01 novembro 2010

Roubos (4)

Já que tah demorado desapegar dos textos que surgem na minha cabeça... não, não é isso. De novo: já que tah difícil ter certeza dos textos que surgem na minha cabeça, só me restam os roubos. Me distraio com eles. Tem sido vários, os roubos. Esses aqui saíram de leituras rapidinhas na internet, em diferentes pequenos textos.

* * *

"... as duas belas e simpáticas professoras, já de cara me deixaram mais tranquila. Elas não pareciam pairar no ar ou deslizar sobre a Terra. Não eram caretas ou sérias demais, pelo contrário, eram engraçadas e até faziam piadas com a própria meditação. Só tinha uma coisa nelas que era bem evidente e inquestionável: elas eram felizes. Sim, mas não era a felicidade da propaganda de margarina. Era uma felicidade tranquila, que não era exibida, apenas acontecia. Como uma estação de rádio, a felicidade delas era uma frequência.

"Eu não estava feliz porque comprei uma roupa incrível ou arranjei um trabalho muito legal. Não tinha nada a ver com meu namorado, com meus amigos ou com minha família. Era como se me encontrasse estofada de algo tão sutil quanto grandioso. De repente o mundo, mesmo com toda sua feiura, simbolicamente adquiriu luz em seus contornos."

* * *

“Você pode passar a noite toda a setenta ou a dois centímetros de distância. Você pode colocar sua língua dentro da boca dela. Você pode tirar a roupa ou não tirar nada. Pode fazer sexo anal ou apenas massageá-la. O que importa é que você se relaciona com ela."

"Se colocar fronteiras entre olhar, conversar, tocar, beijar e transar, vai ter de ultrapassá-las uma a uma, de modo previsível. Se não enxergar fronteiras, nem ela nem você vai entender como foram parar nessa posição exótica no chão da sala.”


"É possível até – e sabemos bem disso – existir penetração sem que a mulher se sinta desejada. É possível que ela se sinta mais penetrada por um olhar de um estranho do que pelo membro de seu namorado. Onde exatamente começa a penetração, o desejo, o prazer, o sexo?"



Por que roubar? Explico aqui.

11 outubro 2010

oi?

Portinha da boa vontade? Na cabeça? Acho que não é lá não...
"basculantes da percepção"???? oi?
"engrenagem da criatividade"???
fui eu que escrevi o texto abaixo?
cruzes...
show de horror.
tomara que o meu amigo tenha mesmo uma portinha da boa vontade (comigo). :P

17 setembro 2010

Portinha da boa vontade

E vem aí mais uma Grafia, e o tema desta edição é terror. Daí que me dei conta de que nunca escrevi aqui no bLOg sobre terror.
Porque tem texto daqui que vai pra Grafia, e dessa vez tem de ir mais um. Gostaria que sim. Só que... acabei de dizer... nunca escrevi sobre terror. Não gosto de filme de terror, tenho medo. A coisa toda me lembrou uma amiga que não vejo há muito tempo: ela ri de gargalhar quando assiste a filmes de terror. A invejo terrivelmente. Mas não... o comportamento de minha amiga não me rendeu um texto...
Aí o meu amigo que faz a Grafia disse que medo faz parte, a questão é sentir prazer no medo. Bom, então não sinto prazer no medo. Vai um abraço pra quem sente.
Mas sinto prazer em ver texto meu na Grafia, porque a Grafia é bonitona. Então... vamos tentar, eu disse. Ou seja, abri a portinha da boa vontade.

(conhece a portinha da boa vontade? ela fica na cabeça, mas seu efeito se espalha pelo corpo, deixa tudo mais alerta, no sentido de sensível a. Abre a porta lá e escancara as basculantes da percepção aqui e acolá, como se deixasse entrar luz, aquecendo nosso motorzinho íntimo que põe a funcionar a engrenagem da criatividade, aquela que soluciona as coisas.)

Deixei a portinha aberta e saí por aí. Pendurei a pendência no meu varal mental e deixei o vento sacudir, tipo aquelas bandeirinhas de templo budista, sabe? Daí que no mesmo dia em que deixei a portinha aberta, logo mais à noite, testemunhei as duas primeiras situações descritas abaixo, e entendi que tinha uma ideia de texto: listar horrores cotidianos... A lista não tem nenhum critério, alguns itens são bem questionáveis, outros oscilam numa, digamos, escala de horror.
Mas terror é o mesmo que horror? Terror é a coisa, horror é a sensação fruto da coisa. Não? Ah, sei lá... não complica aí, srGrafia. Ou vai ficar sem texto. E eu sem prazer.

TEXTO

Show de horror

> Tentar atravessar de carro alguma das vias centrais da cidade, em dia de jogo do Grêmio ou do Inter, às sete da noite - no rádio, não tem nem música, porque é hora da Voz do Brasil.

> Assistir a uma briga de trânsito bem de perto.

> Pisar no coco.

> Ver quem vc queria pra junto de si escolher outra pessoa.

> Programa eleitoral gratuito.

> Tentar fazer qualquer coisa com os olhos estando com dor de cabeça.

> O BIG ou o Carrefour no sábado à tarde, na véspera de Natal.

> Geladeira vazia.

> Fossa de amigo.

> A tua fossa.

> Ressaca etílica com efeitos gastrointestinais.

> Cofrinhos de fora.

> Retorno da praia, estrada engarrafada, sol na cara, carro sem ar, 40 graus.

> Pedalar contra o vento.

> série A4 de natação.

> Homens/mulheres que dizem "sabe quem eu tô pegando?"

> Acampamento farroupilha com chuvarada.

> Ligação de telemarketing.

> Tentar resolver algum problema com a Net.

> Pelego (a coisa e a pessoa).

> editorial de jornal de esquerda.

> editorial de jornal de direita.

> gente que ainda vê o mundo dividido.

> Carnaval de clube. No litoral. Gaúcho.

> Programação de TV aberta no domingo à tarde.

> Sotaques em novelas.

> RT de elogio, no twitter.

> Vídeo que não carrega.

> Conexão lenta.

> Mau hálito.

> Limpador de para-brisa que não dá vencimento.

> Separar sujeito e verbo com vírgula.

> gente que não contente em usar um ! usa 3, 4... !!!!!

> Correr de bermudão.

> Sanitário ecológico em fim de show.

> Derramamento de óleo no mar.

> Baleias encalhadas morrendo.

> Listas em geral.


***

Voltando à portinha da boa vontade.
Se ela estiver aberta, dificilmente as coisas descritas aqui (ou tantas outras, vc não pensou em algumas?), embora terríveis, nos causam tanto horror assim... Dá até pra gargalhar, como faz minha amiga. Mas em alguns casos, tem de escancarar bem essa porta da boa vontade, tah? Esgamela o negócio aeeeee.

14 setembro 2010

Salário máximo

Trechos da entrevista com Carlos Ribeiro, ex-presidente da HP Brasil, na TRIP 192.

"Já estava há oito anos na presidência e percebia que não estava mais no máximo do meu pique de criatividade."

" Minha ideia inicial era me aposentar em 2009, 2010. Mas a morte do meu pai, em agosto de 2005, fez com que eu antecipasse isso. Eu estava no velório dele e me deu um estalo. Pensei: “O que eu estou esperando?"

"É claro que abri mão de muitas coisas, né? Mas também me livrei de um monte de coisas chatas. Claro que eu poderia estar ganhando muito mais do que agora, com a aposentadoria e o fundo de pensão. A gente tem que viver de reservas. Mas felizmente conseguimos poupar o suficiente para montar essa estrutura e levar a vida que a gente quer."

"A gente sempre procurou separar bem isso: o que eu era de verdade e o papel que eu tinha de interpretar, ou seja, o de um presidente de uma grande empresa pelo qual eu era remunerado. Eu participava desses eventos com empresários. Mas aquilo não era o meu natural. Até porque sou mais introvertido. Nesses eventos há um certo artificialismo. Sempre soube que aquilo um dia ia acabar."


Deu para entender mais ou menos, neh? Ele largou um supercargo para viver de forma mais simples no campo e tal.
É claro que tomar essa decisão parece mais fácil quando temos uma grana considerável de reserva/economia. Caso dele. Mas quem ler a entrevista na íntegra vai ver que ele só tomou essa decisão efetivamente depois de levar umas porradas emocionais.
Pensei duas coisas ao ler essa entrevista:
1) É muito difícil saber a hora de mudar, de parar, de baixar a rotação sem essas porradas. Precisamos de um nível tal de sintonia com a vida que... nossa. Coisa de monge.
2) Lembrei também que devíamos todos saber a hora de parar de ganhar dinheiro. Não vejo as pessoas refletirem sobre isso. Seu teto, sabe? Uma vez conversava com um amigo sobre isso, na volta da praia, pela freeway (ele costumava me ler aqui, será que continua? tu taí? lembra disso?). Falávamos sobre isso: qual teu teto salarial? Eu falava, na verdade. Com quanto tu acha que poderia viver tranquilamente?
Não vejo as pessoas pensarem nesse valor. Vejo pessoas querendo ganhar mais e criando novas necessidades para justificar esses mais.
Sei que as coisas são relativas, e que o que importa mesmo é a intenção das coisas; então uma mesma coisa pode ser prejudicial ou saudável dependendo da intenção da pessoa, mas eu realmente acho que conhecer nosso salário máximo é tão importante quanto garantir um salário mínimo decente pra todos.

26 julho 2010

título? ainda não sei

prontidão.
presença.
boa vontade.
coragem.

(ou assim)

prontidão. presença. boa vontade. coragem.

(ou assim)

coragem.
prontidão.
presença.
boa vontade.

(ou...)

boa vontade e coragem. (ou) coragem e boa vontade
prontidão e presença. (ou) presença e prontidão.

(ou...)

prontidão = presença? ou seria = à coragem?
boa vontade (para ter...) prontidão e/ou presença?

(não consigo ter certeza. Da ordem. Do que origina o quê. O que é causa do quê. O que é efeito do quê. O que é prêmio/recompensa do quê. Se todos se equivalem ou se são progressivos, como degraus de uma escada. No topo da escada? Uma atitude. Um gesto. Uma ação. É claro que realizamos centenas de milhares de ações sem nenhuma dessas prerrogativas... o ponto é esse. Quando uma ação/atitude tem valor?)

post em aberto... talvez eu volte aqui mais tarde...
não consigo terminar. Acho que foi o vinho.

23 junho 2010

Roubos (3)

"Tudo o que fiz nestes últimos anos (nestes últimos anos apenas? Não é desde sempre?) me interessou, mas não era nunca o que me interessava mais. (...) Esta cegueira de mim mesmo, de meu "ser profundo", foi alimentada, ampliada, pela dispersão nas coisas secundárias. (...) A ideia do número um - do essencial - hoje me parece um pouco falsa. Há um essencial do qual, digamos, há vinte anos eu fugi? A verdade é que me deixei levar demais por coisas secundárias; eu me vi na teia de relações semiprofissionais, semi-amigáveis; dispersei-me. (...) O que significa meu desejo de tornar-me "profundo'? (...) Pois é, eu queria ser ao mesmo tempo o monge meditativo em sua cela e o grande viajante intercontinental, o revolucionário chama-ardente-do-futuro e o eremita contemplativo do eterno, o asceta e o luxurioso."

roubado do livro "X da Questão", de Edgar Morin. Por que "roubar"? Aqui.

Edgar Morin... euhein?! Pois é... leituras pretensiosas... menos, menos.
Eu gosto mesmo é de ler horóscopo.

19 junho 2010

Cutuco x modus operandi

A bonita capa da ZH de hoje me lembrou algumas coisas, entre elas, o fato de eu gostar das edições de sábado dos jornais.
Talvez porque grande parte dos jornais reserve o sábado para os cadernos de Cultura. Mas isso poderia parecer pretensioso de minha parte. Adoro viajar na maionese com os cadernos de cultura dos jornais, mas é verdade que há muito tempo não os leio. Suspeito, inclusive, que eles nem sejam mais esses passaportes para viagens na maionese.
Talvez eu goste das edições de sábado porque as manhãs de sábado são preguiçosas, quando o tempo passa diferente, e assim ler não precisa ser rápido. Mas as de domingo também o são, e não gosto tanto dos jornais de domingo como gosto dos jornais de sábado. E eu nem poderia dizer que os jornais de sábado são edições melhores, porque não são. Sei bem como são feitas na sexta-feira. A toque de caixa, apenas para constar, preocupados que estão todos com as matérias especiais do jornal de domingo - que, aliás, começa a circular na cidade nas tardes de sábado, outro fator que denota a (nenhuma) importância que as pessoas dão para as edições de sábado, com um tempo de vida tão curto.

Talvez eu tenha lembrado que eu gosto dos jornais de sábado porque hoje chove muito em Porto Alegre, e há um prazer muito próprio em ler um jornal com a chuva lá fora e uma caneca de café aqui dentro. Enfim.

Então... a edição de sábado está fadada ao esquecimento não fossem os fatos. E não foram poucas as vezes que eles teimaram em acontecer para revirar a rotinas das redações nas sextas-feiras. Como ontem, na morte do Saramago. E aí temos essa bonita capa de ZH.
E isso me fez lembrar como o jornalismo pode ser desconsertante do ponto de vista humano: é justamente na perda, na dor, no fato que ninguém desejaria que acontecesse, é justamente aí que ele se valoriza, se renova, se faz necessário (ou se acha que se faz necessário...). Quer belas capas de jornais? Pense numa tragédia.
Desconfortável, não?

Eu ainda acho que os critérios que definem o que é apenas um fato e o que é um fato e também uma notícia deveriam ser repensados. Tenho uma vaga lembrança de um xerox lido durante o curso de jornalismo, cujo texto abordava os critérios para definir o que é notícia. Não consigo lembrar de todos - putz! - mas morte estava lá. Minha vaga lembrança permite, ainda, dizer que se tratava de um texto já velho para a época. Tipo início do século 20.
Para mim, é incrível que os jornais, a grosso modo, continuem a noticiar se valendo de critérios tão antigos. E não sei se é consciente. Parece que apenas não se mexe nessa "instituição" - quando todo o resto da vida já questionou e continua a questionar todas as "verdades".
Por que uma boa notícia, algo que nos faça sorrir, que nos inspire, tem peso menor nas páginas de jornais (e no interesse dos leitores)? Não sei. Eu até acho que um jornal se diferencia de outro quando justamente define o que vai ser notícia na sua edição do dia seguinte usando a intuição: um pé aqui, na "instituição", e outro lá, na vida invisível-mutante. Sensibilidade. Mas há espaço - e tempo - para sensibilidades no jornalismo diário? (talvez nas edições de sábado... rsrsr)

Mas o que eu queria dizer - coisa que a capa de hoje, com Saramago, me lembrou - é que posso imaginar a vibe que (no mínimo) por instantes a redação experimentou ontem, sexta, ao saber da morte do escritor. Planejamentos caíram, outros precisaram ser feitos. Mudanças de rumos, e rapidamente.
E isso é jornalismo: vibrar com os fatos. E é desconsertante porque, daqui a pouco, tu, jornalista, sem perceber, está vibrando na redação, eufórico, por causa de uma tragédia. Vi isso, e acho que senti isso, várias vezes, até me dar conta de que eu estava quase feliz (?) diante a possibilidade de um grande texto, diante uma grande foto, diante uma grande página, uma grande capa e uma grande edição baseadas... numa tragédia, na dor, numa morte, numa perda...
Claro, não se trata exatamente do fato que envolveu Saramago, um senhor que já tinha lá uma considerável idade... E morte, como bem sugeriu ele em seus livros, faz parte (ou não, como em Intermitências da Morte, um livro que achei tão chato que não acabei).
Mas é que lembrei do que pensei quando acompanhava a cobertura jornalística dos desabamentos no Rio ou do terremoto do Haiti. Os jornais tiveram assunto até não poder mais, o que alivia muito os pauteiros (quando um fato se impõe, vc não precisa inventar pauta. Quer dizer, se vc conseguir surpreender nessa hora, bem, vc é diferenciado, porque a rigor não precisa se "puxar"; os fatos garantem as edições).
Especialmente na tragédia do morro do Bumba, fiquei pensando na caravana de repórteres que para lá se deslocava todos os dias. TODOS os telejornais da Globo, só para citar UMA emissora, colocavam gente lá. Chegou uma hora em que ficou claro que o número de jornalistas era maior do que as notícias, e as informações se repetiam, e a tragédia era espremida até não poder mais. Então, eu pensei: nenhum jornalista sentiu vontade de AJUDAR aquelas pessoas, ao invés de ficar repetindo pruma câmera mais do mesmo? Será que nenhuma emissora, nenhuma redação repensou seu papel naquele momento?

Eu penso isso porque tenho certeza de que o jornalismo moderno ("imparcial", das megas corporações) provoca um (d)efeito colateral bastante questionável ao profissional que atua nele: o modus operandi de eterno espectador, de alguém que sempre se coloca à parte do fato, para poder contá-lo/registrá-lo, sem se envolver, a salvo dos erros, das dificuldades, das dores de quem VIVE os fatos e está efetivamente dentro deles.
Haverá um momento que essa capacidade humana fará falta à vida dele. A vida íntima dele mesmo, longe das redações. A menos que ele não se importe de confundir/mimetizar para sempre sua vida com o papel construído nas redações/na profissão, que o protege da (sua) vida real.

Agora na Copa do Mundo, outro exemplo. Mesma sensação: jornalistas batendo cabeça, de tantos que são num evento que não gera tantos fatos assim - mas será que não gera? Ou é de novo o modus operandi?
E dá-lhe Dunga fechando treino, piorando tudo. Vuvuzelas, jabulani, cala a boca Galvão. Deu né? Qual o papel de um jornalista na Copa?
Você não fica com a sensação de que, por tudo o que foi mostrado até aqui, não precisava tanta gente lá? Textos-crônica, show de imagens.... precisava ter ido lá pra isso? E o pior é quando eles fazem da presença deles lá, ou da parafernália tecnológica disponível, a notícia em si. Oi? Jornalista entrevistando jornalista. Oi? E essa tendência de apresentar as coisas em tom coloquial, em primeira pessoa, como se fosse um blog ou um orkut? E essa tendência tadeu-schmidt de descrever partidas?
Acho que tem espaço para tudo, o problema é quando o "diferencial" vira regra. Daqui a pouco o diferente vai ser o formalismo. O jeito voz-do-brasil-de-ser vai virar cult.

E aí fiquei pensando também num fato que foi noticiado com questionável economia nessa Copa: a morte da neta do Mandela. Putaqueopariu. O cara é um personagem-símbolo do país que sedia a Copa, por quatro anos se espera por isso, e aí no dia da abertura do evento a neta do cara MORRE num acidente de carro na saída da festa, e isso é menos relevante do que as imagens do Black Eyed Peas no palco!??!?

Ó, não é o caso de, aqui, morte ser critério para um fato virar notícia. Só penso que... Assim, do contato que tive e tenho com o jornalismo, guardo essa impressão, na qual confio: há algum potencial de notícia, de BOA história que precisa ser conferido em todo fato ou aspecto de um fato que parece "fora do lugar", que causa estranhamento...
O que não pode é, eu, jornalista que noticiei a goleada da Argentina, fiz piada com as vuvuzelas, analisei a derrota da Alemanha etc, na hora do cafezinho com os colegas ou quando tô indo embora pra casa, descansar, ver brotar em mim esse pensamento: "e a neta do Mandela, hein?".
E digo mais: se algum leitor/espectador viu essa inquietação brotar em si, sem encontrar resposta, o jornalismo/a imprensa perdeu a chance de se revalorizar frente a essa audiência.

Enfim.
Se esse pensamento/sensação brota, ainda que de forma bem sutil, pode ter certeza de que algo ali merecia atenção.
Nem toda sensação como essa gera uma grande notícia, uma grande história, mas toda notícia que faz diferença, que tem relevância numa edição começa com um cutuco assim.

Mas eu sei: é difícil sair do modus operandi.

24 maio 2010

Historinhas

A 7 passos do abismo

1
Foi traição? Ah, não, que exagero. Ela nem sabia o que era isso, nem sabia que estava namorando, e o cara estava mais para desligado, "tanto-faz-como-tanto-fez" modo on, do que para namorado. Afinal, após alguns dias de namoro (mas era namoro?), ele partiu para férias em outro lugar, deixando ela pra trás. Foi então que surgiu o outro, e ela experimentou o beijo dele - mil vezes melhor do que o do deslig... ops, do "namorado". Então, o namorado voltou e, em vez de procurá-la com saudade, ficou na rede, porque o mar ele só gostava de olhar. De longe. Ela atravessou as dunas, chamou-o e acabou o namoro.
Era namoro?
Anos depois o reencontrou. Muito diferente. Fisicamente muito diferente. E ela não o reconheceu. Se deram oi quando as identidades foram descobertas. Ela continuou o que fazia, entre os amigos, um pouco impressionada com ela mesma, tão indiferente àquele passado ali, na sua frente, de carne e osso. Mais carne do que osso. A noite não acabou sem que ele levantasse a camisa e batesse na própria pança gorda, num gesto exageradamente de bem com sua vida para quem realmente pudesse estar de bem com sua vida.

2
O que aconteceria se ela conseguisse sustentar o olhar para aquele estranho no ônibus? Estava constrangida com a insistência dele, sabia que ele continuava olhando. Era noite, fazia frio e ele usava uma jaqueta de couro preta. Por muito tempo depois daquela volta para casa ela jurou sentir o cheiro daquele tecido em vários momentos.
Ele nem era bonito, mas parecia forte. Ou era a jaqueta? Ela decidiu segurar o olhar nele, sem sorrir, pra ver até onde conseguiria. Passou por ele para alcançar a porta e descer em sua parada. Sentiu o meio de sua barriga esquentar ao perceber que ele faria o mesmo. Desceu do ônibus e quis andar rápido, mas em seguida uma mão no seu braço a impediu de prosseguir. Sentiu medo. O que fazer agora? Ficou muda. Ele pediu para q ela não sentisse medo, que nada faria de mal. Perguntou o nome dela. Ela tentou se desvencilhar. Ele a soltou e insistiu no nome. Ela só disse que precisava ir. Virou-se, baixou a cabeça e marchou até em casa sem olhar pra trás. Não sabe dizer quando o medo passou.


3
Por meses ela teve certeza de que o queria. A ponto de invejar a esposa. Sim, ele era casado, mas deixava claro que o relacionamento não ía bem. Viam-se todos os dias, ela ansiava pelo encontro, pela presença, embora nunca tivessem passado de olhares e gestos de carinho comprometedores, escamoteados para que os outros não percebessem. De fato, ela nunca imaginou o beijo dele, pensava e queria mesmo era o abraço. Não era algo sexual da parte dela. Da dele, era. Isso o tempo provou. O tempo provou que ela o "usou". O usou para estancar uma outra dor que vivia na época. Fez uma transferência de afeto. Mas é verdade que, embora com um "repertório" algo ingênuo e delicado, ela o tentou, o provocou, encantada com o fato de perceber nele um interesse verdadeiro. Ele, casado, manteve-se fiel, ainda que em pensamento não. Ela, de certo modo, respeitou, e não achou que ía morrer quando ele decidiu se afastar porque a esposa engravidara. Anos depois se reencontraram. Ele já separado. Finalmente, o beijo e... Decepção. Ela nada sentiu. E dali pra frente pouco aconteceria. Ele, ao contrário, fez o que pôde naquela madrugada para tornar real tanta promessa de, tanta vontade de, guardada há tempos. Gozou nas coxas dela, algo constrangido por não conter tanto tesão, algo envaidecido por demonstrar de fato que a queria muito. Na despedida, ela não olhou nos olhos dele. Nunca mais se viram.

4
Por que ele havia recuado?, ela não entendia. O carinho no dia-a-dia, a aproximação, o convite para o cinema, a parada para comer algo depois. Tudo parecia bem... quer dizer, no cinema já foi meio estranho. Por que sentar-se de lado, quase que de costas? E, enquanto comiam, por que ele não a olhava nos olhos? Aquilo não estava indo bem... Mas dessa noite nunca vai esquecer o susto dele.
Haviam se despedido, mas ela decidiu que não ía pra casa acompanhada da dúvida. Fez o retorno e voltou à casa dele. Jamais esquecerá o estrondo que veio pela linha do interfone quando o porteiro avisou quem era. Ele teria deixado cair o aparelho. Recebeu-a visivelmente atrapalhado. O apartamento vazio e os poucos móveis tornavam-no ainda mais indefeso. Não se sabe como, mas a conversa amenizou o constrangimento dele, que se recompôs, se explicou parando várias vezes para procurar as palavras certas, que não comprometessem sua virilidade, e tudo ficou como deveria ficar. Ela voltou pra casa e, quando acordou no dia seguinte, riu de tudo aquilo.

5
Ela se sentou àquela mesa por acaso. Encontro do ano da empresa, com todos os funcionários. O cara sentado a sua frente olhou-a com demora desde o primeiro instante. Nunca o vira antes, mas teve certeza de que algo aconteceria. Olhos pregados nela o tempo todo. Dias depois, ele puxou papo durante o expediente. A conversa continuou por alguns dias, e ele entregava seu interesse ao descrever cada gesto, a roupa e o cabelo dela na primeira vez em que a viu. De cidades diferentes, ele conseguiu um pretexto para que se encontrassem. Ela tinha outro compromisso, não foi. Ele não desistiu. Mais tarde, a conversa pelo telefone esquentou, ela sozinha em casa sentiu ensopar-se por um desejo de bicho da cintura para baixo. Ele pediu o endereço, ela não conseguiu dizer não. Ele chegou, entrou, conversaram sentados no chão, depois deitados. Ele disse que não aguentava mais, precisava do beijo. Os corpos se tocaram... ela sentiu a barba rala, áspera e o hálito de cerveja... algumas roupas foram despidas, mas não foram muito além... enquanto o desejo dele crescia, o dela estacionara. Era a situação, a novidade, a liberdade, o poder fazer tudo aquilo que a excitara, e não ele exatamente. Ele compreendeu que não passariam daquilo e passou a ser mais carinhoso do que viril. Ela sabia que não o queria em sua cama. Aliás, não o queria, nem na cama nem em lugar algum. Perguntou se ele se importaria que ficassem ali, no chão mesmo. Ele concordou. O dia já clareava, ela não dormiu, ele cochilou, acordou e foi embora. Dias depois enviou a ela um livro de poesias próprias com a dedicatória: "nesse mundo, nesse nosso mundo, o chão é duro, o chão até pode ser duro, mas a pele.... a pele é macia".

6
A fama de mulherengo, ela conhecia. Isso não servia para despertar seu interesse, pelo contrário. Das histórias ouvidas, achava graça, meio que a salvo, num outro nível, assistindo a tudo como bobagens de um moleque. Até que, ela não sabe quando ou em que momento, tudo mudou. A presença dele a intimidava, o olhar mexia com ela e, puxa vida, a armadilha maior: o toque era correspondido pela pele. Ele, animado com a possibilidade de mais uma conquista, ía direto ao ponto. Quando?, queria saber. Estava pronto para trair a namorada. Ela não sabe em que momento passou a pensar mais na mulher dele do que na própria vontade vinda das entranhas. Mas lembra com exatidão da vez em que o desejo foi quase insuportável. Uma carona, um abraço, as pernas trêmulas, a pelve em chamas, o não-saber-o-que-fazer. Ou saber mas não confiar. E depois?
Ela queria mais do que ele podia dar. Quando ele percebeu isso, se afastou. E o desejo dela se transformou em ansiedade, em dúvida, em espera, em questionamentos. Então... o deixar-pra-lá. Tempos depois, ele prestes a ser pai, moveu-se encantado de novo em direção a ela. Agora, era ele quem queria mais do que ela podia dar. Sem o mesmo desejo, sem o despertar da pele para desmentir, conseguiu empurrá-lo pra longe, lembrando-lhe que em casa sua mulher o esperava com um filho na barriga. E mais de uma vez o ouviu ora ansioso, ora resignado dizer: eu gosto demais de você; você sabe. Sim, ela sabe.

7
O beijo foi fácil, progressivo, natural. Ao redor, tudo se apagou e nada mais se ouviu. Os corpos se encaixaram e eles transaram como se já se conhecessem, como que brincassem, com desejo e atenção bem medidos, sem pressa. E era a primeira vez. O primeiro beijo deles, o primeiro amasso deles, a primeira noite deles juntos. Ela não gozou naquela vez (ou mesmo em outras), mas gozou a certeza de que entre um beijo e um orgasmo, no encontro de peles que se conhecem, há mais mistérios a serem descobertos e compartilhados do que se pode imaginar. Nos dias seguintes, ela ainda podia sentir o corpo dele pesando sobre o seu, o corpo dele dentro do seu, o cheiro, a voz, a textura e o quente da pele.
Ele, não se sabe o que sentiu, mas ela, finalmente, estava apaixonada.

05 maio 2010

Roubos (2)

"... de todos os chacras, o mais perigoso de ser desperto prematuramente é o chacra básico, sede do kundalíneo ou do fogo serpentino, pois sem a garantia de uma boa graduação espiritual, o homem que o "abrir" perde-lhe o domínio ante o primeiro controle emotivo ou mental em desfavor alheio... (...) Trata-se de energia violenta e agressiva, embora criadora, que em fuga atinge maleficamente o perispírito e alucina-lhe as células perispirituais... (...)
O chacra básico ou fundamental se situa na base da espinha dorsal, conhecido pelos hindus como o chacra kundalíneo, centro etérico responsável pelo fluxo das energias poderosas que emanam do Sol e da intimidade da Terra, a energia mãe da terra. Segundo ensinamento hindu, o kundalíneo proporciona a libertação do ser, quando habilmente controlado pelo chacra básico, feito por espírito equilibrado, sem vícios ou paixões perigosas, despreocupado dos tesouros e poderes das vaidades do mundo carnal..."


roubado do livro "Elucidações do Além", de Ramatís.
por que "roubar"? aqui.

01 maio 2010

Ovos de Páscoa já!

Alguém sabe do efeito prático do @transitozh no twitter? As pessoas que o seguem em seus gadgets realmente mudam seu itinerário ao saber que tal lugar está engarrafado? Resumindo, o @transitozh mudou o trânsito?
Por que impliquei com o @transitozh? Não é implicância. É que cidades paradas por carros é um tema que me interessa. Eu acho que as pessoas tinham de repensar o modo como encaram/como se relacionam com a ideia de ter carros, mas enfim... e também me interessa saber se o twitter estaria operando alguma mudança prática na vida das pessoas. Me parece que as pessoas querem mais colaborar com o @transitozh do que propriamente mudar itinerários. Se é isso, o efeito estaria sendo um tanto esquisito: as pessoas estão gostando de estar em engarrafamento para poder avisar no twitter da zh! De repente, vai saber..., estão justamente saindo no horário de pico para encontrar uma forma de participar!
Tem algumas invenções que acabam alimentando o problema. Ok, posso estar exagerando, mas que tem, tem. Isso porque a grande invenção é aquela que ataca a raiz do problema e não sua consequência.
Loraine, @transitozh não quer resolver o problema.
Não?
Aaaaaaaaaah, tah. Puxa, um dia alguém há de querer, espero.
A gente faz coisas sem noção mesmo. Eu, por exemplo, não sei para que sigo o @transitozh. Dificilmente saio no horário de pico, tento evitar. E o @transitozh só opera nessas horas de pico. Então, para que o sigo no twitter? Se acho que muita gente que tah no trânsito segue o negócio inutilmente, o que dizer de mim que nem no trânsito estou!? Fico apenas trazendo pra dentro da minha casa, virtualmente, o estresse que tah na rua naquela hora.... Pra q? Vou pensar uma serventia... se não encontrar, unfollow já.

***

Mas eu entrei aqui para falar de outra coisa. Amenidades. Posts irrelevantes são meus preferidos.
Suuuuuper importante (tom irônico, por favor) o que vou dizer. O tema é ovos de páscoa. Isso mesmo: ovos de páscoa. Suuuuper importante e bem na época de se falar nisso, neh???? :D
Aí é que está!
Proponho que não haja época para encontrar ovos de chocolate por todos os cantos. Proponho que durante todo o ano a gente possa entrar nas Americanas, no Zaffari, no Nacional e sei lá mais onde e ser obrigado a se abaixar, desviando daqueles ovos pendurados. Por que não?
Qual o problema de comprar ovo de Páscoa em julho? Em dezembro?
O que não dá para aguentar é na segunda-feira após Páscoa a gente encontrar os MESMOS ovos pela metade do preço com que eram vendidos dias antes. Muita cara-de-pau, neh?
Culpa nossa, que compactuamos com essa bobagem. E tantas outras.
Tradição? Ninguém sabe para que serve a Páscoa. E, mesmo que saiba, não precisa de um dia só para comemorar/celebrar seja lá quais forem os bons sentimentos oriundos disso. Celebre todo dia.

30 abril 2010

O curta da família Luz

E como se fizéssemos parte de um daqueles curtas da RBS, filmados no Litoral e exibidos ao meio-dia de sábado, lá estávamos os 8 reunidos.
Meu irmão mais velho, seu filho e minha irmã gêmea dentro do mar, na beirinha, mas dentro; ele fazendo o que era preciso fazer, o que havíamos combinado de fazer, e ela rezando, ao seu modo. Meu pequeno sobrinho parecia imitar os gestos de seu pai, também dentro d'água.
Na areia molhada, mas onde a onda não chegava, eu abraçada à minha mãe, ou melhor, eu amparando o choro de minha mãe. Eu chorava há algum tempo tb.
Minha sobrinha, q depois de se emocionar abraçada a sua mãe, minha cunhada, veio se juntar a nós;
E meu irmão mais novo, um pouco afastado, ao nosso lado, olhos fixos no mar, não sei se chorou, mas ganhou o abraço da esposa, que se chegou de mansinho.
Na frente, mar, pra esquerda um caminho sem fim, pra direita idem, para trás cômoros, ventava um pouco, havia muito silêncio e um pouco de frio. Estávamos além de Quintão, em frente a uma capelinha, referência do local onde meu pai e meus irmãos costumavam pescar nos anos de veraneio.
Tenta imaginar essa cena de longe, não te parece um curta gaúcho?

Minha família inteira ali. Podería-se dizer que não éramos 8, mas 9. Meu pai era o motivo daquela reunião: suas cinzas estavam sendo jogadas ao mar, 10 anos depois de sua morte. Mas qual era o motivo de o Universo ter juntado essas almas nessa vida?
Não sei os motivos pelos quais as outras pessoas ali choraram, mas eu acho que não chorei de tristeza. Talvez nem tanto de saudade. Pensei em meu pai, acho que rezei, pedi que estivesse bem. Mas me distanciei dali, me coloquei em frente a "essa TV que exibe um curta gaúcho", e chorei por me sentir tão estranha àquelas pessoas as quais estava para toda a vida ligada. Nunca entendi por que, e acho que não sossseguei de entender ainda, mas a afinidade com minha família é algo q está sempre sendo perseguido, ou seja, ela não existe. E eu me ressinto disso. Me senti só e ao mesmo tempo parte de algo. Com meu pai era diferente, mas como estaria sendo agora? Teríamos mantido a afinidade? Teria eu contado a ele tudo o que não consigo falar pra mãe e irmãos?

A cena triste, algo mórbida, estava estranhamente cheia de vida, de humanidade. Onde há emoção é que a vida (humana) está. Tenho certeza de que a emoção, saber lidar com ela, é o próximo passo evolutivo do homem. O que são os seres celestiais (condição que é destino de todos nós segundo praticamente todas as religiões), senão seres capazes de lidar com o que sentem e escolher o que querem sentir? E se a perspectiva te parece fantasiosa, olha pra trás então: os animais. O que nos faz diferente deles? A capacidade de pensar sobre o que se sente. E o que fazemos com isso? Pouco, muito pouco. Ou ao menos fazemos coisas ainda maculadas por resquícios de nossa natureza animal/instintiva. E só. Os chamados 'nobres' sentimentos são para poucos.
Há quem prefira a vida mais perto da animal, com seus prazeres bem fartos, materiais, carnais. Mas eu acho que a emoção é uma arma poderosa com a qual não sabemos lidar completamente ainda - ou seja, desconhecemos suas possibilidades de satisfação, realização e plenitude. Não sabemos lidar e ponto.
Tenho certeza de que lidar de forma equilibrada e serena e saudável com as emoções é o próximo passo evolutivo do homem principalmente porque é disso que mais fugimos. Mas como exercitar sem tentar? Até porque nem sempre é possível fugir. Eu não queria ter ido lá naquele dia. Meu pai não estava naquele saquinho de cinzas, embora estivesse de algum modo, entende? Mas eu fui. Tinha de ir. Como faltar?
Nessas horas, intimamente, se estremece como terremoto, algo salta pra fora, como lava, se revira coisa que tava quieta, é como turbulência, cair de bike, tomar uma vaca, ser atropelada numa travessia de água aberta. Mas passa. E vc está ali ainda: tudo no lugar, o mundo não parou não. Passa e vc continua sem certeza de que fará melhor na próxima, não sabe se o tranco vai ser mais ameno, igual ou pior. Não tem como saber.
Não se dá saltos evolutivos com facilidade, não é mesmo?!
Até porque, se a ideia é evoluir, o grau de dificuldade vai aumentando na medida que a gente vai ficando mais preparado. Ou alguém quer parar no meio do caminho?

16 abril 2010

Roubos (1)

Roube.
Roube de qualquer lugar que resulte em inspiração ou incendeie sua imaginação. Devore filmes, música, livros, pinturas, poemas, fotos, conversas, sonhos, árvores, arquitetura, placas de rua, nuvens, luz e sombras. Escolha para roubar apenas coisas que falem diretamente a sua alma. Se fizer isso, seu trabalho (e roubo) será autêntico.
A autenticidade é inestimável. A originalidade não existe. Não se dê ao trabalho de ocultar seu roubo - celebre-o se quiser. Lembre o que Jean-Luc Godard disse: "Não importa de onde você tira as coisas, importa é para onde você as leva".
Roubei isto de Jim Jarmusch

**
E eu roubei esse texto do livreco Tudo o que Você Pensa Pense ao Contrário, de Paul Arden.
Donde sai isso aqui também:

> Todo mundo quer uma vida emocionante, mas a maioria das pessoas tem medo de agarrar o touro pelos chifres. Então elas escolhem uma opção fácil para ter uma vida emocionante. Elas vivem sua emoção por meio das outras pessoas. Alinhando-se com rebeldes famosos, elas aproveitam um pouco de seu glamour... (...) A diferença é que todas essas pessoas famosas, ao se verem diante de uma decisão, tomavam a mais ousada, sem saber aonde isso podia levá-las, mas sabendo que a decisão segura estava carregada de perigo.

> Peça para levar um tapa na cara. Se você mostrar um trabalho seu a alguém e perguntar "O que acha?", o outro provavelmente dirá que está legal porque não quer ofendê-lo ou magoá-lo. Na próxima vez, em vez de perguntar se está certo, pergunte o que há de errado. O outro pode não dizer o que você está querendo ouvir, mas existem mais chances de que lhe ofereça uma crítica sincera. A verdade dói, mas a longo prazo é melhor do que um tapinha nas costas.

> Ter ideias demais nem sempre é uma coisa boa. É fácil demais partir para a próxima ideia e para a próxima e para a próxima... Se você não tem muitas ideias, precisa fazer as que tem funcionarem.

> Demita-se. É o jeito de mostrar que está falando sério.

> Se você quer ser interessante, seja interessado.

(agora, pense tudo ao contrário)

08 abril 2010

Atrevimento

Na primeira vez que assisti a esse vídeo, eu me emocionei. Mas foi só na primeira vez ;)

22 março 2010

O erro ensina

... o modo como o cérebro científico lida com o imprevisto dá surpreendentes pistas da própria relação do ser humano com tudo aquilo que parece dar errado.
... O cérebro faz um truque para que nossa ideia anterior permaneça intacta. Em resumo: nossa mente não gosta de estar errada.
... Acho que a razão pela qual não aceitamos informações que desafiam nosso modelo já construído é porque somos inerentemente conservadores.
... Se algo merece o título de erro, é nossa incapacidade de abraçá-lo como um bom e peculiar amigo.
... Parte do que nos faz uma espécie interessante é a capacidade de ignorar muito do que está acontecendo ao redor para nos concentrarmos em objetivos e sonhos.

Bom, neh?
Tem mais aqui.
Fiquei pensando se o título do post não deveria ser "o erro salva".
Mas o certo é que, dando uma olhada mais geral nesta edição da revista Trip, me convenci: quero uma pra mim.

16 março 2010

Salada de fruta


Ainda vou limpar e guardar as sementes de melão. Haverá algo a se fazer com elas. São tão sonoras! Que nem quando guardei as folhas em forma de balão que protegem a physalis, uma frutinha especial (qual fruta não é?) com cara de butiá, mas gosto muito próprio (quase nenhum; olha, acho até que prefiro butiá). É verdade que até agora ainda não sei o que fazer com elas, as folhas, mas eu sei que uma hora uma ideia pinta. São tão... diferentes. Delicadas.
E o gosto do pepino (não aquele de conserva) lembra (muito) a melancia, não lembra? Fica um lastro de melancia na boca, não fica? Traços de melancia. Mas se bem que rastro de melancia na boca não é muito legal, gosto estranho (bafinho quase inofensivo mas ainda sim bafo). E como se escolhe melancia? Ainda bem que eles cortam em pedaços no súper, e a gente pode olhar qual está mais vermelhinho. Eu escolho pelo valor, mas não se é caro ou barato, e sim pela combinação dos números do valor. Ah, mas eu não tenho o que fazer, neh?
Mamão Papaya ou Formosa? Os dois neh? Mas textura do Formosa é um prazer a mais. Papaya é molenga. Coisa vomitada, e se duvidar fica cheiro de vomito de nenê tb. Mas aquela gosminha que envolve a semente é mais gostosa. Textura também é importante na maçã. Mil vezes as durinhas (Fugi) do que aquelas de raspinha de nenê (Gala). Mas boa mesmo são as verdes. Beeemm azedinhas. Gosto de coisas azedinhas. Que põem a dúvida: e aí, vai me morder de novo ou não? E tu vai lá e morde de novo! Que nem abacaxi fora do ponto. É ruim mas é bom!
E todo mundo faz aquele oba-oba pra uva dedo-de-dama. Pura fachada. Uva dedo-de-dama é legal para decoração, pra olhar. Não tem gosto e é ruim de morder. Tem um sementão sem que nem pra quê. Aí, você rouba uma no súper e fica com aquele sementão na boca, sem saber onde pôr. Das pêras, como até a semente. Tão discretinhas ali, quase nenhuma. Como tudo. Fica só o talo. De certo, buscando sabor. Que não encontro muito... afinal, alguém já disse: pêra é o chuchu das frutas...
E quem vem a ser o chuchu? O quarto estado da água, neh?! Coitado. Injustiça. Não é tanto assim. Eu acho que o problema do chuchu é o visual... aquela cor... blasé demais... nude (hahaha)... calcinha bege, sabe?... não tem atitude. Aí, as pessoas tripudiam dele. Vê se alguém fala mal da beterraba, naquela exuberância toda? Ou mesmo do pepino, que queria ser melancia e ficou pela metade do caminho?!
E as bananas? Salvadoras!!! Fruta que mata a fome taí. Preciso provar a banana comprida, coisa do norte do Brasil. Ela é bem grande e precisa ser cozida. Dá para comer com manteiga, como essa aí da foto.

Como se vê, gosto de frutas. Uma vez, ganhei uma cesta de maçãs de amigo-secreto. E adorei! Quando ele chegou com a cesta, todos sabiam quem ele tinha tirado. Eu!! Mas eu gosto de todas, qualquer uma. Mas o que se vê nesta postagem mesmo é que, realmente, eu não tenho o que fazer!! Sei lá a utilidade desse texto. E precisa ter?

Bom, acho que vou ao súper.

18 janeiro 2010

O miolo da fome

Pensei em fazer um blog com trechos de músicas. Um trecho ou dois de cada música. Ou uma canção inteira. O que viesse na telha aquele dia, aquela hora. As postagens seriam isso. Só isso. Com link para ouvir a música, claro.
Por quê? Porque no momento certo, na hora certa + a música certa, quando isso acontece, se tem certeza de que nada mais precisa ser dito: as músicas já disseram tudo. Aliás, esse seria o nome do blog:

"Porque as músicas já disseram tudo".

Que acha? Não tenho certeza de que o blog é a ferramenta/a plataforma ideal... Se bem que...

1) Olha só, seguido me perguntam qual a câmera fotográfica melhor, qual a filmadora ideal, blá, blá, blá... não sei por que me perguntam isso. O curso de comunicação não é técnico! Eu me formei em jornalismo, não em técnico em equipamentos/ferramentas... mas ok. Me perguntam isso e me ocorre responder uma coisa que ouvi no triatlo: não importa muito (ou tanto) a bicicleta que vc tem, importa quem tá em cima, as pernas de quem tá em cima da bike. Tah, eu sei que não é beeeem assim, mas existe uma verdade nisso.
Então: não importa a câmera. Importa o que vc vai fazer com ela. Importa a ideia. Não? Vc quer que os outros admirem a tua máquina ou o que vc faz com ela? Tem gente que prefere a primeira opção.

2) Eu não tenho medo de ficar sozinha. Do que chamam de solidão. Quer dizer, tenho, mas meu medo maior, meu desconforto maior é provocado pelo vazio. Entre a solidão e o vazio, prefiro ficar sozinha. Prefiro a sozinhez à companhia vazia, feita de aparências, de interesses. Prefiro a independência a ter de fazer de conta.
Mas só conhece o vazio quem já experimentou o cheio. Quem experimentou o cheio, nunca mais tolera o vazio. Nunca mais permite o vazio. E luta, luta, luta pra evitá-lo, nem que para isso fique, aos olhos dos outros, sozinho. O vazio é pior do que estar sozinho - mas essa é só a minha opinião. (Não, não é só a minha opinião. É o que eu sinto - embora ao olhar em volta, os outros, algumas coisas que vejo me confundam.)
Porque vazio é fome. Aparências, status, fazer escolhas priorizando essas agradáveis mas evaporantes sensações, é como comer papel. Tomar sopa de papelão. É coisa de mendigo. Engana a fome e não alimenta de fato.

3) Há várias frases na parede do meu quarto. Acho que só vou apagá-las, ou seja, pintar a parede outra vez de branco, quando eu assimilar todas. Entender, eu entendo todas, mas captar a essência delas, ir des-cobrindo (de "tirar a coberta") o sentido delas, é um processo mais lento. Já "des-cobri" quase todas. Uma das últimas sobre a qual a ficha caiu foi essa:
"Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você".

1+2+3= o que vale é o miolo da coisa, a essência.

Podemos (con)viver com a ideia de que aquele grande e ultramoderno equipamento nos garante as melhores cenas (1), ou que tal conforto, comodidade e conveniência, em relacionamento profissional ou afetivo, é a vida sendo aproveitada (2). A gente pode se empolgar com um equipamento bacana e com uma aventura nova, envolvente, cheia de vantagens e prazeres voláteis. Pode-se acreditar nisso tudo.
Só que um dia pode acontecer de a gente ver alguém fazer uma foto do caralho com uma latinha de nescau, usando o processo mais básico e tosco da história da fotografia (tah.. exagerei...heheh). Ou o dia em que a gente experimenta um relacionamento profissional ou afetivo que realmente alimenta, sintoniza, linka - daí lembrei do filme Avatar, em que os gigantes azuis comandam seus voos, e só conseguem voar, ao "conectarem" seus cabelos aos dragões (como uma entrada USB). Quem não quer voar? (agora, eu não exagerei)
Quando se experimenta o cheio, consegue ver o que era vazio. Quando experimentamos comida, a sopa de papelão vira o que é: nada. E não queremos voltar pra ela. (3) Quando a gente enxerga (finalmente) o falso, consegue reconhecer a verdade. E não esquece mais.

E o que isso tem a ver com o blog de músicas? Sei lá. Acho que a música certa na hora certa mata a fome da gente. E faz a gente ter certeza de que a sozinhez é melhor do que passar fome no emprego famoso ou na companhia oca de tantos.

***

Falando em relacionamento profissional significativo, andei fazendo uma série de entrevistas com uma psicóloga por causa de um trabalho frila. Um dos últimos temas foi coragem.
Neste link, reproduzo um pouco do que conversamos. Vai olhando as perguntas, talvez alguma te interesse. Tenho um enorme respeito pelas respostas. Leio tudo com especial atenção, e não fico com fome no final.

E, pra finalizar essa postagem... uma música!
Ouvi na rádio hoje, quando voltava do treino. Ela entraria certo no blog das músicas - talvez, fosse ótima pra começar o blog. Essa aqui.

***

Te convenci? Matei tua fome?
Nem a mim mesma meus textos convencem 100%, e olha que me puxo pra chegar lá.
Mas ok, vai ver é melhor assim: quando eles deixam frestas, atalhos para outro lugar, outro texto.
Não quero te convencer. Não é bom que eu queira.
Escrevo por necessidade. Só.
Convencer seria por vaidade.

16 janeiro 2010

nadarPeDaLArCORRER

E o triathlon, então.
Gostaria de melhorar natação e ciclismo.
Por quê? Por que gostaria de melhorar? Boa pergunta.

Mas, antes da resposta, o ponto é como me sinto em cada modalidade (ou um pouco de como me sinto). Por que pensar sobre o que sinto? Ora, ora, ora... tentar entender o que sinto é meu esporte preferido. Always.
Porque eu gosto de suar, mas eu adooooooro (a tentativa de) entender as coisas. Suar os miolos, sabe? Penso tanto, querendo entender as coisas, que acho que meu miolo já é um ironman, um (uhu!) Marc Allen ou um Dave Scott.

Aprendi a nadar "velha". 24 anos. E por anos foi apenas um contraponto para os desgastes do trabalho, uma compensação pelas horas sentadas. Sem treinos. Depois, vieram os treinos. Comparando com a corrida, também passei a correr regularmente "velha". Trinta anos. Bicicleta? 31. E, passados dois anos, os longos de pedal ainda são um desafio. Comparando com a corrida, acho que melhorei nessa modalidade quando passei a fazer longos. Hm, seria uma pista aí?

Agora, as sensações. Tem uma que me intriga. Essa: eu corro com o corpo todo. Entende? Pé, pernas, coxas, glúteos, abdomen, tronco, braços. Não sei explicar direito, mas é isso: o corpo todo firma, o corpo todo corre, como uma coisa só. Na natação e no ciclismo, não.
Na natação, sinto meu corpo em partes. E isso piora na medida em que canso. Lá pelas tantas, são dois braços arrastando um corpo inteiro. Tentando. Porque braço também não é meu forte. Em vez disso, eu bato muita perna. Outro erro, dizem. Então, lá pelas tantas fica tudo com elas, as pernas. Enquanto isso, vejo que tem gente q parece deslizar sobre a água, acima dela, de tão fluido o nado... A propósito: o que era o Miyashiro no fast triatlo? Aquilo não é natação, é boxe, é luta, é vale-tudo.

Abrindo parêntese sobre a água aberta... Nela, "perco" as pernas - entende? Na água aberta, não encaixo a pernada. Aquele monte de água anula o que mais me faz sair do lugar... aí, já viu... sinto as pernas "soltas", não sei pra onde vai meu quadril. Alguém me entende??? Fecha parêntese.

No ciclismo, tem gente que pedala tão naturalmente que só de olhar se percebe que não é alguém fazendo força em cima de uma bike. Não é alguém + uma bike, mas sim uma coisa só, de tão sintonizados, integrados. Pessoa e bike viram uno.
Eu senti isso algumas vezes - ou algo que me parece perto dessa coisa que observo nos outros. Na maior parte das vezes, no entanto, principalmente quando canso, são duas pernas tentando levar um corpo todo + uma bike (tenho conseguido recrutar o abdomen mais vezes, mas preciso me concentrar). Ou seja, nem na natação, nem na bike consigo a sensação de unicidade, que me parece mais frequente e natural na corrida.
Por quê?

Respondendo à primeira pergunta: se melhorar significa sentir essa unicidade, essa inteireza nas 3 modalidades, então é esse o motivo pra melhorar. Só por isso. Sensação boa demais.

E, pensando ainda mais amplamente, triathlon não teria de ser uno? Não é natação + bike + corrida. É uma coisa só: nadarpedalarcorrer. Quando teu corpo entende isso e responde nesse nível, bom, aí eu acho que se chegou lá.
Existe lá?

06 janeiro 2010

Um brinde a

E, nesses dias de ócio (criativo, pensativo, contemplativo, preguiçoso mesmo, inútil, útil, visionário, ilusionário, solitário...), algumas descobertas, alegrias, pequenos prazeres...

> A Lua Cheia na noite do réveillon foi ou não foi o melhor da virada? Um presente dos céus, literalmente. Blue Moon, a 13ª lua cheia do ano, acontece nessa época a cada duas décadas... e ela encheu completamente às 13h13min do dia 31 (13-13-31), para chegar à noite daquele jeito que foi: absoluta no céu. Ouvi ou li algumas coisas a respeito. O fato é que amei o presente. Lindo demais. Grande demais. Luminoso demais. Parecia que alguém segurava um canhão de luz gigantesco, brincando com os habitantes da Terra.
Aliás... no exato momento em que sua taça tocou em outra, no brinde, vc pensou no quê? Eu me surpreendi com o que, espontaneamente, pensei.

> Avatar tem lá seus momentos-Titanic, acho até que rola uma Céline Dion se esganiçando no final, mas é um baita filme. E eu me convenço disso na medida em que os dias passam, e já passaram vários, e me distancio dele. Insights vão surgindo.
Não lembro de ter visto algo parecido em termos de visual. Assiste em 3D. É demais. Não concordo com quem vê nele apenas um discurso esquerdista, de os fortes oprimindo os fracos e blá, blá, blá. O melhor de um filme dificilmente está na superfície, na história aparente. E, puxa vida, Avatar está cheio de simbolismos, cheio de detalhes. Eu escolhi os meus. Os clichês de um filme dependem muito do repertório de quem assiste. Se você só viu clichê, talvez não seja apenas "culpa" do James Cameron.
Aliás... como pode todo aquele visual ter saído da mente de um cara?

> Me esforcei, tentei ser o mais isenta possível, na medida do impossível!!, mas... na contramão do que li ou ouvi comentarem, não vi NADA de extraordinário em 500 Dias com Ela. Ok, tem uma embalagem bonitinha, edição moderninha, tiradas engraçadas, e só.
O cinema não está aí para repetir na tela o que a gente já sabe, faz e, vá-lá, aceita. Não quero que um filme justifique a condição limitada de ser dos humanos. E esse parece justificar. Se você sai da sessão pensando "bem, a vida é isso aí", então tenha certeza de que o filme, como filme, como arte, não valeu. Arte não pode refletir a normalidade, a média, porque a normalidade e a média puxam para baixo - ou no mínimo nos faz estacionar. Não pode explicar tudo. Tem de deixar na dúvida. Qualquer forma de arte tem dizer de algum modo: "ei, babaca, você pode ser melhor do que isso, por que não tenta?".
Aliás, o filme me lembrou muito Ensaios de Amor, de Alain de Botton, alguém leu? E o livro é de 1993!!

*

Deixa eu ver o que mais... ah sim!

> Correr à noite. Já disse aqui que correr é a segunda coisa que eu mais gosto de fazer na vida?
> Fim de tarde no Pimenta Rosa, ali no Jangadeiros, e o Guaíba logo ali.
> O quiche do MercoPan, aqui, no início da Ijuí. Isso se você resistir aos doces uruguaios...
> Pão-frescura no Carina Barlett, ali na Vasco com a João Telles, num prédio bacana. Porque pode vir com a lasanha que for, pode ser o spaghetti do papa... no reino das massas, eu gosto mesmo é de pão. E eu tô falando até de cacetinho com chimia de uva.
> Banho de madrugada.
> Vinho branco gelado.
> Cerejas in natura (em promoção no Zaffari! ou terá sido no Nacional?).
> Banho de chuva.
> Paçoquinha.
> Dirigir ouvindo música.
> Gente bacana que conheci em função do trabalho.
> O Cemma.
> Café preto feito na hora, pra acordar da soneca depois do almoço. Com muuuuuito açúcar mascavo.

Hmm. acho que é isso...
Missão à vista? Desarmar. Me acomodar na platéia e assistir no que tudo vai dar.

05 janeiro 2010

Ângulos

Sempre que eu vejo uma foto bacana, e eu adoro fotos, sempre que eu vejo uma, o primeiro pensamento que tenho é o de entender onde estava o fotógrafo. A posição escolhida por ele, ao acaso ou não, foi fundamental para o resultado.
E aí que esses tempos me dei conta de que isso não vale apenas para as imagens clicadas por aí. Vale para os atos, as ações das pessoas. A partir deles, você consegue perceber, ou ter alguma pista, de onde estava, em qual posição, em qual mundo, em qual nível, em qual vibração estava aquela pessoa autora daquela ação ou reação.
Claro, não funciona com todo mundo... Não vamos perceber isso naquelas pessoas que não nos interessam, para as quais nossa atenção não está voltada (ainda que elas estejam nos dando essa informação).
Acho que a percepção também ocorre com quem age. Revelamos a nós mesmos onde estávamos, ou a que vibração estávamos presos, quando agimos/reagimos desse ou daquele modo. Claro, isso tudo se você tiver um mínimo de sensibilidade e se achar que refletir sobre o que faz é uma necessidade.
Daí dá para parar e olhar um "álbum": que "fotos" tenho acumulado? Que cenas fazem parte da minha vida?

Tem gente que não perde tempo com nada disso, porque acha que a vida é só um amontoado de momentos desconexos, sem consequências... que é isso aí mesmo..., sem paradas para entendimentos ou tentativas de.
Entender o quê? Para quê?

Independentemente do resultado do ato/ação/reação (ou seja, é preciso perceber além das aparências), o lugar que escolhemos e do qual agimos pode nos absolver ou nos condenar. Também revela um pouco do que somos feitos. Por isso, se relaciona, ainda, à nossa capacidade de ganhar, inspirar (ou não) a confiança dos outros. O lugar, a posição escolhida, está ligado à natureza e à grandeza de nossa intenção.

Não?

Ok, cada um com seu jeito de ser.
Só que... acho que dificilmente se fará uma graaande foto se não se levar em conta a vibração, o lugar escolhido para ficar e chamar de "minha vida". (e, se é para continuar as metáforas, dá para dizer que grandes fotógrafos costumam se arriscar em busca "DAQUELA" cena.)
Aliás, não se fará foto alguma. Nunca. (ou até se fará, mas se evitará mostrar, por vergonha ou por desprezo mesmo, desconsideração pelo que passou.)
Tudo bem? Tudo, dá para viver sem fotos. Isso será um problema apenas se você gostar de fotos. E de álbuns.

Ó, mas eu tô falando de fotos de verdade. Aquelas que têm a tua cara. Não vale copiar as cenas de outros, nem se pendurar na cena de outros, tah? Nem comprar cartão-postal. Jogue limpo.
Até porque é fácil reconhecer quando temos uma foto de verdade e quando não temos. Uma dica que li uma vez: olhe os olhos das pessoas que estão na foto. O olhar revela a cena que é verdadeira e a que não é.
Os olhos nunca mentem.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio