda mais legal. Vai uma galera pro mesmo lugar? Se encontrem antes, num ponto comum, e reduzam o número de carros-com-uma-pessoa-só.

Eu peço carona qdo sei que tem gente indo pro mesmo lugar q eu. Peço mesmo. E dou carona quando uso o jeep. É, eu tenho um jeep que uso para lazer... De fato, como carro velho, ele deve poluir sim... Viu, não sou uma santa (tem vezes, na parada de ônibus, que penso num carrinho quentinho... mas a vontade passa. Talvez, quando eu tiver um bebê, quem sabe eu repense...).
Mas eu uso pouco o jeep. E vou te dizer: há pessoas-sozinhas-em-seus-carros-fechados que me olham admiradas. Talvez, um tanto invejosas. Então, eu concluo: tem gente infeliz em seus carros. O trânsito caótico só completa o quadro.

Eu ia citar também o uso das saudáveis magrelas! Mas como caí de bike e ainda não encarei a minha de novo, vou parar por aqui. Só citei coisas que realmente faço, pra ficar um testemunho real.
Cadê as ciclovias, Porto Alegre? A minha Ipiranga ideal teria o Dilúvio navegável. Imaginou? Barca até a PUCRS, por favor. Nas laterais do Dilúvio, duas largas ciclovias. E, antes das calçadas, uma única faixa para os ônibus, dos elétricos (já que é para viajar na batatinha...). Nada de carros. O paraíso.

Falando sério. Vc vai me dizer sobre o texto desta postagem: não é bem assim, Loraine. E eu vou te dizer o mesmo sobre a necessidade imprescindível de carros: não é bem assim.

23 abril 2008

20 anos numa foto só

Durante a posse do novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, nesta quarta-feira, o fotógrafo da Agência Estado André Dusek fez essa foto aí.
São cerca de 20 anos do Brasil numa imagem só. São os nossos últimos 20 anos como brasileiros. Mais de 20 anos, se pôr na ponta do lápis, eu acho. Sarney, Collor, FHC e Lula. A experiência democrata brasileira cabe numa foto só. E ela nem precisa ser muito retangular/larga.

Como no Enduro, da Atari

Corri bem melhor hoje do que nas duas primeiras vezes depois do gesso no cotovelo. E me refiro principalmente à disposição, não só ao incômodo por dor. Tão disposta eu estava que saí pra correr na rua no horário de que menos gosto, entre 5 e 6 da tarde.
Nessa hora, em qualquer lugar da cidade, a energia ruim do trânsito de veículos atrapalha. Energia ruim, sim. Pressa, barulho, mau humor, cruzamento que tranca, velocidade, buzina, poluição.
Carros e mentes poluindo o espaço. Fica difícil concentrar e prestar atenção no corpo da gente, que é o que é bom de fazer nesses momentos de suor.
Ainda mais no trajeto que eu tinha. Fiquei por perto de casa, e isso significa tomar o rumo da Redenção. Até lá são uns 10minutos de trote pela Protásio Alves e pela Osvaldo Aranha. Fora a irregularidade do piso das calçadas, elas estão cheias de gente. Me senti no Enduro, da Atari, lembra? Lembra do game de corrida da Atari, o Enduro? Me senti um Enduro humano, serpenteando pessoas, reduzindo, acelerando, sem descuidar dos buracos.
E também não temos mais o horário de verão. Isso significa que peguei o escurecer do céu. Não tenho nada contra correr à noite, desde que eu saia à noite.
Não gosto é de sair pra correr de dia e pegar a noite no meio do caminho. É mudar de cenário sem dar tempo de mudar o personagem, entende? É mudar as regras, entende? Não entende? Ah, deixa pra lá.

Eu adoraaaava o Enduro. Vc não? Tenho um Atari em casa... Será que ainda funciona?

21 abril 2008

O meu quiche

Então, eu abri um vinho e comecei a espalhar na mesa os ingredientes de que precisava.
Não, antes ainda: o dia amanheceu chuvoso, e era a desculpa de que eu precisava para não treinar. Porque muitas vezes a gente precisa de desculpas para justificar a nossa vontade. Não consegue apenas assumir a vontade. E a minha vontade era não treinar. E o dia amanheceu feio, com chuva. Não que isso fosse uma ótima desculpa. Já treinei com chuva. Não uma, várias vezes, e adorei. Porque estava com vontade de treinar. E quando tu tem vontade de fazer uma coisa, tu faz, independentemente de qualquer coisa. Então, a chuva era apenas uma desculpa que servia.

De trabalho, eu tinha apenas um compromisso: uma reunião às 14h. Depois disso, decidi me entregar àquela vontade que eu não aceitava, mas fui obrigada a aceitar, porque era o que meu corpo pedia: a vontade de ficar escondida em casa. Lembrei da receita. Da vontade de fazê-la, para enfim devolver o prato da minha amiga. Não que eu não tivesse mil coisas mais importantes para fazer, mas essas mil coisas não estavam conectando comigo... Tava difícil focar... me concentrar... Então, lembrei da receita. E todo o resto fica pra depois.

Minha amiga havia feito um bolo de chocolate para mim no meu aniversário, e o prato está aqui ainda. Amanhã não estará mais. Vou devolvê-lo com algo dentro: a receita que acabo de fazer. Meu aniversário foi no final de fevereiro... E até eu comer o bolo, veio março. Aí, a minha amiga saiu de férias. Pra Patagônia. Pra ver os pingüins e salvar o casamento. Viu os pingüins (as fotos das geleiras são mais impressionantes), mas não salvou o casamento... E aí depois eu me acidentei, e o braço direito ficou comprometido, visto que fazer a receita, fazer o prato, foi uma decisão adiada até agora...

Então, eu abri o vinho e comecei a fazer a receita... Abri o vinho e liguei o rádio. E fui fazendo a receita. Gosto da parte em que tem de misturar a farinha à manteiga. No começo, é estranho seus dedos afundarem naquele macio que é manteiga. Mas em seguida fica gostoso. E tuas mãos se misturam na farinha e na manteiga a ponto de tu não distinguir os dedos. E é gostoso. Vai misturando, misturando, tu tem certeza de que nunca mais verá teus dedos, que aquilo nunca mais vai se desgrudar, mas de repente a coisa faz sentido. Tua mão vai ficando lisinha novamente, e a massa também. Sim, a farinha, a manteiga e água se transformaram numa massa homogênea. Mágica. Culinária é um pouco isso, né? Comecei a pensar como que, na gênese, cozinhar é na verdade apoderar-se de algo. Você se sente com poder.

Fiz algumas mudanças na receita. Gosto de inventar... Daí lembrei da vez que fiz um quentão prum cara... e segui à risca a receita... Enquanto aquecia, ele me dizia isso: que não fazia nada à risca, ia colocando os ingredientes como que por intuição. No meu íntimo, concordei. Eu sou assim tb. Mas quando a gente se apaixona perde a naturalidade, a espontaneidade... Por isso, segui à risca a receita do quentão... no fundo, não queria o risco de errar. A receita seguida à risca era pra agradá-lo, mas isso eu não disse, né... ah, se a gente tivesse consciência, durante todo o tempo, que o que faz o outro se apaixonar é justamente a nossa naturalidade, né...

Voltando.
A rádio em que liguei começou a tocar músicas conhecidas. E quando me dei conta cantava sozinha na cozinha, com a taça de vinho na mão. Dançava e cantava.
".. o que eu quero é que ela quebre a minha rotina...", dizia o Lobão.
"...Não quero luxo nem lixo / Meu sonho é ser imortal... (...) E como vai você? Uma pessoa comum, filho de deus...", dizia a Rita Lee.

Quanto mais eu bebia, mais conhecidas me pareciam as músicas... Beeemmm bom. Pensei nos amigos, nas pessoas próximas, nos últimos acontecimentos, pensei em um monte de coisa junta e... neste clichê: em como na vida às vezes falta uma receita pra gente seguir, né?

Os treinos? Ah, ficam pra amanhã... Na real, não sei o que fazer com eles enquanto o cotovelo não fica bom... Dúvidas, dúvidas, dúvidas... Nossa! A Loraine-dramática atacando novamente.

O vinho acabou. A tarde se foi. A receita ficou pronta (foto).

O prato que fiz se chama Quiche Lorraine.
É francês.
Quiche Lorraine. Nossa, só penso em mim...
Você não? Ah, tá?! Vai dizer que vc pensa em como salvar o mundo? Ahã, me engana que eu gosto.

Quer um pedaço de Lorraine?

19 abril 2008

Dúvida no supermercado

Quando me dei conta, soltei uma risada, fechei os olhos e peguei qualquer um. O cara que estava ao meu lado, diante a prateleira, ficou me olhando...
É que demorei alguns segundos para me dar conta do absurdo: eu estava tentando escolher qual levar, se o xampu liso perfeito ou o xampu liso extremo.
hahaha

18 abril 2008

Outdoor de novela

"Um gesto de carinho vale mais do que mil palavras bem preparadas. Te adoro. Queres casar comigo?"

Tem um outdoor com essa declaração aqui perto de casa. Letra caprichada, meio gótica, em preto, num fundão branco. Achei estranha a expressão "bem preparadas" para palavras, mas isso não é importante. Todo mundo entende o que o cara quis dizer...
Eu acho 'du caralho' conseguir dizer 'eu te amo' - que é o que o cara mais ou menos está dizendo. E se não é, ao menos pra ter colocado em prática a idéia do outdoor, deve ter bebido na mesma fonte que buscamos quando dizemos 'eu te amo'. A fonte da coragem.

Ao menos pra mim. Eu precisei de muita, porque eu nunca tinha dito. Talvez porque quando disse tenha sido a primeira vez e ainda não houve a segunda... sei lá... Eu acho que a coragem é recrutada quando o sentimento é puramente verdadeiro, independentemente das circunstâncias (e às vezes elas não são as ideais, como nos filmes ou nas novelas - e vc vai ficar esperando a situação ideal?).
Quando o sentimento É, não tem como mudar. Vc ignora, decide que não quer isso, que não adianta, etc etc, mas o sentimento segue lá, intocado, sem arredar um centímetro do lugar onde se instalou em vc. Porque a verdade é. Ela ignora as circunstâncias, a lógica, a razão e apenas É. Por isso, toda revelação da Verdade exige coragem. Porque a verdade desnuda algo ou alguém.

Voltando ao outdoor. O mais legal ali, eu achei, são os nomes dos personagens. A declaração é endereçada a Pilar. E quem assina é o (corajoso do) Fênix.

(Ok, mas o Fênix não disse 'eu te amo'. Ao menos, não publicamente... eu disse que é difícil!)

Fênix e Pilar. Nomes diferentes.
Se é para viajar, então vamos lá. Pilar vem do espanhol, e quer dizer fonte. Fênix é do grego, a lenda do pássaro que se queima todo numa pira (fonte? fonte Pilar?) e renasce das cinzas, ganhando a imortalidade da alma. Algo como isso, não sei ao certo.

Tudo com a Pilar agora... Fênix está "ardendo" nessa fonte (pira). E renascerá, seja qual for a resposta da Pilar, porque dizer a verdade, acredito eu, garante sobrevida a qualquer alma.

Ih, viajei.
:)

Seguinte: achei esse site aqui, sobre significados de nomes enquanto escrevia este texto. Não achei Loraine... :(
Só tem variações. Gostei mais dessas:
Loris (tem gente q me chama assim) - origem germânica, quer dizer "chama, flama".
Lokelani (adorei!! lo-ke-la-ni) - origem havaiana e quer dizer "bela flor".
Tem o Lora, o Lorena... enfim. Mas não tem Loraine.



11 abril 2008

Mundos paralelos

A cliente não tem água para oferecer.
Eu, com muita sede, saio e atravesso a rua para comprar uma garrafinha num boteco (ok, não havia botecos por ali).
200ml de água sem gelo e sem limão na Padre Chagas: R$ 3,20
(veja bem: eu escrevi 200ml, e não 500ml, acho até que era 180ml, não matou minha sede).
Em casa, horas depois, peço pelo telefone uma nova bombona de água, daquelas de 20 litros. Preço: R$ 6.
(20 litros!!! sem gelo e sem limão também... :)

Isso que eu chamo de mundos paralelos.

08 abril 2008

Injustiças do cotidiano

(1)
Eu juro que aquele papel não estava ali. Surgiu só hoje de manhã. Parece até que nesta noite se moveu sozinho e acomodou-se bem à frente dos demais. Foi a primeira coisa que vi ao olhar para eles: "após a alta, dirija-se à recepção para confirmar o agendamento de sua consulta".
Caramba. A consulta era hoje, em 40min. E eu não tinha agendado coisa nenhuma quando saí do hospital, há uma semana. Eu não sabia! O médico não me disse isso. Disse apenas que eu voltasse hoje. E eu tô voltando. Contei os dias pra isso! E o papel, bem, o papel só apareceu agora.
Hmm. Senti que ia ter problemas. Sus. Muita gente. Poucas fichas. E eu querendo ser atendida sem ter agendado como mandava o papel! Não tinha nem como piar. Mas resolvi ir mesmo assim. Estava disposta a esperar uma brecha.
E não é que fui atendida? A recepcionista me chamou a atenção pela falta do agendamento, mas fui. E quase tão logo que cheguei.
Atrás de mim, a filha de uma senhora que já se sentara, com dores na perna, ouviu da atendente que o horário da consulta da mãe tinha mudado pra 1 da tarde. Eram 8h da manhã. E a família veio de longe, do interior.
- Por que não nos avisaram? Vocês brincam com a gente, hein?!
A atendente não respondeu, ficou com aquela cara de paisagem, de alguém já vacinado das reclamações. Parece que o médico delas só atuaria à tarde.
A mãe e a filha decidiram remarcar a consulta para outro dia. Não podiam esperar cinco horas até as 13h, mesmo porque a previsão é de que fossem ser chamadas pelas 16h...

(2)
Outra injustiça. Mas dessa eu não fiz parte (involuntária, como na descrita acima). Só assisti.
Entro no mercadinho, aqueles mercadinhos que chegam a ter pó nas garrafas, sabe? Aqueles com prateleiras de tábua, um retângulo de frutas, legumes e verduras no centro. Um bem igual ao do seu bairro. Procura, que tem um espremido entre um prédio e outro, vigiado do caixa por um gringo com sotaque.
Então, entrei para comprar uma água. Uma mulher se apressou e pulou na minha frente.
- Tem feijão a granel?
Claro, disse a gringuinha, já em direção ao saco do grão.
-Ah, não - desanimou-se a mulher - Esse eu não quero. Preto não. Só tem preto? O preto anda me fazendo mal.
E saiu.
"Maronzinho eu não tenho, o branco acabou", me disse a gringuinha, um tanto abalada, se justificando. Maronzinho ela disse. Assim, com um R só.
Volta a mulher a quem o feijão preto está judiando:
- Me dá um maço de carlton?
***
Cigarro, é? E a culpa é do feijão?!


obs.: aquela última frase ali, "cigarro, é? E a culpa é do feijão?!", essa frase é necessária? Fiquei em dúvida. Você entenderia o que quis dizer sem a frase?

05 abril 2008

Mulheres que berram

Não acordou só a mim. Ao menos, também o vizinho do andar de cima. Saltou da cama e correu pra janela olhar. Foi o que subentendi do barulho que fizeram os pés dele no meu teto e a janela.
Eram pouco mais das 6h da manhã, e despertei com os berros vindos da rua. A primeira frase da mulher eu não guardei direito, mas era algo como "vou acabar com a tua vida!". A segunda frase eu ouvi direitinho. Todo mundo ouviu:
"Tu tá fodido comigo pro resto da tua vida!!".
Ok, ninguém diz fOdido... Então:
"Tu tá fUdido comigo pro resto da tua vida!!".
Aí, acho que ouvi uma porta bater, e um carro saiu em alta velocidade.

Dá-lhe.

Se o carro cantasse pneu, bah, daí eu acho que o cara tava fudido mesmo.
eu nunca cantei pneu.
tb nunca quis fuder com a vida de um cara.
tb nunca berrei pelas ruas.
nossa, minha vida podia ser bem mais divertida, hein? :)

***

ufa. consegui atualizar este bLOg. E, com isso, empurrar aquele texto ali, do post anterior, mais pra baixo. Tem algo nele de que não gosto. Não sei o que é.

01 abril 2008

O jogo de cena das mulheres

Assisti a Jogo de Cena, documentário em que Eduardo Coutinho se põe a escutar histórias de mulheres que se dispuseram a contá-las atendendo a um pedido em anúncio de jornal. Eis que algumas coisas me tocaram positiva e negativamente – distinção que não me convém fazer agora.

1 – Os mais importantes acontecimentos na vida de uma mulher, a despeito de sua posição social ou ascensão em carreira, continuam envolvendo relacionamentos. Com pai, com mãe, com filho, com marido, com um deus.
2 – Filhos são para toda a vida. Os perdidos e os que não foram tidos também – ou, estes, muito mais ainda do que por toda a vida.
3 – Grandes saltos do amadurecimento feminino se dão por causa de um homem. Melhor: por causa de uma paixão, de um amor (no que isso tem de trágico muitas vezes). Relação em que a outra parte é como uma escada. Algo essencial, mas a partir de um momento secundário e que ficará para trás.
4 – As mulheres são ótimas contadoras de histórias. Engraçadas, dramáticas, convincentes.
5 – O grande barato da dramaturgia é envolver o espectador de tal forma que ele seja incapaz de dissociar personagem de ator, ou história de vida real. Quem faz isso melhor? O palco de teatro ou a câmera de TV/de cinema?

Agora, eu mesmo questiono:

Sobre a afirmativa 1 – Que tipo de mulher atendeu ao anúncio de jornal? Terá sido um universo representativo do século 21? Que tipo de escolha fez a edição do documentário?
2 – Não questiono. Não posso duvidar disso.
3 – Até pode ser, mas a recíproca pode ser verdadeira. Além disso, quero crer que possamos evoluir emocionalmente também nas alegrias, nos acertos. Quero crer que a redenção pela dor seja apenas uma herança cristã de vaga sustentação. E quero crer principalmente que nem sempre a outra parte fique para trás.
4 – Chatas também. Mas, ok, há um certo talento sim. Mas muito disso porque elas gostam de contar – e nisso pode estar desde muita sensibilidade até muita auto-importância. Sozinhas, não haveria o que contar. Não me parece por acaso que na direção (e na concepção) do filme esteja um homem.
5 – Eduardo Coutinho embaralha de vez essa resposta.

E, definitivamente: vida de mulher tem de ser tão triste assim?
Não, não precisa.
Sem mais palavras, meritíssimo

***.

A propósito: o cotovelo tá doendo pra c...!!!! A impressão, depois da cirurgia, é de um beliscão fininho intermináááável. Ou aquele choquezinho que chamam de ‘amor de sogra’, sabe? Ui.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio