26 fevereiro 2009

Show de Luzman

Sou um pouco atrapalhada na cozinha. Essa é uma fama que não corresponde 100% aos fatos, mas qual fama corresponde, neh? O fato é que é uma fama que eu alimento com algumas histórias, até para ver minha mãe rir. É bom fazer rir quem a gente gosta. 
Como na vez que eu fui lavar as folhas de alface pra uma salada (viu só a fama q eu tenho? Na hora de ajudar na cozinha, só me passam essa função...). Eu queria lavar tão bem as folhas que coloquei água quente, bem quente, nelas. Pra matar os bichinhos (que bichinhos neh? ah sei lah, os invisíveis). Quando vi as folhas murchando, me deu um desespero... 
Mas eu salvei algumas. Ninguém sentiu falta. As pessoas não comem alface, neh? É só pra decorar mesmo...
E, morando sozinha, já fiz cada uma também... Ainda bem que não tem câmeras na minha cozinha... Na minha casa... Quer dizer, eu acho que não tem... Aiii. Tipo Show de Truman. Adorei aquele filme, o único em que consegui aturar o chato do Jim Carrey. Será que as pessoas estão me assistindo? Já pensou? Show de Luzman. 
Como a cozinha é pequena, eu acabo fazendo ao mesmo tempo coisas de departamentos diferentes. Tipo... passar café e lavar a roupa. Um dia deu merda abrir o saco de sabão em pó perto do coador que passava o café. 
E teve aquela vez também que... bom, chega, esse post não vai acabar nunca.
Eu quero contar é que ontem eu e minha irmã compramos juntas os ingredientes para uma cheesecake, torta que adoro, pra fazermos lá na casa da mãe. Ela me passou a receita, e parte dela é parecida com um quiche que eu faço. Só que essa referência não adiantou de nada. 
Esqueci de assar a massa, que é base da torta. É que na hora de copiar a receita, pulei uma linha. Viu? Não dá pra pular linha em receita que nem a gente faz com texto chato, não dá.
(tu pulou alguma linha até aqui? aiiiiii. Pula essa, então.)
Daí que uma hora depois me dei conta do erro (minha irmã foi reler a receita, na verdade...) e eu quis salvar o negócio (bem q eu achei estranho ler "massa depois de esfriar"... mas esfriar o q?). Tirei o recheio (ou parte dele), tentei assar a massa mesmo assim, começou um cheiro de queimado, a minha irmã dizia "tira isso daí", eu meio desiludida, a minha mãe começou a chorar... hahaha, tah, não foi pela torta, deixa pra lá, só contei porque queria tentar montar a cena. Eu devia era ter montado a torta direito em vez da cena, neh?! Mas se fosse pra ser direito, ela não seria torta.
(aiiii)
É cheesecake, Loraine! Tah.
Aí, eu voltei pra casa e soube hoje que minha irmã montou a cheesecake depois que esfriou a massa. E olhem só: ficou ótimo. Minha mãe acha que eu devo errar sempre a receita agora.
Anota aí: cheesecake. Eu sei fazer. Quer dizer, não sei. Mas fica bom.


23 fevereiro 2009

Pinos de madeira

Eu estava no Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, certa vez, fazendo uma matéria, e o cara lá me falava das atrações do lugar e tal. Daqui a pouco, ele me mostrou dois pinos de madeira, grandes, presos à parede num suporte, suspensos do chão, mas acomodados numa base. 
Então, me pediu para agarrar um deles e levantar. Eu fiz. Era pesado. Madeira maciça? Ele sorriu. Agora, faz o mesmo com o outro, pediu. Eu fiz. E o levantei muito mais alto, mais rápido e descontroladamente, a ponto de ter de frear o movimento do braço. O segundo era mais leve do que o primeiro. Bem mais leve. Por isso, o descompasso.
Sim, isso acontece direto... Você lembrou, por exemplo, da garrafa que vc acha que está cheia, mas está vazia. A garrafa que vc quer pegar e aplica a força que acredita precisar para isso baseado na idéia que sua cabeça tem como referência (momentânea ou definitiva).

Foi uma experiência simples para um museu como o da PUCRS. Mas eu lembro dela, e não das outras que ele mostrou. Eu fiquei pensando nela porque era uma boa representação de comportamento, de condicionamento para outras esferas da vida. A gente tende a reagir sempre baseado em nossas referências, não apenas na hora de pegar a garrafa na mesa ou na PUC, levantando o segundo pino de madeira. 
Só que... quem disse que o que se apresenta agora na sua frente é realmente igual ao que vc já viveu a respeito daquilo? Pode parecer. Pode até ser. Mas pode não ser. 

Eu não sei vc, mas quando eu levantei o segundo pino e o movimento foi exagerado, fiquei constrangida. Depois, me diverti. Em seguida, dei graças a deus que era só um pino de madeira. E, por fim, acho que desde então fiquei com essa pulga atrás da orelha. Tudo rapidinho assim. Constrangimento + diversão + alívio + alerta amarelo. Alerta amarelo no sentido de evitar estragos no presente/no agora ao reagir (fazer escolhas?) baseada no que já foi/é passado.
Eu não sei se isso é 100% possível. Talvez os robôs consigam. 
...
Os ETs, então?

*

Outra associação possível com a experiência dos pinos tem a ver com treinamento. Me ocorreu agora essa. O segundo pino teria a ver com a semana do polimento. Mais ou menos por aí. Tô com preguiça de explicar. 
Prefiro os post sobre sutilezas. Esse do treinamento não seria sutil. Ou, como queira: prefiro os post-drama hehehe. ;)

Pô, Loraine, mas talvez a idéia de polimento seja justamente a chave para o post acima!!! Talvez coloque luz sobre aquele raciocínio aliiiii.
Hm, é, talvez. Talvez. 

18 fevereiro 2009

Um carnaval de post

Aqueles nomes compriiiiiidos de enredo de escola de samba parecem com títulos de monografia, neh? Ao menos as monografias dos cursos de comunicação. São bem parecidos: compriiiiidos, pra se fazer entender, o que não vai adiantar muito, juntando alhos e bugalhos, com resultado meio sem-noção, porque a gente se pergunta no final "tá e daí?".

E o Francisco José, hein? Vai fazer sua quinquagésima terceira matéria sobre os bonecos de Olinda. Tô com uma pena dele...

Esse não é um post para criticar Carnaval... acho mesmo que deve ser uma coisa meio lôca atravessar a Sapucaí, tipo experimentar uma outra dimensão, e isso é legal. Esse post é mais sobre jornalismo. 

Uma vez analisávamos as revistas femininas ao longo das décadas, e no grupo todo mundo se espantava, porque os temas eram mais ou menos os mesmos, apesar dos anos: a roupa certa pra usar não sei onde, dicas para enlouquecer seu marido/namorado, perca até 200 quilos em uma semana. Eu fiquei pensando o seguinte: não foram as revistas que não mudaram, foram as mulheres. 

Esse post não é sobre jornalismo, então...
É sobre o quê?



17 fevereiro 2009

Olho de coelho

Tem umas pessoas que são, tipo assim, muito o Lado Negro da Força, sabe? E isso não parece circunstancial. 
Tá certo que o Darth Vader é muito sedutor. Que aquela voz dele e a música que antecede cada entrada dele são o que há de melhor no filme.
Mas a gente sabe que, no fundo, o que todo mundo quer é paz. No fundo, o que importa é o olho no olho. Ou, o contrário disso: poder fechar o olho e confiar.
Darth Vader não tem olhos. O Luke Skywalker e o Mestre Yoda têm olhos bem expressivos. Acho bem simbólico isso.
Esses dias li, putz, onde li isso?, li que... putz, esqueci a frase exata, mas era mais ou menos isso: uma boa foto depende de você conseguir mostrar o olhar das pessoas.
Deve ser por isso que a gente implica tanto com foto que deixa todo mundo com olho de coelho, tudo vermelho.

14 fevereiro 2009

O não

No shopping, depois de um lanche, minha irmã explica a meu sobrinho (filho do meu irmão) por que ele não iria nos brinquedos aquele dia. 
Os dois sentados na minha frente. 
O argumento dela era bom. Eles não haviam combinado isso. Se tivessem combinado, ok, mas a idéia era ter ido até ali pra fazer um lanche e também consertar os óculos de nossa mãe, avó dele, em uma ótica. Só isso. Então, ele até podia sugerir os brinquedos, mas teria de aceitar o não. 
Ele tem cinco anos e não aceitou facilmente.
Mas o que me chamou a atenção é que, em questão de segundos, aquele não fez os olhinhos dele se encherem d`'agua. Se inundaram de tanta dor, parecia ter tanto sofrimento ali, que eu podia imaginar o peito dele se espremendo de tristeza. 
Aí eu me dei conta do óbvio, talvez. A partir de muito cedo, tipo cinco anos de idade, rsrsrs, a gente vai chorar sempre do mesmo jeito. Só muda o motivo. Talvez nem o motivo mude: se for reparar bem, bem no fundo, a gente frequentemente chora porque ouviu/sentiu um não.

E eu tb quis, por segundos, poder evitar que ele chorasse. Não exatamente aquela vez ali, a dos brinquedos. Mas nas outras que viriam em sua vida. Foi isso. Eu senti pena das vezes que ele ainda ia chorar e senti que dificilmente seríamos capazes de evitá-las, porque enfim faz parte. E ninguém morre por causa disso. Mas foi tudo muito rápido, tudo junto, e nem sei se expliquei direito aqui. 



08 fevereiro 2009

Big idea

Na hora de sair, 6 da manhã, empurrar o ônibus até fazer pegar. Nadar no meio da confusão (traduzindo: levando tapa e desviando de chutes), pedalar uma volta a mais e, apesar de praticamente não ter forçado o pé a semana inteira, correr com o "freio de mão puxado" por causa do dedo machucado.

Parece ruim, né? Mas não foi. 

Empurrar o ônibus, sim, mas "de galera" e dando risada. Na verdade, eu só entrei na parte da risada. Os homens é que empurraram (nem todos, apenas o suficiente para ocupar toda a área traseira do veículo). Inacreditááável. Mas há fotos! 
Fazer a minha melhor natação de água aberta até agora - eu fui pro meio da confusão! Superar o desânimo pelo erro na bike (puuuuuuuuuuuu... queopariu) e correr logo, só para poder mergulhar na água de novo e soltar. Dever cumprido! Depois, voltar pra casa no ônibus dando risada. Alguns colegas da equipe resolveram eles mesmos criar os diálogos do DVD que rolava. Tecla SAP improvisada, sabe? O filme era "O Escocês Voador" (um ciclista aí que passa o filme todo vestido de Capitão América, mas tudo bem...). Na "dublagem", os personagens eram os amigos triatletas... Mas um deles vai contar essa história (e outras) aqui.

Como diria aquela propaganda do Mastercard, tudo isso não tem preço.

Uma vez assisti à palestra da americana que participou dessa campanha de marketing (que, de tão certeira, virou jargão). Ela contou como a coisa foi criada, mostrou propagandas de outros países na mesma linha (muuuuito bacanas!) e exibiu números do sucesso todo. Segundo ela, quando criaram nos EUA a fase de campanha pela qual as pessoas poderiam sugerir suas histórias para virarem o comercial, em dois meses, cerca de 100 mil americanos registraram situações pessoais. Isso só no site.
Deu para entender 3 coisas sobre o sucesso da campanha, considerada a "big idea" no meio da publicidade e da propaganda. 
1) onde tem emoção, sentimento genuíno, dá certo. A emoção, o sentimento genuíno estão em nós mesmos, em cada um de nós. Só precisa ter coragem para vasculhar lá dentro e mostrar/compartilhar (com algum critério, evidentemente. Ou não). Na primeira fase, isso era feito apenas pelos publicitários, que buscaram referências próprias para criar as propagandas.
2) as pessoas em geral acreditam que o que vivem e sentem é relevante. Confiaram ainda mais nisso quando assistiram às primeiras propagandas. Então, elas se jogaram quando viram o convite de participação da Mastercard. 
3) e não é que acontece de as pessoas essas terem razão?

Certo que viajar pra competir com o pessoal rende umas histórias Mastercard. Será que mandamos pra lá?
É certo que precisa ser melhor escrita do que este post.
heheh
Muito sol na cabeça dá nisso. 

06 fevereiro 2009

No Norte

Na Amazônia, em determinada época, tem competição pra ver quem sobe mais rápido na palmeira que dá o açaí, o açaizeiro. Os "competidores" sobem com a ajuda da peconha, um trançado de folha amarrado aos pés/calcanhares. Assim que o açaí é colhido.

A maniuara faz parte da alimentação dos índios Baniwa que vivem na região amazônica. Maniuara é uma formiga enorme e vermelha. E são as mulheres da tribo que as caçam. Elas - as mulheres - saem juntas em busca dos formigueiros, morrinhos altos de terra. Aí põem fumaça lá dentro, pra deixar as formigas zonzinhas. Então fincam o galho de uma planta específica, e elas se grudam naquilo por causa do cheiro. É assim que acabam na panela, pra comer com tapioca.

Sou fã do ABC da Amazônia, um programete curtinho, iniciativa da Globo, com patrocínio da Natura e do Bradesco, que aparece no meio das propagandas.
Fã mesmo. A dos índios são minhas histórias preferidas. 
Penso o seguinte cada vez que vejo um programete: o mundo é bacana, hein? E esse mundo aí é no Brasil!

O Fórum Social já foi por lá. E claro: a região amazônica vai levar uma, ou mais de uma, sede da Copa do Mundo. 

Aqui tem os vídeos do ABC da Amazônia.


04 fevereiro 2009

Incenso

Fiz essa entrevista para um frila, mas já vi que o editor (ah, os editores... nunca entendem os repórteres) decepou boa parte do bate-papo. E eu tinha achado tão divertida a conversa... Então, aí vai inteira (só faltou a fotinha).

Que momento hein, Loraine?! Entrevistando o vendedor de incenso da Cidade Baixa! Iurruuu.


Da Cidade Baixa para o Moinhos de Vento

(o q você quer saber sobre o peruano-chileno-argentino vendedor de incenso e nunca teve chance de ler)


Uma ação divertida e cheia de votos de energia para 2009 da Dez Propaganda acabou por contribuir para o clima mix-total pretendido pela organização da Semana ARP da Comunicação 2008. Por alguns dias, quem participou dos painéis encontrou pelo Moinhos de Vento um personagem bastante conhecido em Porto Alegre por conta de seu trabalho no bairro Cidade Baixa. José Eduardo Martinez, 52 anos, vende incensos de bar em bar há 19 anos. Saiu de Lima (Peru) há 25 anos e, antes de se fixar por aqui, passou pelo Chile e pela Argentina. Abaixo, ele conta como foi a experiência.


Por que distribuir incensos durante a Semana da Propaganda?

"A Dez me procurou para fazer uma ação. Eles queriam fazer propaganda deles e também animar a Semana, ter uma mensagem que desejasse um 2009 dez. Em cada incenso, tem um aroma, uma cor. Queriam distribuir energia. Mas disseram pra eu ser eu mesmo, não tinha nenhum texto especial."


Você trabalha com incenso há 19 anos. Desde o início teve essa conotação energética, de você parar, olhar pra pessoa e dizer do que ela precisa?

"Não... Foi depois, aos poucos. No início, vendia pelo aroma somente. Sou kardecista há cinco anos. Não sou sensitivo. Sou intuitivo, desde criança. Fui lendo, estudando. Percebo coisas pelo olhar."


E como foi trocar a Cidade Baixa pelo Moinhos de Vento durante algumas noites durante a Semana da ARP?

"Foi gostoso. Encontrei várias pessoas que já me conheciam, e é uma zona da cidade linda. Aprendi muitas coisas. O que fiz foi uma ação. Em publicidade, chama ação."


Você faz ação toda noite há um tempão!

" (risos) É verdade! Tem vezes que chego esgotado. Suga muito a energia. Tem de tomar banho de sal grosso (risos). Mas é assim: as pessoas amigas param para falar, abrir o coração. Desgasta bastante."


Essa forma de abordar as pessoas, você desenvolveu aos poucos...

"Mas tem vezes que saio à noite e não sei por onde começar. Se encontro muita gente negativa, travo, fico bloqueado e não sai nada. Preciso achar um lugar legal, uma energia boa para me sentir bem e então começar."


Alguém já recebeu mal você? 

"Sim. Tem um bar, conhecido até, ao qual eu não vou mais. As pessoas me trataram mal e eu sou de responder. Então, pra não incomodar, eu não vou mais."


Quantos incensos você vende?

"Uma média de 3 mil palitos por semana."


Quantos distribuiu na Semana da ARP para a Dez Propaganda?

"Uns mil palitos em três dias."

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio