20 junho 2011

Roubos (10)

Amadurecer é aprender a mentir.

Ser surdo, cego e mudo: essa é a opção melhor pra quem não quer participar da mentira, mas está afogado nela. A mentira é tudo e a única verdadezinha é dizer que tudo isso é mentira.

Bom, nem elas são verdadeiras. Nada, fora de nós, é. Pensa bem: a verdade existe mesmo só dentro da gente, e ela não nasce na forma gramatical, na forma das palavras. Ninguém sente “Hm, eu amo ela”, nós sentimos uma… coisa. Daí tu pega’ essa coisa nua que tem dentro de ti, põe nela umas calças de A, uma camiseta M, uma máscara de O, uma peruca de R; e cospe a representação gramatical da verdade, esse monstrinho. E se é uma representação da verdade, é uma mentira.

A comunicação não acaba na nossa boca, acaba dentro do ouvido do outro.

Não existe um Dicionário Universal, e sim um dicionário pra cada ouvido. Quem dera os ouvidos também soubessem que há um dicionário pra cada boca.

É claro que foram anos de pessoas mentindo que jantariam umas com as outras que fizeram com que fosse subentendido esse idioma da mentira que se arrasta por cima do tapete persa onde por debaixo passam, amassadas, as verdades. Mas, para o bem ou para o mal, o idioma está aí e, por mais bizarro que seja, algumas mentiras ainda comunicam verdades melhor do que verdades comunicam elas próprias.





Roubei tudo desse post no site da Perestroika.

Eu roubo porque... aqui explica tudo.


E eu não paro de cometer roubos porque não consigo mais, como antes, por ordem nos meus pensamentos. Melhor, nas minhas sensações. Condição essa que, neste post, encontrei identificação na seguinte frase:


Eu sabia que tava certo de alguma maneira, mas não sabia por quê. Ainda não sabia também que, às vezes, o ser vem antes do saber o porquê se é.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio