e aí que... eu sento no banco do ônibus e alguém não demora a sentar ao meu lado. Seguimos os dois a viagem. Daqui a pouco, e é pouco mesmo, porque minha viagem não é longa e ainda estamos só no meio do caminho, daqui a pouco olho pro lado e é outra pessoa! Como assim? Onde foi a outra? Em que momento ela se levantou? E essa outra sentou logo em seguida ou o banco ficou "aberto" por algumas paradas? Fico chocada com isso. Onde que eu estava com a cabeça, os olhos, os ouvidos, enfim, tudo? Como não vi? Por isso, tenho certeza: tem coisas na vida que acontecem ao nosso lado e realmente a gente não se dá conta.
e aí que... eu entro num grande supermercado de Porto Alegre, bem conhecido até, e bem à direita de quem entra tem um amontoado de coisas. Improviso total. Uma grande loja/marca dessas, layout pra isso, layout pra aquilo, e "improvisando" daquele jeito no corredor... vou te contar... Um amontoado mesmo. De cobertores, mantas, aquecedores, eu acho também. Parece aquele quartinho do casa da gente, sabe?, o "soca", soca tudo ali. Só que não é! É bem na cara do cliente, a bagunça. E o mais intrigante pra mim é que não sei não se tudo aquilo está realmente à venda... ehhehe... acho que os caras do súper estão é comprando dos clientes aquelas coisas, porque a cada dia o número delas só aumenta!
e aí que... eu durmo com a TV ligada e acordo muito tempo depois dando de cara e ouvidos com uma entrevista em que o entrevistado explica a diferença entre canalha e cafajeste. Há uma diferença - segundo o entrevistado. Aí que eu lembrei de um amigo que um dia me disse que não era fiel, mas era leal. Sim, há uma diferença entre fidelidade e lealdade - segundo esse meu amigo. Quer saber as diferenças? Acredita em mim: é perda de tempo (senão entendê-las, com certeza tentar aplicá-las).
e aí que... eu vinha no ônibus e ele parou na parada, olhei pro lado, e vi um daqueles grandes painéis com explicações sobre linhas, mapas, conexões. Todo colorido, sabe? Um baita serviço aquilo. Adoro esse tipo de coisa, pensada pra fazer a cidade funcionar. Pensada para te fazer, cidadão, independente, senhor de si. Eu lembro que na Alemanha eu ficava naquelas estações de trem olhando os gigantescos painéis... tudo explicadinho. Onde eu estava, minhas opções de trem, hora etc etc. Muito tri. Daí voltei meu pensamento para o T7, onde eu estava, e o painel de Porto Alegre está todo pichado... mal dá para entender as informações. Daí fiquei pensando que alguém na prefeitura, ou muitos alguéns, ficou horas trabalhando naquilo, pensando com a cabeça do usuário de ônibus, para enfim oferecer um painel legal e tal... e aí, o carinha vem e estraga tudo com sua pichação. Ok, o transporte público tem muito a melhorar, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Pensei se realmente estamos nós, o coletivo, preparados para a excelência do serviço público. O que custa receber e tratar bem o bom apesar de nem tudo estar perfeito? Parece que não estamos à altura do bom, sabe? Parece que fica mais confortável lidar com a parte ruim do transporte público. Porque nos identificamos com ela. E aí não temos "evolução" para identificar e reconhecer o que é o lado bom funcionando. E o pior é que isso não deve acontecer só nesse caso... é aquela coisa: "seja a mudança que vc quer no mundo", ou "não se esqueça de se incluir na mudança que vc quer no mundo", ou "vc está à altura do seu mais sublime pedido (aos deuses, ao Universo, ao pai, à mãe, ao amigo, ao namorado, ao chefe, ao Lula, ao Obama, à ONU... está?)???.
e aí que... eu tinha de guardar umas roupas secas e tirar outras da máquina. Só que, no meio do caminho, parei pra comer bergamota. E aí que agora minhas mãos têm cheiro de bergamota. Gosto de cheiro de fruta. Até do de bergamota, mas acho que vou adiar o contato com as roupas que devem estar cheirando a amaciante.
e aí que... eu fico pensando se também as coisas recebem a influência de outras coisas apenas por estarem lado a lado. Será que se eu manter por alguns dias um limão ao lado de uma laranja do céu, o sabor deles muda? Uma osmose...? Tipo: ele atenua seu azedume e ela equilibra sua doçura? Ele fica mais pro "éu" e ela mais pro "ão"? Tipo Yin e Yang?
Será que não? Acho que sim. Por isso não vou tocar as mãos de bergamota nas roupas limpinhas e cheirosas de amaciante. Mas também não vamos forçar... Devem haver alguns critérios básicos de "alquimia". Não creio que seja possível esperar algo de uma vizinhança compartilhada entre um chuchu e um rabanete, por exemplo.
e aí que... a minha cabeça está uma bagunça e, em vez de eu tentar inutilmente organizá-la, que já tô cansada e nada consigo, daí que desisti e vou deixar tudo assim mesmo. Como quando a gente está sem forças ou sem coragem para pedir que as crianças guardem todos os brinquedos e se aprontem para... para... para o que mesmo? Nessa hora a gente se entrega. Senta no chão e brinca com elas.
O resto fica pra depois.
e aí que... eu esvaziei um pouco a mochila, acomodei ela nas costas, guardei as mãos nos bolsos e, certa de que estava protegida do frio, saí caminhando sob o sol do meio-dia. Com tudo ainda por fazer, mas bem mais tranquila do que no início.
Como diz o Osho, há coisas que precisam ser feitas e há coisas que apenas acontecem. A grande sacada é saber quando estamos diante de uma ou de outra.
2 comentários:
Tudo bem, as pessoa são bagaceira, mas nada justifica as paradas não terem nenhuma informação. Tu não sabe que ônibus passa ali, pra onde o ônibus vai, putz, isso tudo é MUITO FÁCIL de fazer.
a questão é bem abordada no filme Ponto e Mutação,na hora em q alguém (lá no Primeiro Mundo,imagina só!) joga uma latinha na praia: para essas pessoas - que estão à margem da sociedade,ou se sentem de alguma forma - as coisas públicas NÃO SÃO DELAS.Os gramados dos edifícios não são delas. E é aí q a gente,o poder público,todo mundo q tem a cabeça no lugar, tem q trabalhar.
bjos/
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