20 dezembro 2009

Numerologia

Por q diabos confundo o 4 com o 7 e o 7 com o 4? Tenho um amigo que jura que isso tem a ver com o grafismo dos dois números. Que o meu cérebro sei lá o que... Hein?! Onde o 4 e o 7 se parecem? Ele jura que enxerga uma similaridade. Doido.
Minha explicação é outra. Muito melhor. Muito mais doida. Muito mais minha. Tomara que vc não entenda, porque o objetivo é bem esse.

Me dei conta de que por muito tempo fui 4 na vida. À primeira vista, ainda hoje, você olha e diz: uma pessoa 4, essa Loraine. Mas a ânsia pelo 7 sempre existiu. Nas entranhas, eu sou 7. E quem, por curiosidade, amizade ou amor, presta atenção em mim reconhece esse 7 latejante.
Hoje já consigo ser às vezes 4, às vezes 7 com alguma naturalidade. Acho que nunca vou deixar de ser 4, por isso estou aprendendo a conviver com ele.
Mas o 4 já entendeu que, ainda que lhe seja grata por muitas coisas, é o 7 que quero ser. Mas me comprometi a não abandoná-lo por completo. Manteremos uma saudável convivência, enquanto o 7 cresce e amadurece em mim. E, nos momentos em que essa confusão de 4 e 7 virar tudo de pernas para o ar, eu vou descansar sendo 9. Adoro o número 9. Ele me conforta, me acalma, é onde recarrego as baterias.

4 7 9

03 dezembro 2009

Entre a palavra e o coração

Tem acontecido uma coisa estranha comigo na hora de escrever com caneta. UMA coisa não. TUDO é estranho: o modo como pego a caneta, a mão encostada no papel, a dificuldade da caligrafia e, fundamentalmente, a lentidão dos dedos, do gesto.
Tudo culpa do computador, do teclado. Escrever com a mão virou uma ação desconfortável, que exige empenho para um resultado minimamente legível. Mas o que incomoda mesmo é a lentidão. De tal forma que erro as palavras. Como minha mente está agora adaptada à rapidez da digitação do teclado, acontece de eu pular sílabas. Enquanto o indicador e o polegar desenham o "sí" no papel, minha mente já está no "bas", então, quando eles acabam o sí, recebem logo o "bas", porque o "la" já foi não sei pra onde. Então, por exemplo, sílabas vira síbas.
Teríamos todos de evoluir nossa motricidade fina a fim de voltar a escrever no papel em ritmo ajustado ao da mente? Ou tentar o papel é segurar a velocidade da mente e retroceder nossa evolução? Não sei. O fato é que acho meus dedos lentos com a caneta e o papel. E tenho certeza de que não é só eu.
Lembro da primeira vez que segurei um mouse e da dificuldade que tive para ajustar meus movimentos ao nível de sensibilidade desse instrumentinho. Acertar o cursor no ponto exato do que eu queria na tela não foi uma coisa fácil, natural. Foi uma coisa aprendida. Que gozado, neh? Agora, nem mouse uso.
Similar a essa estranha sensação de que escrever à mão virou algo superado, é a impressão de que também não lemos mais do mesmo jeito. Outra vez culpa do computador. Das múltiplas janelas, do hipertexto, do alt+tab. Experimenta: teu olho mudou. Está livre. Abre uma revista, um jornal... Abriu? Testa.
Teu olho salta daqui pra lá, de lá pra cá. Tu lê o último parágrafo do texto, vai pro primeiro, volta pro do meio e... (surpresa!).. entendeu o texto! Não lemos, ou não precisamos mais ler, nem na ordem, nem da esquerda para a direita. Aliás, se tentarmos isso, se instala uma curiosa sensação de aprisionamento, de que estamos "perdendo" algo naquela página mesmo.
Isso vem mudando a diagramação/layout de publicações há algum tempo. Mas está fazendo mais. Está promovendo uma pequena revolução no modo de escrever, na estrutura do texto ou daquilo que queremos comunicar - que deverá ter alguma lógica dentro ou próxima do seguinte: a parte deve conter o todo. Qualquer parte é início, meio e fim de uma mensagem.
Leituras altamente dinâmicas. Consumo de informação de uma forma absurdamente rápida, mas - olha que gozado - com mais economia. Estamos econômicos na absorção das coisas. Qualquer semelhança com o twitter e seu estrondoso sucesso talvez não seja mera coincidência.
Que gozado. Impressões minhas, neh... a ver, a ver...
Para onde vamos?

... e aí que na Rolling Stone de novembro, lá na última frase de uma materinha pequena, o Marcelo Camelo falou o seguinte sobre a Mallu Magalhães (em relação ao impacto que ela teve sobre a carreira dele):
"Foi a naturalidade dela. Nem todo mundo acha o caminho entre a palavra e o coração".
Bonito, neh? Valeu a compra da revista.
Se eu quero ser Mallu? Ser capaz de achar o tal caminho? Ah, quero sim. É um desafio que me interessa, a despeito da sozinhez ou da solidão dessa aventura. Mas, pensando bem, acho que quero ser Marcelo. Pelo grau de percepcão. Ter olhos, ouvidos e pele pra perceber isso. E confiar no que sacou.

Sabe a diferença entre a sozinhez e a solidão?
Winnicott que fala sobre isso, me disseram. Mas acho que todo mundo sabe isso, não precisa de uma fonte oficial e respeitada como o sr Winnicott. É orgânico. Tudo que é orgânico é uma verdade que reconhecemos, e não é "descoberta", como que de surpresa.
A verdade que vc vai reconhecer como tal é a seguinte:
Solidão é quando estamos nos sentindo irremediavelmente sós mesmo quando acompanhados. E a sozinhez é quando nos sentimos confortavelmente acompanhados mesmo quando estamos sós. Quando estamos a sós conosco e nós somos a nossa companhia e podemos ser uma boa companhia, isso é sozinhez. É o lado bom de estar sozinho, ao passo que a solidão é o lado ruim, mas que pode ser experimentada mesmo quando se está acompanhado de outras pessoas.

Daqui a pouco vem um texto inteiro, com mais sentido. Eu acho. Puxei a cordinha e desci do trem de novo. Pra organizar a mochila. Esticar as pernas. Pegar um sol.
Em seguida, te ligo e vou pular o "alô, tudo bem?". Vou direto no: "para onde vamos?". Tah?

Falando em Mallu, Shine Yellow é bonitinha. Ouvi por acaso aqui, ó.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio