Vez ou outra, acorde bem cedo e testemunhe como o dia nasce, veja como a cidade se levanta (ou nem dorme...). Vez ou outra, acorde bem tarde, lá pelas 14h, sem motivo algum, e atrapalhe-se toda com a sensação de por-onde-eu-começo-agora?
Vez ou outra, vá ao estádio de futebol ou a um show ao ar livre, para se confundir na multidão. Seja apenas mais um, para ter uma noção do tamanho e da diversidade do mundo que nos cerca. Vez ou outra, vá ao cinema, esconda-se no escuro e acredite que é apenas você e aquela telona mesmo, pra ter uma noção do mundo que você carrega aí dentro.
Vez ou outra, liste tudo o que vai fazer no dia seguinte, vá dormir segura do acerto consigo mesma, acorde e faça tudo diferente. De preferência, nem lembre onde colocou o papel com a lista/agenda.
E, se não der para sorrir, ao menos não pisque na hora da foto.
Nossa, esse texto tem algo de "Filtro Solar", narrado pelo Pedro Bial, sabe?
Menos, Loraine, que pretensão... Ou... mais, Loraine, não se deprecie.
Isso também. Vez ou outra, seja muito pretensiosa e veja o que cola e o que não cola, veja quem se importa e quem é indiferente. Vez ou outra, seja muito subserviente e veja até onde vai o delírio de poder de quem acredita estar no comando.
De qualquer forma, Filtro Solar teve sua função. Se em algum momento ele fez as pessoas pararem para ouvi-lo, e agora as pessoas dão de ombros, pensam "aiokmenos", é porque houve um avanço, uma mudança de consciência. Quando uma coisa serve e depois não serve mais, quem mudou? O espectador, o observador. Evolução. Ótimo. Tipo: nunca teríamos um Palio Adventure se a FIAT não tivesse começado com um 147, né? Ou um Cross Fox, se a Volks não tivesse tentando o próprio Fox, o primeiro deles, tão esquisitão. Tipo isso.
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Esse texto "veio" no ônibus, enquanto eu deixava Porto Alegre ainda "escura" pela madrugada. Mais uma viagem, agora Canguçu. Quer dizer, primeiro Pelotas, depois Canguçu. Tava frio lá, e em Canguçu as pessoas falam pomerano. Pomerano! Um dialeto alemão onde eu pensei que a colonização fosse toda açoriana. Q côsa.
Gosto muito quando o trabalho faz isso: me leva a lugares para os quais eu dificilmente iria voluntariamente.
Então, no ônibus me veio esse texto. Que também tem a ver com a expectativa do show na semana que vem. REM, no Zequinha. Não sou tão fã assim, gosto é da função, da coisa ao ar livre, de me perder na multidão como disse ali.
Eu gosto de coisas "populares"(ou "povolares", de juntar povo), de feira livre a show em gramados. Trabalhei em uns quatro ou cinco festivais planeta atlântida. E ainda que as atrações se repetissem, sempre senti algo de especial em algum momento no meio daquela multidão cantando junto. A energia tá ali, e não no palco. Assim foi quando entrei num estádio de futebol pela primeira vez, já lotado. Quando alcancei o último degrau e o campo cresceu na minha frente, aquele povo em volta, senti o impacto da energia, como um sopro, um vento não-vento. Meu pai riu da cara que fiz.
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Mas quando veio o texto, ele parecia legal. Juro. Não era chato desse jeito aí. Mas vou respeitá-lo, como respeito todos os outros que fiz aqui (do contrário, seria me levar a sério demais). Nunca-jamais-em-tempo-algum-na-história-desse-país, como diria o Lula... Nunca jamais em tempo algum eu desistiria/apagaria um texto aqui. Talvez mudasse coisas em um deles especificamente, que tem um problema de motivação. Foi escrito mais por vaidade do que por necessidade. Mas se não fosse ele, eu não aprenderia isso. Talvez seja um texto-fox, necessário antes de textos-crossfox.
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