
Então, gosto dos meus livros por perto. E tenho dificuldade de devolver os que me emprestam. Bonito isso, hein, Loraine? Calma, vai ficar ainda mais embaraçoso. É que eu rabisco os livros. Sublinho frases, escrevo coisas nas margens, customizo. E já tive que comprar um livro de uma amiga por causa dessa mania. Ela me emprestou e, quando vi, rabiscava o livro dela... Comprei usado dela daí. Como ia devolver todo riscado?
Ok, tem livros que não rabisquei... Talvez a frase não fosse tão tentadora assim e talvez não houvesse uma caneta ou um lápis por perto. Mas tem muitos que rabisquei. E esses são mais difíceis de emprestar ainda... Se transformaram em documento de uma Loraine, aquela que viveu na época que lia o livro. Então, são íntimos. Ou podem ser. O que fiz com eles foi mais ou menos o que diz parte deste texto (texto que é longo, "cabeça", por vezes chato, mas definitivo). Eu transformo o texto de papel em hipertexto, cheio de links pra dentro da Loraine. Mesmo sem caneta ou lápis, toda leitura faz isso: estabelece conexões muito pessoais, erráticas, labirínticas... É o que diz o cara no texto esse. Enquanto nossos olhos ou a ponta do dedinho seguem a linha, uma palavra atrás da outra, da esquerda para a direita, a nossa mente tá mais ou menos fazendo esse caminho, ó, na folha de papel:
Um dia vou reunir num só lugar todas as frases que sublinhei em livros. Pra ver no que vai dar. Retiradas de seu contexto original, as frases produzirão juntas outro livro. Por osmose.
Osmose pode ser o título, que cês acham?