20 dezembro 2009

Numerologia

Por q diabos confundo o 4 com o 7 e o 7 com o 4? Tenho um amigo que jura que isso tem a ver com o grafismo dos dois números. Que o meu cérebro sei lá o que... Hein?! Onde o 4 e o 7 se parecem? Ele jura que enxerga uma similaridade. Doido.
Minha explicação é outra. Muito melhor. Muito mais doida. Muito mais minha. Tomara que vc não entenda, porque o objetivo é bem esse.

Me dei conta de que por muito tempo fui 4 na vida. À primeira vista, ainda hoje, você olha e diz: uma pessoa 4, essa Loraine. Mas a ânsia pelo 7 sempre existiu. Nas entranhas, eu sou 7. E quem, por curiosidade, amizade ou amor, presta atenção em mim reconhece esse 7 latejante.
Hoje já consigo ser às vezes 4, às vezes 7 com alguma naturalidade. Acho que nunca vou deixar de ser 4, por isso estou aprendendo a conviver com ele.
Mas o 4 já entendeu que, ainda que lhe seja grata por muitas coisas, é o 7 que quero ser. Mas me comprometi a não abandoná-lo por completo. Manteremos uma saudável convivência, enquanto o 7 cresce e amadurece em mim. E, nos momentos em que essa confusão de 4 e 7 virar tudo de pernas para o ar, eu vou descansar sendo 9. Adoro o número 9. Ele me conforta, me acalma, é onde recarrego as baterias.

4 7 9

03 dezembro 2009

Entre a palavra e o coração

Tem acontecido uma coisa estranha comigo na hora de escrever com caneta. UMA coisa não. TUDO é estranho: o modo como pego a caneta, a mão encostada no papel, a dificuldade da caligrafia e, fundamentalmente, a lentidão dos dedos, do gesto.
Tudo culpa do computador, do teclado. Escrever com a mão virou uma ação desconfortável, que exige empenho para um resultado minimamente legível. Mas o que incomoda mesmo é a lentidão. De tal forma que erro as palavras. Como minha mente está agora adaptada à rapidez da digitação do teclado, acontece de eu pular sílabas. Enquanto o indicador e o polegar desenham o "sí" no papel, minha mente já está no "bas", então, quando eles acabam o sí, recebem logo o "bas", porque o "la" já foi não sei pra onde. Então, por exemplo, sílabas vira síbas.
Teríamos todos de evoluir nossa motricidade fina a fim de voltar a escrever no papel em ritmo ajustado ao da mente? Ou tentar o papel é segurar a velocidade da mente e retroceder nossa evolução? Não sei. O fato é que acho meus dedos lentos com a caneta e o papel. E tenho certeza de que não é só eu.
Lembro da primeira vez que segurei um mouse e da dificuldade que tive para ajustar meus movimentos ao nível de sensibilidade desse instrumentinho. Acertar o cursor no ponto exato do que eu queria na tela não foi uma coisa fácil, natural. Foi uma coisa aprendida. Que gozado, neh? Agora, nem mouse uso.
Similar a essa estranha sensação de que escrever à mão virou algo superado, é a impressão de que também não lemos mais do mesmo jeito. Outra vez culpa do computador. Das múltiplas janelas, do hipertexto, do alt+tab. Experimenta: teu olho mudou. Está livre. Abre uma revista, um jornal... Abriu? Testa.
Teu olho salta daqui pra lá, de lá pra cá. Tu lê o último parágrafo do texto, vai pro primeiro, volta pro do meio e... (surpresa!).. entendeu o texto! Não lemos, ou não precisamos mais ler, nem na ordem, nem da esquerda para a direita. Aliás, se tentarmos isso, se instala uma curiosa sensação de aprisionamento, de que estamos "perdendo" algo naquela página mesmo.
Isso vem mudando a diagramação/layout de publicações há algum tempo. Mas está fazendo mais. Está promovendo uma pequena revolução no modo de escrever, na estrutura do texto ou daquilo que queremos comunicar - que deverá ter alguma lógica dentro ou próxima do seguinte: a parte deve conter o todo. Qualquer parte é início, meio e fim de uma mensagem.
Leituras altamente dinâmicas. Consumo de informação de uma forma absurdamente rápida, mas - olha que gozado - com mais economia. Estamos econômicos na absorção das coisas. Qualquer semelhança com o twitter e seu estrondoso sucesso talvez não seja mera coincidência.
Que gozado. Impressões minhas, neh... a ver, a ver...
Para onde vamos?

... e aí que na Rolling Stone de novembro, lá na última frase de uma materinha pequena, o Marcelo Camelo falou o seguinte sobre a Mallu Magalhães (em relação ao impacto que ela teve sobre a carreira dele):
"Foi a naturalidade dela. Nem todo mundo acha o caminho entre a palavra e o coração".
Bonito, neh? Valeu a compra da revista.
Se eu quero ser Mallu? Ser capaz de achar o tal caminho? Ah, quero sim. É um desafio que me interessa, a despeito da sozinhez ou da solidão dessa aventura. Mas, pensando bem, acho que quero ser Marcelo. Pelo grau de percepcão. Ter olhos, ouvidos e pele pra perceber isso. E confiar no que sacou.

Sabe a diferença entre a sozinhez e a solidão?
Winnicott que fala sobre isso, me disseram. Mas acho que todo mundo sabe isso, não precisa de uma fonte oficial e respeitada como o sr Winnicott. É orgânico. Tudo que é orgânico é uma verdade que reconhecemos, e não é "descoberta", como que de surpresa.
A verdade que vc vai reconhecer como tal é a seguinte:
Solidão é quando estamos nos sentindo irremediavelmente sós mesmo quando acompanhados. E a sozinhez é quando nos sentimos confortavelmente acompanhados mesmo quando estamos sós. Quando estamos a sós conosco e nós somos a nossa companhia e podemos ser uma boa companhia, isso é sozinhez. É o lado bom de estar sozinho, ao passo que a solidão é o lado ruim, mas que pode ser experimentada mesmo quando se está acompanhado de outras pessoas.

Daqui a pouco vem um texto inteiro, com mais sentido. Eu acho. Puxei a cordinha e desci do trem de novo. Pra organizar a mochila. Esticar as pernas. Pegar um sol.
Em seguida, te ligo e vou pular o "alô, tudo bem?". Vou direto no: "para onde vamos?". Tah?

Falando em Mallu, Shine Yellow é bonitinha. Ouvi por acaso aqui, ó.

23 novembro 2009

2012, 93 e eu não sei o que os pinguins fazem aqui

Fui assistir a 2012 no cinema porque eu queria abduzir a minha mente por duas horas. Consegui.
É tão, tão, tão cheio de clichês que constrange. Para colaborar, a gente na cadeira meio que olha pro lado, mexe no cabelo, consulta o relógio, dá uma olhada no celular, pra evitar o cara-a-cara com o clichê, fazer de conta que não viu, porque é demais. Mas tudo bem. Não acho que não tenha valido a pena o ingresso. Não, não acho. Valeu sim.
Eu até chorei! hahaha É verdade que choro até em comédia, mas não é verdade que choro por qualquer coisa... Não, não e não! Eu choro por coisas inusitadas nos filmes, às vezes... Não é óbvio. Deixa eu pensar um exemplo... hm... hmm...
Lembrei: eu não chorei na Marcha dos Pinguins. Aliás, eu tinha vontade de rir muito enquanto assistia ao documentário. As pessoas ao meu redor fungando, assoando o nariz, em lágrimas, eu olhava para elas, olhava pra a tela, olhava para elas, olhava pra tela e pensava.. hellooooo, gente?!?!? Por q vcs estão chorando??? Aquela narração do filme, um texto sofrível, aquele monte de pinguim enfileirado, saltando pocinhas, geleiras, geleiras, geleiras... Vou te contar... Ri muito, por dentro.

2012 me lembrou outro filme, que vi há um tempão, o Voo 93, sobre o 11 de setembro. O que melhora o Voo 93 é justamente o que piora o 2012.
Assim: Voo 93 é tão absurdo, tão sem q nem pra q, que o que o torna "bom" é o fato de aquilo tudo ter acontecido de fato. Em 2012 é o contrário: o fato de existir uma profecia maia sobre o fim do mundo, e isso por si só já ser tratado de forma meio torta pelas pessoas, pejorativa, só joga contra o filme. Acho que as pessoas o receberiam de outra forma caso fosse apenas uma ideia nascida na cabeça de um diretor ou de um roteirista.
E, depois, tem uma coisa... é difícil mesmo "filmar" o fim do mundo neh? Coitados dos caras... (se bem que eu acho que eles se divertiram muito quando vi a cena dos carros como alternativa para salvar todo mundo no avião). Como vc faria um filme sobre o fim do mundo sem encher ele de clichês? Na boa, então: paga o ingresso, senta na cadeira e relaxa. É cinema! Não é para ser real. Ao menos, espero que não.... não em se tratando de 2012, assim, tão pertinho agora.
Mas o mais importante a dizer sobre 2012 não é isso. É outra coisa. Anotem aí, é muito importante. Ponto final, nova linha, travessão:
- o Sasha não precisava morrer, ok? Não precisava.

13 novembro 2009

Um post "Radical livre"

Acabo de sair do último painel da Semana ARP da Comunicação, no qual se falou muito sobre relevância. Então, deu vontade de escrever aqui sobre coisas extremamente...
... irrelevantes. Ou não (como diria, apesar de nunca mais ter dito, o Caetano. O Veloso).

Aliás, o bambambam da vez, o cara que falou no painel esse, contou que na agência dele tem os chamados "radicais livres". São caras pagos para pensar e falar... merda. Ele não disse isso, mas é tipo isso. Caras pagos para serem irresponsáveis, proporem as coisas sem filtro. Id total. Sem egos ou superegos (alguém sem ego numa agência de publicidade??? isso existe??? bem, parece que sim). Brainstormens, eu diria. Adorei. Esse é um post-radical livre. Ou seja, vou falar merda. Eu pretendo.

Aliás, esse bLOg poderia se chamar Aliás, neh? Como escrevo Aliás nesse negócio...

Aliás, por causa da cobertura da Semana, eu conheci a suíte presidencial do hotel Sheraton. E, olha, vou te dizer... é... decepcionante! Nem a vista lá de cima é tudo isso. Sou mais a minha casinha com tatames e sem nenhum sofá. Mas, of course, o seu Sheraton não está nem aí pra minha opinião, nem me contratou (ou contrataria) pra ser seu radical livre, pra ouvir uma merda dessas... desculpa aí, seu Sheraton!

Me intriga muito, muito mesmo, o itinerário do T9. Ao menos, o trecho que me leva do meu bairro para o Moinhos de Vento. Eu já usei a linha várias vezes, e essa semana ainda mais por causa da Semana (agora, com maiúscula!), e continuo com a sensação de que nunca, nunca, nunca, jamais, em tempo algum, como diz o Lula, eu conseguiria decorar o itinerário do T9. Acho que os cobradores não decoraram, o que sobra pra mim, passageira eventual? Já os motoristas acho que contam com um GPS para conseguir. Não tem outra explicação! É muita volta! É muita ruazinha. E o mais enlouquecedor é que ele dá volta, volta e volta, vira à direita, vira à esquerda, vira direita, vira à esquerda e (pasmem) são sempre as MESMAS ruas! Pordeus, cuida as placas e comprove. Ou tu tah entrando ou tu tah saindo da Silva Jardim. Ou tu tah entrando ou tu tah saindo da Artur Rocha. Ou tu tah entrando ou tu tah saindo da Carlos Trein Filho. Só que nisso já se passaram uns 15minutos! A impressão é que ficamos girando! O que me leva a pensar que o meu destino, na verdade, é ao lado da minha casa, basta dar um passo pro lado, e só eu não sei!

Aí que eu estava deixando o salão onde o painel aconteceu nesta noite, me dirigindo ao elevador, entrei no elevador, vi uma pessoa se aproximando, e a luz se fez. Brilhou, como diz uma amiga minha. Entendi, descobri como surgiu a ideia desse... desse... desse... não sei, patético?, não sei... desse "novo" sinal de trânsito que as pessoas podem fazer pra atravessar na faixa de segurança. Sabe? Pá! Estende a mão e vai, como um soldadinho inglês.
Surgiu da seguinte situação: você quer pegar o elevador, tah? Aí vc chega ao hall que dá acesso ao mesmo (tinha de usar "o mesmo" num textinho sobre elevador, claro...) e vê que o mesmo já está partindo, mas tem lugar pra mais gente. Naquele átimo de segundo (átimo? não sei o que é, mas vc entendeu...), você decide que vai pegá-lo, afinal, vc está cheio de coragem aquele dia (ou simpatizou com a turma lá dentro, ou tah atrasado ou simplesmente sem saco de esperar o próximo). Aí vc apressa o passo (olha o soldadinho inglês se apossando do teu corpinho...), apressa o passo e... pá! Estica o braço, estende a mão entre as duas partes da porta do elevador, a fim de evitar que elas se encontrem, e mergulha pra dentro, com segurança. Ufa.
Foi daí que veio esse gesto aí da faixa de segurança. Claro que foi!!!!
Como é a necessidade que faz criar a coisa (olha a relevância aí!), deduzo que sempre tivemos mais receio de mergulhar num elevador que está partindo do que de atravessar uma rua, neh? Tínhamos mais medo de ficar esmagados na porta do mesmo (o elevador!!) do que de atropelamentos... senão, o bracinho esticado a la soldadinho inglês teria nascido primeiro nas ruas e não nos halls de elevadores!!!

Vem das ruas uma mania esquisitíssima que eu tenho. Não sei de onde surgiu isso, quer dizer, eu sei sim, mas agora não seria irrelevante contar (rsrsr). É o seguinte: eu fico olhando placas de carros, conferindo a numeração delas.
Tá, eu disse que era doido. Às vezes, tonteio tanto quanto quando ("tanto/quanto/quando", bah, nunca pensei que isso pudesse fazer sentido junto) estou no T9. Porque são muitos carros juntos, neh, e eles ficam passando, passando, passando, e eu quero olhar a placa de todos. Pra quê? Ah sim, explico: se eu encontrar uma repetição de números em dezena ou unidade, tipo 9090 ou 3333, significa que alguma coisa que eu estou desejando muito tem boas chances de acontecer ou que alguma coisa muito legal vai acontecer; agora, se eu encontrar a combinação contrária, tipo 0330, ou 2552, significa que não. Então, eu faço um joguinho, pra ver quais tipos de placa vejo mais. Um placar das placas!
Tah, eu sei, é doido... mas eu descobri coisas curiosas nessa brincadeira. Descoberta 1: as pessoas tendem a estacionar seus carros quase sempre nos mesmos lugares em toda a cidade, porque eu já sei onde tem carros em que vou encontrar placas "do bem", então, às vezes eu "roubo" no joguinho rsrsrs. Descoberta 2: as placas "do bem", com números repetidos, tipo 3333, 9090, são mais comuns (aliás, muito comuns!) em carros novos e/ou bacanões. O que me leva a pensar que as pessoas escolhem essa numeração para suas placas. O que leva a pensar que, sim, a repetição de números tem sim um significado especial!
Agora, depois de ler esse post, tenho certeza de que tu vai "olhar diferente" pruma placas dessas quando ver uma. Hahaha... E não teria sido assim que nasceram todas as superstições?

Por fim, a última merda do post é... (não, acho que ainda não é a última) sobre o contador de visitas desse blog. Aquele numerozinho que fica lá embaixo e que diz quantas pessoas passaram por aqui. Não acho que seja um número confiável, mas o programinha me dá outras informações curiosas. Me diz, por exemplo, como as pessoas chegam ao meu bLOg. Além de outros blogs trazerem para cá, há as pesquisas no Google.
Tem muita gente que pesquisa "blog Loraine Luz", ou seja, tem gente me procurando!!! Ou procurando os meus pensamentos - o que pode ser bem diferente. Mas tem outras pesquisas que levam a postagens específicas, fazendo delas "as mais mais". Aí, é meio engraçado o resultado. Um dos post que mais aparece é este. As pessoas pesquisam muito sobre como eliminar as mosquinhas de banheiro!!! hahahah Eu respondo: limpe o ralo! Outro bastante "pop" é este aqui. Porque tem muita gente pesquisando coisas como "fulano me comeu de quatro", tipo isso. Nessa linha, tem esse aqui também, porque a galera vai no Google em busca de vaginas.

Tudo isso eu pensei em escrever aqui enquanto vinha embora pra casa dentro de um giratório T9. Não sei se foi culpa do ônibus, que me tonteou no seu louco itinerário, mas a ideia era apenas escrever irrelevâncias. Mas acho que foi culpa da palestra do cara esse... culpa das ideias, da estimulação. Aliás, belo painel. Adorei o cara.
Mas sério: ouvir as pessoas, ouvir histórias reais, e não papinho furado, gera energia. Me deu um gás meio incontrolável de pensamentos... ainda que aparentemente inúteis e irrelevantes. Ou não, vai saber... No meio de um monte de merda pode vir uma pérola... olha os radicais livres...
Por isso que eu digo: a gente tem de dizer o que sabe, o que aprendeu, o que sente, contar, compartilhar. Isso gera movimento, onda, estímulo, mesmo que viremos todos radicais livres sem remuneração.
Aliás (putz, escrevi de novo essa porra do aliás), o cara da palestra essa falou de um esquema de estimulação que ele criou na agência dele: tem as equipes alfa, beta, gama... estimula os alfa, até que os beta são impactados, estimulados, e a energia chega nos gama, e assim vai... Saltos quânticos, tah ligado? (isso ele não disse, eu pensei). Assim que nasce uma grande ideia, a BIG IDEA, tema da palestra dele. Mas, claro, tem de ter relevância. Os radicais livres não são pagos para terem ideias relevantes, mas podem vir a tê-las, a relevância está neles mesmos. Eles são o chão de fábrica, entendeu? É ali que tudo pode começar.

Relevante é algo que é verdade.
O que é verdade não morre. Se desdobra, cresce, se multiplica, evolui, permite conexões. Mentira tem um fim em si mesma - porque, se avançar, quanto mais "evoluir", mais frágil fica.

Aliás, essa é uma pergunta relevante de se fazer: o que é relevante na vida? Teu emprego é relevante? Teu carro é relevante? Teu pai, tua mãe, teus irmãos são relevantes? Teus amigos são? Todos? Jura? Teu namorado/namorada é relevante?
Ou são apenas circunstanciais, estão aí porque, sei lá, aconteceram e é conveniente, e conveniência não é crime? Tipo... preferir encher o campo de volante a arriscar um terceiro atacante.
Se a resposta não tiver muita convicção, a porção radical livre da gente se levanta e berra: tu é um cagalhão!!! Eu sempre que ouço um "tu é uma cagalhona!!" da minha porção radical livre, bah, eu não consigo dormir até fazer alguma coisa. Mas podemos fazer de conta que não ouvimos, claro, sempre podemos.
Pronto, essa é a merda final.


***

Sei lá, acho que termino a maior parte dos meus post de um modo meio chato, moralista. Não é bem isso, mas tipo isso... Vc pode achar isso também, se agarrar a essa impressão, até porque ela é conveniente, e fechar os olhos para o que eu quis dizer. Fazer de conta, fazer de conta, fazer de conta... No geral, o resultado do que se escreve depende do que o leitor decidir.
E pra tudo nesse mundo, boa vontade é sempre bem-vinda.

10 novembro 2009

O brownie do Goethe

Gosto bastante de cobrir a Semana ARP da Comunicação. O tema me agrada: tendências em comunicação, o para-onde-vamos quando queremos comunicar com eficiência uma ideia, um conceito, num mundo tão cheio de estímulos e de pessoas ora desatentas demais, ora criterioras e exigentes demais.
Por mais que a gente saiba que, na vida real, a teoria é... só teoria.

Passo tardes e noites no bairro Moinhos de Vento, onde os painéis acontecem, principalmente no simpático Instituto Goethe (ah, essa minha simpatia genuína e gratuita pela Alemanha!). O Goethe é o lugar em que o aluno chega, passa no bar, pega uma cerveja e sobe para a sala de aula. Ou será que estou imaginando coisas? Juro que já vi essa cena lá.
(parêntese: a Uniban aprovaria??!?!? hehe fecha o parêntese)
Aliás (mais parênteses...), o bar do Goethe é uma delícia. Do ambiente a tudo o que tu consumir lá, do chopp ao café expresso. Sugiro um brownie que é criação do bar mesmo. Um bolinho com açúcar mascavo e um quadradinho de chocolate no centro. Eles aquecem um pouquinho no microondas e o chocolate molinho faz a diferença. Se preferir algo salgado, sugiro as empanadas, claro.
Por que não vou mais vezes ao bar do Goethe? Não sei... ah, sim: porque minha vida quase não passa pelo Moinhos de Vento... hmmm, que saco essa nossa mania de frequentar só os lugares por onde passamos pela frente cotidianamente...
Aliás... sobre o Moinhos de Vento... depois de uma semana por lá, acho que preciso passar umas duas tardes na Voluntários da Pátria ou na Azenha. Como contraponto. Sabe como é... muito Moinhos de Vento na cabeça a gente perde a noção...

Bom, mas o que ia dizer aqui é que uma das primeiras palestras que assisti me lembrou um assunto sobre o qual pensei em escrever uma vez.
O palestrante, diretor de uma agência de publicidade bambambam aí, veio falar sobre integração. Na agência dele, tudo foge do convencional. Pra começar, eles trabalham numa casa, com piscina, sala de estar, churrasqueira... as pessoas se espalham por lá, ficam onde querem ficar. Não raro as coisas são solucionadas durante um churrasco improvisado no final da tarde - daqueles assim, de última hora: vai ali compra carne, carvão, cerveja e era isso. E se quiserem tomar um banho de piscina enquanto pensam algum projeto que tomem... Como uma casa de verdade, tem até um gato que eles adotaram.
Não tem hierarquia de "empresa", nem pinta de escritório. E ele falou isso: que nos cartões de visita deles, os cargos são denominações bem vagas mesmo, porque isso é o que menos importa. O que vale é o que tu é afim de fazer. Então, uma hora tu vai acabar naturalmente "chefe" de um colega num projeto, que poderá ser teu "chefe" num outro projeto... As hierarquias são flutuantes, porque elas realmente não interessam, Interessa é tu colaborar com o teu melhor praquele negócio sair melhor.

É a implosão, o esfarelamento das convenções vazias.

Daí eu lembrei do filme Tratamento de Choque, com o Jack Nicholson e o Adam Sandler. Quando o personagem do Sandler vai pra primeira sessão com o psiquiatra vivido pelo Nicholson, o médico pergunta para ele: "quem é você?"
O Sandler dá várias respostas, muitas delas nós daríamos, tipo dizer a profissão, tipo dizer de quem é filho, onde nasceu, tipo dizer o cargo que ocupa... Para todas as respostas, o Nicholson rebatia: "Não, eu perguntei quem você é."
Nada servia.

E a gente nem sempre precisa de um psiquiatra doidão como o Nicholson para ver essa pergunta piscando no espelho do banheiro logo que a gente acorda de manhã (se é que a gente conseguiu dormir...). Eu quero dizer que "as coisas da vida" (da vida vivida mesmo) te colocam a pergunta: ei, quem é você? Se tudo te for tirado, o que fica?
O que é que fica? Qual a origem de tudo?

Daí lembrei também que recentemente duas coisas meio que implodiram com a minha profissão - se levar em conta o modelo convencional de profissão.

1) Me refiro à reforma ortográfica, sem que nem pra quê. De uma hora para outra, quem sabia escrever não sabia mais e quem nunca soube passou a acertar sem querer ou se dar conta. Resultado: não existe mais jeito certo de escrever.
2) O fim da obrigatoriedade do diploma para ser jornalista.

São mudanças relevantes, mas que na prática não tiveram nenhum ou quase nenhum impacto na minha vida. E tinham tudo para provocar, né? Houve um implosão total, sim, mas reveladora do que era fake e do que era real.
Ao implodir, ao ir pros ares o que era convenção, ficou só o que importa: eu gosto de escrever. A origem de tudo. E ponto.

Se tudo implodir, se tudo "te tirarem" (se tiraram não era teu...), fica só o que é.

O que importa é o que você sabe fazer e o que você gosta de fazer - duas coisas que, aliás, não têm de estar separadas e que juntas dão boas pistas de quem somos. Melhor: de quem viemos ser nesse mundo.

Esses são os "novos cargos" dos "novos empregos" do mundo. É um pouco do que o cara disse na palestra: os melhores trabalhos/resultados estão nas mãos de pes-so-as (e é elas que estão sendo "contratadas", é para elas que existem "empregos"). Capacitadas, com cursos disso e daquilo, sim, mas antes de tudo pessoas inteiras, e isso quer dizer que a emoção, a subjetividade, as sutilezas, as imperfeições, a bagagem pessoal, o teu jeito só teu, enfim, todo o kit de que somos compostos pode (e deve) estar junto. Porque é o que faz diferença. Porque é o nosso melhor.

É o quadradinho de chocolate amolecido no centro do bolinho.

Na publicidade/propaganda, fazer a diferença é o desafio (será que o brownie tah vendendo bem?). Mas será só na publicidade?

***

Agora, nesse exato momento, assisto a um painel em que a ARP discute o fim ou não do Salão da Propaganda e do Anuário... O troço virou um "elefante-branco", sem relevância - palavras deles, ali no palco. Ou seja, tá implodindo, esfarelando.
Nessa fase, há tensão... apegos... ansiedades... discussões acaloradas... Parece que não há saída (já são quase duas horas de falação...).

Mas logo, logo, eles vão descobrir o que fica. O que é. O que importa. O que vale.
Porque quando tudo desmorona, fica só o que é.
Claro que da missa não sei nem a metade, mas a impressão que tenho é que eles criaram um troço muito legal, que é a Semana da Comunicação, e em vez de valorizar isso estão olhando pro peso-morto do Salão...
Tipo assim... lembra do programa do Silvio Santos em que as pessoas entravam numa cápsula onde não ouviam nada e tinham de dizer sim ou não quando uma luz vermelha acendia dentro da cabine? Aí o Silvio Santos perguntava: "Vc troca um carro zero por um par de meias sujas?", e o cara dentro da cápsula, surdo: "Siiiiiiiiiiiimmmmm".
A ARP tah dentro dessa cápsula.

02 novembro 2009

Irevir

Foi na quinta-feira, véspera da abertura da feira do livro, que eu cruzei a Praça da Alfândega e aquele monte de árvore, aquele monte de jacarandás tão roxos - muito mais roxos do que o roxo poderia ser - me protegeram do calor que fazia. Tudo praticamente pronto para a feira, barraquinhas recebendo livros, o vaivém de quem organizava tudo, a promessa de movimento, de comunhão de ideias, de energia mental.
Cruzei a praça devagar, vendo as pessoas que tomavam café no Margs, o atendente com o cardápio na mão me sorriu, ali na frente uma equipe de TV preparava uma matéria, logo ao lado passei pelo Santander, que recebe parte da Bienal, depois a banca de revista lotada de publicações - como as pessoas têm o que dizer neh?
E segui por entre os carros, lotações, motos, táxi... e pessoas, pessoas, pessoas. Ali na frente, a praça Montevidéu (marco zero da cidade?) em frente à "prefeitura velha", a fonte majestosa e muitos pombos, pombos, pombos... no largo Glênio Peres, uma tenda gigante abrigava um "festival de flores".
Desafiando o calor, entrei e, entre as estandes de flores, um casal mambembe se apresentava. Usava uma bicicleta de uma roda só, como de circo, a moça grávida. Pensei na vida que levavam, trabalhando ali, naquele forno. O que aquilo poderia ter a ver com flores? As palhaçadas no palco não eram tão divertidas assim, mas o senhor com jeito de morador de rua sorria o seu sorriso sem dentes. São sempre eles, os moradores de rua, que se divertem com as encenações de rua, já notou? Eles não tem nada a perder, é isso. Estão relaxados... a maioria de nós assiste a coisas desse tipo valorizando demais o nosso próprio divertimento. A moradora de rua, com jeito de "fugi da pinel", dança sozinha a música q sai da vitrolinha do tio, logo em seguida, quando saio da tenda, confirmando o que eu disse. Parece muito feliz, nem aí para quem passa, nem aí para seu vestido transparente.
Bem perto, uma vendedora tem suco de morango "natural" a 1,20... não sei não... e morangos foram naturais algum dia? E aqueles ali perfurados por um palito, envoltos no chocolate, resistem ao calor?
Então já estou dentro daquele-mundo-Mercado Público... O entra-e-sai, a mistura de ofertas, de rostos, cheiros, corpos e sons... Ali fora, o que fazem aquelas pessoas sentadas nas mesinhas de bar? Quem pode com um cachorro quente daquele tamanho sob um sol desses? O tio que fuma sozinho numa mesa na sombra parece capaz de passar o dia inteiro ali, a criança que empurra pra longe a mamadeira oferecida pela mãe cheia de sacolas. A negra gorda que espreme os seios fartos dentro de uma blusa de tecido brilhante e escasso sorri a boca vermelha para algo que o homem ao seu lado diz. Bebem cerveja Antartica no meio da tarde. O mendigo encostado na porta da padaria fala alguma besteira ou pede algum trocado, não entendo, duas meninas esticam o braço interrompendo quem vem ou vai oferecendo folhetos de uma operadora que não são pegos por ninguém... o garçom vestido de garçom como se noite fosse anota mais um pedido enquanto quatro mulheres berram para que ele vá atendê-las.
A caminho do ônibus, juro que pensei: Porto Alegre é muito legal.

Mas aí eu fui pra Florianópolis, e aqueles morros todos, aquele verde, aquele mar, aquelas praias... e, putz, eu pensei: Porto Alegre não é tão legal assim. Podia ser melhor. Mas também é verdade que, por uma questão de estilo mesmo, Floripa deixa a desejar culturalmente. Ah, sim, estereótipos, eu sei... vai ver os catarinas não têm o cérebro tão devagar assim... ok, e aí dá para dizer que Porto Alegre também não e tão desprovida assim de verdes, morros... afinal, e o badalado pôr-do-sol?
Mas te convence? Não. Questão de estilo de cidade.
O fato é que uma hora o morro-e-mar cansa e a gente quer um pouco de cérebro. E é verdade também que uma hora muito cérebro enche o saco e a gente quer um pouco de morro-e-mar. Então, tem de ir e vir. Não sei se de Porto Alegre pra Floripa, e vice-versa, mas com certeza de um lugar pra outro, seja quais forem.
Ir e vir.
Ir e vir.
Ire vir.
Ir evir.
Irevir. A melhor cidade pra morar é Irevir.

28 outubro 2009

Fontes

Foi o que eu escrevi no loraineluz.wordpress.com, que anda tão abandonado, nem contei mais lá o que estou fazendo "no mundo dos adultos que trabalham, produzem etc etc etc", mas enfim eu disse lá: o jornalismo me salvou de uma vida medíocre (no sentido de rasa, pobre).
Nem sempre é prazeroso, nem sempre é fácil, nem sempre tô afim, mas é fato que minha profissão me coloca em contato com o conhecimento de gente com diversas outras profissões/outras experiências de vida. São minhas fontes para escrever sobre tudo - pretensamente sobre tudo, eu sei, é o risco, fazer o quê.
E porque o jornalismo "te obriga" a ir lá, perguntar, pensar, perguntar de novo, refletir, entender para poder passar adiante, por causa disso eu gozo.
ops!
ahaha, era só para te acordar, leitor querido. Presta atenção, pô, o papo é sério.
Quero dizer que tenho enorme prazer ao deparar com uma fonte que sabe muito e, generosamente, me conta o que sabe a respeito daquele tema. Puxa, ela confiou em mim!
Talvez, em alguma medida, esteja aí a atração que toda essa parafernália blog-twitter-msn-facebook exerça sobre as pessoas: compartilhar o que se sabe, o que se vive, e ficar sempre com esse gostinho bom de que estamos aprendendo/somando/avançando. Juntos.
Bom, voltando... E, como aconteceu comigo esses dias, sempre que um jornalista depara com uma "fonte fodona", ele sabe que tem pela frente um desafio: fazer um texto à altura dela. E aí, vc pode imaginar: frio na barriga, cara pra bater, horas na frente da tela ou do papel em branco até ter certeza de que "ei!, já sei!, é por aqui!" e se atirar naquele puf de novas ideias e conhecimento ainda fervilhando dentro de ti.
Gozo, gozo... De doido, mas é. Gozo é gozo, não importa por onde neh? (ooooooopa!)
Ah, claro, tem fonte que não rende, aí quem escreve vira meio mágico, sei lá... texto-cumpridor, sem tesão.
Mas talvez seja mais do que uma fonte boa, com bom conhecimento. Sim, é mais. Porque tem fonte que sabe mas não diz muito, não confia, sei lá, não rola a sintonia, sabe? Então, do contrário, quando a conexão existe, por N motivos, nesse caso então a fonte é um catalisador. Ela te puxa, te sacode. Te desafia.
Como tudo, se for pensar. Nos treinos, por exemplo: você se "puxa" mais quando quem treina junto é melhor do que você. Ou, se você é melhor em algo, é claro que exerce uma influência sobre os demais. Essa interação entre as pessoas explica muita coisa, inclusive o fato de a roda girar, o mundo ir pra frente. Em meio a pessoas com pensamentos e atitudes bacanas, daqui a pouco você está contaminada (o contrário, "pessoas cloud", é verdadeiro também). E assim vamos todos, meio embolados, ajudando e sendo ajudados, só pela presença.
Mas é preciso estar presente, de fato. Em corpo e vibração, fisica e - sei lah - espiritualmente. Não? (quando a fonte diz o que vc, pessoalmente, estava precisando ouvir e aquilo ali serve para a tua vida, bah, daí eu acho que foi um presente da vida sim).
Não?
Hm, talvez sim, talvez não.
Não ter explicação para tudo - por mais fontes que se consulte - também faz parte.

22 outubro 2009

Darwin avisou

Quem, quem, quem já viu a kombi da Bienal com coqueiro plantado dentro? Eu já, eu já.
E quem se entende no site da 7ª Bienal? deusdocéu... aquilo é em si uma instalação pós-moderna... Ainda existe essa palavra? Onde fica a pós-modernidade? Ah, começou já? Quando? Ah, tah, sim, já terminou, aham, ops, passou... puuuuuutaqueopariu... nem vi. E agora?
Sempre que eu via a linha aquela que as profes de História desenhavam no quadro, eu me angustiava. Sabe a linha aquela? Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea.... porque estava claro pra mim que os nomes dados tinham chegado ao seu limite... não havia mais nomes a dar aos períodos (por isso caímos no prefixo... pós... todo prefixo é um caminho sem volta). E isso era mais do que um problema etimológico! Era filosófico! Estavam decretando o fim da linha. Ah, a História... sempre me angustiou essa disciplina na escola... porque eu sabia, eu tinha certeza, eu sentia, que não tinham me contado tudo, não teria tempo nem como. E todo professor, por melhor que fosse (e tive muitos bons, eu os amava), todo professor de História é meio loser.

No meio do treino de natação, vem da aula de hidroginástica uma música antiguinha do Cidade Negra: A Estrada. A parte que caiu no meu ouvido foi bem essa:
Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir, eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio
Chorei ei ei ei
Ei ei ei ei ei ei ei
Lembrou? Adivinha o que pensei? Dica já dada: EU ESTAVA TREINANDO. Adivinhou? Aiê, que devagar vc é... tah, vou dizer... Eu pensei que essa música podia ser a Melô da Corrida de Aventura!
Melô.. ainda existe esse termo? Nossa, agora me puxei. Melô, de melodia, morô? Parei no tempo... não é pós-moderno esse termo. Mas corrida de aventura é bem pós-moderno neh?

Quem, quem, quem já viu o finlandês no T7? Eu já, eu já. Não, ele não é da Bienal. Vejo ele bem antes disso: uma figura que chama atenção, ruivo, cabelos longos, cara de sei lah... húngaro. Na real, ele não é finlandês, ele é brasileiro mesmo, nasceu na Amazônia!, com pais finlandeses. Por isso ele fala finlandês. No ônibus. Ele sempre dá um jeito de falar no celular no ônibus pra que as pessoas percebam ele falando numa língua estranha. Põe estranha nisso! Tanto que parece japonês. Por isso o guri atrás de mim perguntou:
- É japonês?
E o finlandês:
- Hein?
Daí o guri-atrás-de-mim achou que ele não falava português.
- Do you speak japanese?
O finlandês (ah, tah, eu sei que já disse que ele não é finlandês, é brasileiro... tah, tah) disse que não.
Aí entra uns barulhos, não consigo ouvir o que falam, em inglês, mas quero saber que diabo de língua é aquela! Eis que daqui um pouco o finlandês fala:
- Eu falo português!
O guri-atrás-de-mim, aliviado:
- Ah taaaahhh.
Foi a partir daí que eu soube que ele nasceu na Amazônia e os pais são finlandeses etc etc O que faz ele em POA? Sei eu! Aí o guri-atrás-de-mim desceu do T7 e, não deu alguns minutos, adivinha o que aconteceu? Vai, adivinha, tchê! Mas tu tah devagar hoje... Aconteceu que... o finlandês (tah, eu sei que ele é brasileiro!!!).. o finlandês começou a... FALAR NO CELULAR em finlandês, claro.
Um finlandês que nasceu na Amazônia andando no T7 em POA é pós-moderno.

Os ônibus são ambientes bem ricos. Por isso, mesmo que eu compre um carro, vou continuar andando de ônibus. Porque eu adoro ouvir histórias. Tem as dos guris de skate que vêm dos arredores do Anchieta - eles todos têm cara de guri-dos-arredores-do-Anchieta (o colégio). Com seus skates, eles saem da Nilo pro Marinha. Então pego o T7 direto com eles. As histórias deles são sempre muito boas. Tão cheias de gírias (?) ou termos "vazios", tipo interjeições (que dizem tudo!), que até parece finlandês! hehehe exagerei. Adoro os guris na adolescência. Era um prazer conversar com eles quando eu reporteava pro Zerou, na ZH. Eles são melhores do que as gurias.

Mas a grande história está sempre por ser contada. E a maior e mais importante delas, em qualquer língua, segue uma única regra, como já disseram/dizem e sempre dirão os artistas: seja corajoso o suficiente para viver com o coração. Vai doer, vai ser difícil, mas eis os que sobreviverão: os que viveram com o coração. É fato, não escaparemos. Será como uma nova seleção de espécies. Darwin avisou.




19 outubro 2009

Umbigo

O pilates e a yoga nos apresentam o transverso do abdomen. Na real, a gente conhece ele há tempo, apenas "faz que nunca viu", rsrsrs... : o transverso do abdomen é o que nos permite "puxar a barriga", encolher - pra entrar dentro de uma calça, fechar o zíper, lembrou?
Então, acho que o mais correto seria dizer que o pilates e a yoga nos apresentam a força do transverso do abdomen. Todos os exercícios ou posições passam, de alguma forma, pela contração desse cinturão - evidenciada na expiração.
No pilates, especificamente, o momento de aplicação da força, da ação do movimento ocorre durante a expiração. O que quer a instrutora? Que a gente contraia o transverso, torne-o mais forte. Mas é mais do que isso. Eu acho.
Acabei me dando conta de que a força, o movimento... a ação em si é mais força, é mais movimento (consciência), é mais ação exatamente porque o transverso foi contraído. Hmm. Esse transverso... sei não... tem algo de especial ali. Experimenta. Qualquer coisa que você faça no momento que expira, ou seja, quando contrai o cinturão - qualquer coisa, eu disse - , será feita com mais intensidade, mais potência. Parece que tua vitalidade se acomoda na ponta de uma flecha e acerta o alvo.
Algumas linhas de massagem também se baseiam na força vital de nosso "centro". Dizem que o massageador deve se posicionar de modo a, ritmicamente, irradiar sua força sobre o outro a partir do seu abdomen. Não só cansa menos membros superiores como também, de fato, transfere para o massageado uma energia mais potente e limpa.
Hmm.
Com uma amiga fisioterapeuta eu também falava sobre isso esses dias. A rigor, os exercícios que visam a corrigir ou fortalecer áreas do corpo não parecem ter mudado muito ao longo dos anos. O que mudou é a consciência com que os fazemos. E para fazer com consciência, fazemos mais lentamente. E, fazendo mais lentamente, acionamos músculos mais profundos. E quem é o grande aliado (porque associado à respiração também... uma coisa leva à outra) nisso tudo? O transverso do abdomen. Mantê-lo contraído durante a série é o desafio e a chave de tudo.

E a meditação, a queridinha do momento? Quer meditar? Respira (ó, o transverso novamente).
Pois é... então... nossa consciência está na barriga! No transverso, e não na mente.
Qi, Chi, Ki, Prana... em chinês, japonês ou hindu, energia = respiração. Tudo transverso do abdomen. Nossa usina de força - em músculos e intenção.

É por isso que, quando me dizem "pensa em Jesus" ou "pensa em Deus", eu penso no meu umbigo. Deus mora ali.
É por isso que penduramos piercings no umbigo, para enfeitar o altar.
É por isso que é furadinho - foi o dedinho de Deus.
É por isso que os bebês ficam ali.
É por isso que o João Penca & Seus Miquinhos Amestrados cantavam nos anos 80: "Eu vou choraaaaar / Lágrimas de crocodilo / Vou inundar o seu umbigooooo"
É por isso que é bom deitar a cabeça no colo/barriga de alguém e ganhar cafuné.
É por isso que é bom beijo de umbigo.


Correções sobre o post anterior:
1) Mizuno é com um Z só.
2) Meu contador nem é tão Sr dos Anéis assim. Exagerei um pouco. É como dizem por aí: se a versão é melhor que a realidade, publica a versão! E deixa a verdade pros filósofos e pro Caco Barcellos e seu pretensioso Profissão Repórter. (brincadeirinha...). Mas ó: depois da confusão, ele (o contador, não o Caco) me recebeu assim "Tu tá braba comigo?". Hahaha, tive de rir. Do bem, ele. No fundo, é isso que vale: gente do bem.

09 outubro 2009

É o fluxo

Aí vai um texto longo (fato). Mas divertido (expectativa).

O "meu" contador seria fácil, fácil um personagem de O Senhor dos Anéis. Figurante, que fosse. Careca, com cabelos - completamente brancos - apenas do alto da orelhas para baixo. Longos fios que alcançam os ombros.
Mas longas mesmo são as mãos dele. Enormes, desproporcionais. E olha que ele é grande também, mas as mãos são grandes até para ele mesmo. E, meio gigante, se debruça sobre o computador - máquina "moderna" que destoa no ambiente onde ele dá expediente. Me dá nos nervos entrar lá. É como se tivesse viajado no tempo. Em que momento entrei na máquina do dr Brown? (De Volta para o Futuro).
O problema são as caixinhas-arquivo de papelão. São muitas, por todos os lados. E os arquivos pretos, e as pastas pretas, e aquele monte de formulário, minha nossa. E aí ele vem com umas palavras... daquelas que sobrevivem/resistem apenas no assombrado mundo da burocracia: boletos, certidões negativas, requerimento, vias, socooooorro. Até os emails dele parecem vir de algum lugar do passado: ele escreve como se fosse carta, sabe?, abre parágrafo, espaçamento pra início de frase...
Toda vez que vou lá, ele repete as mesmas coisas, numa paciência impaciente. É que ele já viu que eu não "registro" as informações e sempre vou perguntar tudo de novo, a cada mês, a cada nova necessidade nesse mundo freelancer. Então, ele suspira fundo, pousa aqueles dois boings que ele usa como mãos sobre a mesa e me explica com ar de "eu-sei-o-que-tô-fazendo". Explica mesmo, até o que eu já sei (que é pouco), me tirando pra tonta mesmo. hahahah.
Explica aí, tio, porque realmente não vou guardar espaço no meu HD para informações contábeis, ah, não vou messssssxxxmo.
Fazer minha declaração de imposto de renda sozinha é o meu limite de independência. Limite, aliás, que estou revendo.

Mas hoje o Senhor dos Anéis (ou seria o Senhor das Caixas-arquivo de Papelão?) se superou. Não é nada demais, apenas mais um "capítulo" de uma semana meio truncada em termos de "burocracias" e também porque foi engraçado o constrangimento dele. Me garantiu, com aquele ar "eu-sei-o-que-tô-fazendo", que tinha na mão um documento de que preciso e, quando o motoboy chegou lá para pegar, ele não achou! Não achou!!!
... é muita caixinha-arquivo de papelão, tchê.

Mas a coisa tá trancada mesmo desde o início da semana. E é interessante perceber o fluxo reprimido e se dar conta de que só resta esperar. Afinal, não tenho muito o que fazer, apenas ir fazendo o que dá, tranca lá, vai por ali, tenta depois, o que precisa ser feito terá de ser feito e não adianta espernear. (bem que eu queria ter essa consciência pra tudo na vida).
Outro exemplo engraçado: tenho uma dúvida aparentemente simples, ligo prum banco aí, e começa o labirinto. Vão me passando de pessoa pra pessoa, até que... cai a ligação. Uhu. Ótimo. hahah... Deixo pro dia seguinte, porque preciso ver outras coisas. No dia seguinte, aparentemente encontro a pessoa que vai me tirar a dúvida, mas... o ramal dela está ocupado. Bem ocupado... infinitamente ocupado. O que a Loraine-esperta pensa? Ah, quem sabe mudo UM dígito no final do número e cai bem do ladinho dessa pessoa, no ramal vizinho?
Belíssima ideia, hein?
Pimba. Deu certo. Tá tocando. E alguém atendeu! E é uma moça simpática, apesar de o início da ligação ter tido um barulho entranho, o que me fez não ouvir seu nome e sua "apresentação" do tipo "banco tal". Mas ok. Explico a situação, ela me dá TODAS as informações, a coisa parece que está resolvida, ufa, eu só tinha mais essa tarde pra resolver o problema. Basta eu ligar prum 0800 e o cara vai me orientar pra fazer o negócio via Internet. Beleza!
Horas depois, lá vou eu: 0800 pipipi, popopó e.... o 0800 é de OUTRO BANCO!!! Caracas! Putaqueopariu. Quando mudei aquele dígito pra tentar acertar o ramal vizinho do cara com quem eu devia falar, acabei ligando PRA OUTRO BANCO. I-na-cre-di-tá-vel.

É o fluxo... não adianta, tem de respeitar quando não é pra ser.

Quem trabalha em redação de jornal tem de respeitar o fluxo... lembrei dessa agora. O fluxo é o seguinte: são trocentas páginas para ficarem prontas e chegarem ao industrial, pra impressão, rotativa, o escambau. Bom, a primeira edição do jornal fecha pelas 21h. Não adianta que as páginas cheguem todas juntas para serem compostas às 20h55min. Então, tem o fluxo: uma ordem de "idas" de página, ou seja, um pouquinho de pgs até tal hora, outro pouquinho de pgs até x hora e assim vai.
Tem uma hora, no entanto, todas as noites de fechamento, que respeitar o fluxo vira um desafio, uma gincana. É o deadline chegando, e as palavras sumindo da mente!!! Bafo-na-nuca. E tudo fica registrado numa planilha: no outro dia, no final do mês e do ano, todos saberemos QUEM ATRASOU O FLUXO! Crime.
Ai, todos são enfileirados no centro da redação e os demais ficam jogando bolinha de papel neles. Ops, brincadeira. É bem pior que isso. Hahaha

Às vezes, eu acho que sinto saudade da redação... fico escrevendo sobre o jornal... Mas não, não sinto não.

***

Na verdade, o grande problema da semana é outro. "Problemaço" ;)
Sou madrinha de um casamento e não queria usar longo. E parece que vou ter de usar. Ó, céus, ó, vida... e agora, quem poderá me salvar?
Por que madrinhas não podem usar vestido normal? Eu não disse curto, eu disse NORMAL? Já tinha até comprado um. Nem estava procurando, procuraaaando, mas ele me achou. Porque acontece isso: você está distraída numa loja, olha pro lado e pimba, aquele vestido é teu, tah escrito, não adianta reprimir o fluxo. Foi assim. E, pra combinar (?) com ele, salto vermelho! Hmm.

"Give a Girl the right shoes and she can conquer the world" - Bette Midler

Menos, menos, Bette. Não quero conquistar o mundo (nããão???). Embora um salto vermelho tenha seu valor, por uma noite que seja, sou muito mais um par de Mizzuno ou de Asics.
Não dá pra conquistar o mundo de tênis, não?
Se bem que, a rigor, (pé no chão, Loraine!), conquistar o mundo eu posso deixar pra depois. O que tô precisando agora é achar o documento que o contador perdeu. Ou tô precisando mudar de contador, neh?

08 outubro 2009

Da série...

... "não tô boa hoje":
quando a pessoa vem e diz 'eu fiz o meu melhor', tah na cara que ela não fez neh?

... "peraí um pouquinho":
quem imaginou que uma simples prova para avaliar estudantes se transformaria num problema de segurança nacional? Tem 'treta' no Enem, ah, tem.

... "ah, o jornalismo":
um minuto depois de o JN apresentar uma matéria sobre Rio 2016, ufanista, vibrante, algo megalomaníaca, vem uma matéria mostrando o caos, a selvageria e a falta de controle numa estação de trem em Nilópolis (RJ) quando os passageiros não conseguiram entrar no vagão (e hoje teve mais confusão, em outras estações).

... "vai que tu tah bem":
do Uol Saúde: venda de antidepressivos aumenta mais de 40% em quatro anos.

... " aaaaah... tahhhh... ufa":
a Nasa minimizou as possibilidades de um asteroide de 269,74 metros de diâmetro colidir com o planeta Terra em 2036.

... "te dando a real":
sobrou assunto, faltou ideia.

Eu fiz o meu melhor por hoje nesse bLOg.

24 setembro 2009

Meu Sonho

Me sinto especialmente livre com uma mochila nas costas.
E, se eu já treinei, já comi e tenho alguma ideia borbulhando em mim, essa sensação se desdobra, cresce como se tivesse fermento e acho até que me sinto mais alta. ;)
Saio por aí, sem pressa. Foi assim que parei na melhor mesa do Tortas do Parque, ali na esquina da José Bonifácio com a Vieira de Castro. Queria um café. Ganhei um na moka.
Nem esperava passar por ali, nem lembrava que o Tortas do Parque existia, nem cogitava acertar a melhor mesa e a melhor hora para sentar na melhor mesa.
De costas para a parede, no nível superior, ao lado da escadinha, de frente pra porta, cujos marcos recortam a esquina, Redenção lá no fundo, o verde das árvores em primeiro plano e, entre os galhos delas, o sol encaixado no canto direito. Ele entra devagar, na tarde que já avança para o começo do fim, iluminando mesa, moka e xícara, neste que parece, enfim, o primeiro dia real de primavera. Aroma de café no ambiente e música agradável.
Pensei em várias pessoas que podiam estar ali comigo, compartilhando o visual, os aromas e as sensações. Não, não me senti sozinha. Pelo contrário. Ao pensar nessas pessoas, lembrei da Loraine que sou com cada uma delas e me senti muito bem acompanhada - por mim mesma. Se eu disser que, nesse momento, enchi meus olhos d'água vai parecer muito juca?
Eu não me importo de ser juca. Emoção tem uma força sutil nada juca. E eu respeito muito as sutilezas.
Na rádio, começa a tocar uma música nova do Paralamas do Sucesso. Boa demais. Que eu tenho adorado ouvir. Acho que foi um sinal do bem.
Escuta ela aqui.
Mochila nas costas, mais ideias, lá vou eu. O primeiro dia real de primavera ainda é meio frio e o café quentinho me conforta até a próxima parada.

17 setembro 2009

Ããããrrããã...

Dependendo do caso, até triste é. O seguinte: não sei as coisas que esqueci.
As coisas que efetivamente esqueci não tenho como saber. Porque esqueci. Lógico.
Afinal, se eu souber que esqueci uma coisa, ela então não foi completamente esquecida, certo? Que nome damos a esse tipo de esquecimento: tão completo que nem sabemos que existe, que ocorreu?

Nossa, que seqüela, Loraine.

***

Salão de beleza. Tem cada uma lá...
Esses dias me diverti com a bandeja de esmaltes de uma manicure. Por causa do nome dos esmaltes. "Inveja boa". "Santa gula". "Preguicinha". "Toque de ira".
Aí, descobri que se trata, veja só, de uma coleção inspirada nos 7 pecados capitais. Lançada este ano!
Aaaaaaaaaah, taaaaaahhhh.
Ããããrrããã...

"Toque de ira" é bom, neh? Deve ser para quem tem garras, tipo o Wolverine.

(eu lembrei agora de uma marca de sabão em pó cujos tipos diferentes de perfume prometem "autoconfiança", "bom humor", tipo isso sabe?... Ããããrrããã...)

Mas, nos salões, o que eu estranho mesmo é a drenagem linfática. Ok, entendo qual a lógica do negócio... mas vamos combinar que é sutileza demais, neh? Beira o esotérico.
Ah, não? Funciona mesmo?
Ããããrrããã...

16 setembro 2009

Briga boa

O dia da gente, a vida da gente precisa de edição. Como se faz no jornalismo.
Afinal, cavoca aqui, busca um dado ali, recebe outros trocentos, conversa com um, com dois, com três, pesquisa lá e, daqui a pouco, tem de parar. É preciso parar. Pra editar.
A vida precisa de edição.
Tem gente que é ótimo repórter. Cavoca muito bem, mas para por aí. Tem gente que pega isso que o repórter conseguiu, edita e transforma em obra de arte. (e tem quem estrague tudo também). No jornalismo, é assim.
E tem quem é ótimo repórter e ótimo editor também. Seres mais difíceis de se encontrar, esses - no jornalismo e na vida, suponho.

Quanto mais o repórter e o editor se darem bem, melhor. E o se dar bem tem componentes de "raiva" e de "adoração", tem a dualidade, na medida saudável. É uma "briga boa", honesta, aberta. Uma briga boa é quando os agentes envolvidos "rolam" (pelo chão, aos tapas que seja, rsrsrs) na mesma direção. Há respeito e há um propósito maior, ninguém quer ir pro sul enquanto o outro teima com o norte - vaidades domadas, entende?
Esse tipo de briga, sim, tem grandes chances de transformar um assunto em obra de arte.
Eu quero "brigas boas" assim pra minha vida.

01 setembro 2009

Fora do ar

Gmail fora do ar. Então, vim pra cá. (O dia em que o Google implodir estarei perdida.)
Tenho trabalho por fazer, mas em vez de "brigar" com o imprevisto, aproveito para fazer outra coisa. Janelas de ócio. Só assim damos espaço ao novo, ao não pensado. E à surpresa, evidentemente.
É a segunda vez que isso acontece hoje - e sou grata pela reincidência e mais ainda pela percepção "em tempo real" de ambas as ocorrências. É a segunda vez que tento "cumprir" o programado e algo, alheio a mim, me impede. Na primeira vez hoje, foi nos treinos. Em vez de forçar fazer e seguir a agenda determinada por mim, relaxei. E descobri três coisas legais enquanto deixei o tempo passar até chegar a hora certa. (as coisas legais ficam em segredo ;))
Depois, quando o imprevisto se desfez, ainda fiz um treino muito legal (traduzindo "treino muito legal" = nadei que saí com os braços doendo; pedalei até escangalhar as coxas, sacou?).
Agora, impedida pelo Google de trabalhar, o que será que vai acontecer nesses minutos/horas de ócio?

Em breve, a chuva vai cair. Gosto muito de chuva. Alivia a atmosfera. Como um choro faz na nossa própria e íntima atmosfera.

***

Tenho surtos de encantamento ou de estranhamento por palavras. Sei lá o que acontece com a minha cabeça, mas de tempos em tempos "cismo" com uma palavra, como se eu nunca tivesse parado para vê-la exatamente como é.
Alivia é uma que eu estranho nesse exato momento. A-li-vi-a. Que troço esquisito.
Esses dias foi com a palavra túnel. Olha bem, TÚNEL. Únel. Tú. Olha bem. Te parece normal?
Poucas palavras se livram de provocar estranhamento quando são escritas em tamanho máximo, em letras garrafais, como a gente diz. Experimenta. Quanto maior tu escrever uma palavra, mais estranha ela fica. E, tenho certeza, vai te embaralhar. Tu vai duvidar se é com S ou com SS ou com Ç, tipo assim. Comecei a notar isso na redação, quando a gente ia editar páginas na máquina "paginadora". Na hora do título. Quanto maior a fonte, mais dúvida na hora de escrever a palavra. Coisa de louco.
Não, minto! A mais remota lembrança desse embaralhamento mental por conta do gigantismo de uma letra/fonte aconteceu na escola. Sim, quando fui ao quadro-negro fazer um exercício que a professora pediu... Sei lá, acho que era 4ª ou 5ª série... No quadro-negro, a gente escreve com letras maiores... E lembro que errei não o exercício mas a ortografia de uma palavra. Por conta do tamanho da letra, tenho certeza. Escrever grande me atrapalhou.

Sempre fui ótima aluna. Então, eu lembro de todos os erros que cometi. Porque foram poucos. Doença, claro, ser CDF. Não tenho a menor dúvida. Falo com conhecimento de causa. Lembro que uma vez meu boletim veio com 10 em todas as disciplinas, exceto educação física, que tirei 9. Aquilo acabou comigo... Logo educação física!!!
Muito louca, eu era.
Por isso que, se um dia um filho ou filha minha me mostrar um boletim parecido com os meus, eu vou precisar ter uma conversa séria com ele(a).

***

Passo sempre pela frente de uma loja chamada Criativa. Ali na Protásio Alves, esquina com a ruelinha que vai virar Goethe, juntinho do viaduto. Bem, ela me chama atenção porque seu letreiro é muito tosco. Aí eu vejo aquilo e penso: uma loja com um letreiro desses tem alguma chance de ser o que promete no seu nome?
Claro que não.

***

Falando em loja, eu lembrava esses dias de um trabalho que fiz no primeiro semestre do curso de Jornalismo. Primeiro semestre! Século passado, e eu lembro. Era sobre as lojas Americanas. A professora pediu que adaptássemos todo um texto escrito por um "pensador em comunicação" de modo que o raciocínio estivesse falando das lojas Americanas. Juro. E pior que fazia sentido!
Não era à toa que as Americanas estavam em um dos pontos de entrada do shopping, "obrigando" os consumidores a passar por ali inadvertidamente. E, nesse "por acaso", acabar comprando uma coisinha - porque as Americanas vende coisinhas, neh?, inofensivas... Também não era à toa que estava posicionada em uma das entradas do shopping porque assim serviria de chamariz para o consumidor C/D/E, mais identificado com o jeito de ser da loja. Ele vai lá nas Americanas e, quando vê, já está no shopping... e quem sabe... "comemos alguma coisinha?". Entendeu a maldade? Enfim, coisa de curso de Comunicação em universidade pública, coisa de Fabico, sempre pronta a elocubrar contra o Sistema. Ah, esse Sistema manipulador!!!

Mas eu lembrei disso tudo porque seguido eu tento sair do shopping cruzando as Americanas. E é bizarro! Já aconteceu com você, tenho certeza. Aqueles corredores estreitos, cheios de guloseimas... não adianta pensar muito, não importa o corredor que tu escolher, fatalmente terá alguém impedindo a passagem. E vira um labirinto! Eu me desespero. Eu só quero sair!!!
E quando tem data festiva-comercial, tipo páscoa? Os ovos aqueles dependurados, te obrigando a se agachar, quase caindo no teu colo, "me leva, me leva", parecem aliens.
E na entrada, com aqueles DVDs a 9,99? Quando o Michael Jackson morreu, eu não aguentava mais... todo dia eu via Thriller de relance. Não entendi por que não atacaram de Belchior há alguns dias.. hehehe
Meudeus... Mas o pior mesmo são aqueles guris e gurias que ficam querendo te dar um brinde se tu tiver o cartão x ou y. É muita sacanagem abordar as pessoas e oferecer brinde de revista velha!! Sim, a revista é TRI velha, pior que aquelas de consultório médico. Fim da várzea.
Falando em várzea...
Mas tem uma coisa que tem sido legal ao sair das Americanas (ufa, quando finalmente você consegue). É que estão reformando o shopping... Aí, tem uns tapumes verdes que fazem um pequeno corredor até a rua. Corredor iluminado!! Então, quando passo ali, me sinto tipo assim jogador de futebol vindo no túnel, vindo, vindo, vindo e... bum! aquela massa toda de torcedores, o estádio lotado. Uuuuuuuuuuu!

***

Uma vez meu pai me disse que eu era muito crítica (eu guardo muitas frases ditas por meu pai... ah, se os pais e mães soubessem o poder que têm sobre os filhos neh? mas isso é tema para outro post).
Mas eu sou mesmo crítica, muito - comigo também, não pense que é só com você ou com a loja que se acha Criativa ou com as Americanas. Mas também sou muito condescendente em outros momentos. Vai entender...

***

Será que o Gmail já voltou? Já posso voltar pra casinha? hehe
Meu bLOg me tira do ar.

30 agosto 2009

Eles não são parecidos?



O Osho e o Osama Bin Laden. Ou o Osama e o Osho, sei lá, me perdi agora de que lado tá um e o outro.
Parecidos, não são?
E de certa forma teve (ou tem) quem "seguiu" o Osama como se ele fosse um mestre.
E de certa forma também o mestre Osho faz explodir, por abaixo algumas torres (as nossas, internas).
Sei lá.
Ok, admito: esse bLOg podia seguir seu rumo sem esta postagem. Foi mal aí.
Até porque eles não são parecidos.

24 agosto 2009

Arrepios

Dia desses, quando ventava muito em Porto Alegre, pensei:
"... e o vento levou... Mas e quando ele não leva?".

Daí que hoje, numa daquelas poesias coladas nos vidros dos ônibus, eu li algo como isso:
"... a intensidade dos ventos é medida pela vontade de ficar".

uau.
Arrepiei. Arrepiou aí? Foi o vento...

19 agosto 2009

Astros, moda e a Era da Nuvem

Gosto de astrologia. Gosto de pensar que algo está acima da nossa razão, no invisível. Temas do tipo atiçam minha curiosidade. Gosto de pensar que somos sim influenciados pelos planetas e pelo Universo tal como são todos os animais e plantas, ventos e oceanos...
Mas, claro, muita gente ri dessa minha tendência "mística" (acreditar no invisível/abstrato é muito pisciano; eu sou de Peixes!).
Há preconceito e há, claro, lucidez também - afinal, não podemos decidir nossa vida pela previsão do horóscopo, claro que não. Astrólogos sérios dizem justamente isso: o que importa é o que o teu psiquismo faz com as informações e tendências referentes ao teu signo. E aí, se formos abrir o baú do psiquismo e seus mitos... já viu, né?! Caixa de Pandora total... Muita calma nessa hora.
Então, seriamente ou apenas por incontrolável curiosidade, leio tudo o que passa pela minha frente sobre astrologia - dos textos mais debochados aos mais sensíveis e analíticos. Na categoria "amenidades indolores", cliquei num que relacionava o ascendente à Moda. O meu é Libra, vamos lá:
Ascendente Libra
Sua noção de valores e equilíbrio saberá dosar com justiça os hippies chiques em casaco curto de lã e as eco-bags feitos dos tecidos naturais e orgânicos.Você é a cenógrafa de seu próprio estilo. Cinto de couro dourado trançado com fivela num vestido fluido em cetim de seda preto. Eleja como partners as cores azul e turquesa laminados e às vezes o verde e o rosa flúos. O metal estanho ou ferro aplicados por safira, tanto para anéis como para brincos, marcará sua elegância. Notas de pêssego, alface e aipo com fundos adstringentes para todos os homens virarem vegetarianos. Sandália de couro e strass para festas em volta de piscinas fosforescentes. A maquiagem com design egípcio poderá torná-la a ancestral de Nefertiti.


Hein???
Olha bem as palavras destacadas... Depois é a astrologia que é abstrata?!?! Que é maluquice?!?! Moda é pura viagem, que o digam os desfiles do Ronaldo Fraga... Só que ninguém torce o nariz para alguém que acredita/vive da moda neh? Por quê?

Ficou curioso com o teu ascendente? Divirta-se Aqui.

***

Há uns sete anos mais ou menos, tive uma ideia maluca de pauta que sugeri ao editor de Cultura do jornal em que eu trabalhava. Meu amigo, simpatizante de ideias malucas, artista que é, o Edu topou e me disse: "tenta fazer". Eu tentei. As fontes que procurei não entenderam a pauta e não toparam...
As coisas têm seu tempo mesmo. Se elas podem ser pensadas/sonhadas, elas podem existir, é o que eu acho. Só que... cada coisa no seu tempo.
(porque a rigor o tempo não existe, é uma convenção, ou seja, uma invenção também neh? A gente só precisa lembrar disso... As coisas pensadas já existem; só precisamos de tempo pra enxergá-las, já que apenas sentir parece não bastar.)
Na semana passada, diante da capa da revista Veja de 12 agosto, não é que vi, finalmente, algo muito, muito próximo da minha ideia?!? Minha ideia finalmente está se materializando! O que eu quis fazer na época era mais ou menos o seguinte: representar graficamente (e livremente) o que é a internet, a rede mundial de conexões. Como ela seria desenhada? Como seria "seu mapa"? Sua topografia? Sua imagem? Uma foto da internet. Como ela é?
Busquei alguns profissionais de áreas diversas e os convidei para esse desafio. Não era fácil mesmo. Acho que, na época, foi mais ou menos como pedir para um homem das cavernas desenhar o que seria o Espaço/o Universo. Um dia o homem se fez essa pergunta. Com certeza, a imagem que temos de espaço/universo pode não ser a real, mas se tenta desenhar, mostrar, topografá-lo. Por que não poderíamos fazer isso com a internet? Essa era a minha pauta.
Na Veja da semana passada, o tema de capa era "O Big Bang da Internet - A computação em nuvem é o embrião da inteligência coletiva que fará a verdadeira revolução digital".
As páginas da revista não só mostram algo muito perto da minha ideia de pauta como também justificam a dificuldade de executá-la enfrentada pelas fontes que procurei. Segundo a reportagem, a rede é uma nuvem. (!!!!)
"Nuvem"?
"A nuvem é um espaço de processamento e armazenamento de dados que não depende de nenhuma máquina específica para existir", diz o texto.
HEIN?
E lá pelas tantas o texto diz coisas como:
"... dentro de 10 anos, estarão conectados à rede 7 trilhões de computadores, celulares, geladeiras, mas também aviões, carros, torradeiras, aspiradores de pó, torneiras, interruptores de luz, as próprias lâmpadas..." .... "Com o barateamento dos chips e a disseminação da cobertura sem fio, poderão estar conectados à internet cada animal doméstico e o seu dono, cada pé de sapato ou tênis... também músculos cardíacos ou o cérebro das pessoas..."
HEIN?

Pois é... a Veja não tem horóscopo, mas publica uma matéria dessas. Não estou duvidando da Era da Nuvem não... Pelo contrário! Ela é a prova de que parecemos caminhar ao encontro do que até então parecia invisível, abstrato, absurdo, impalpável, ficção científica... místico...
Cada coisa a seu tempo.
Se precisamos ver para crer, que seja... Qual a "Era" mais maluca, a de Aquário ou a da Nuvem?
Tecnologia é pura Era de Aquário (ops!, hahaha, foi só uma provocaçãozinha).

Clicando aqui, indo em acervo digital, dá para achar a revista da Big Bang e ler a reportagem. Boa viagem.

16 agosto 2009

Cotidiano

Tem o trabalho 1, o trabalho 2, o trabalho 3 e talvez aquele 4. Tem os treinos. Tem as viagens em função do trabalho 1 e do trabalho 2. Tem o curso 1 e o curso 2. Tem o ir-e-vir, o supermercado no meio do caminho, a casa pra cuidar, e o corpo também: a vontade de dormir, o comer bem e descansar. Tem um cinema aqui, um livro ali. Tem os amigos. Tem as trocentas outras coisas que surgem sem previsão no meio disso tudo.
E o dia termina.
É bem sutil a diferença entre achar que estamos guiando nossa vida e estarmos, na realidade, sendo guiados por ela. Se deixar, a vida decide pela gente. Uma viagem, um emprego que surge, um filho, uma acomodadinha e pum, já era. Já senti isso bem perto e sei como é.
Mas com base no que decidimos? No que?
A única coisa de que tenho certeza é que a decisão "certa" (q pode parecer "errada" para os outros) nos enche de vida. Nos ilumina. Nos deixa leve. Por mais "absurda" que ela pareça. E que a decisão "errada" faz o contrário: nos encolhe, nos apaga, nos pesa, apodrece algo na gente - por mais que ela venha carregada de argumentos, vontades, fatos e evidências.
Simples. Só que não se ilumina ou se apodrece antes de decidir. Só depois.
Que possamos todos contar com a intuição. Ela existe. Quando ela vem, é cabal: você não duvida, nem olha para trás.

***

Todo dia eu só penso
Em poder parar
Meio-dia eu só penso
Em dizer não
Depois penso na vida
Pra levar
E me calo com a boca
De feijão...

***
Estou pensando em ter carro de novo. Mas minha ideia é meio maluca. Queria uma espécie de cooperativa. Não preciso de um carro só para mim. Queria dividi-lo, na alegria (pela comodidade e praticidade) e na tristeza (compra, manutenção, combustível, impostos). Pouca gente entende minhas ideias. E os que entendem não topam. O problema deve estar comigo mesmo. Mas de onde as pessoas tiram que precisam de um carro só para elas? Por que parece normal para elas engarrafar o trânsito todo dia, sentadas gordas atrás do volante, SOZINHAS?!?! Um carro inteiro vazio!!! Por que as pessoas acham que precisam de dois ou TRÊS carros?!?! Tem construtora fazendo prédio com garagem para isso tudo e propagandeando isso como se fosse a coisa mais normal do mundo!!!
...
O que faz as pessoas acharem que elas têm um carro? Elas não têm. É só uma impressão. Pensa bem: seguro, impostos, multas... Quem tem o carro é a seguradora. Você paga ela e ela te empresta o carro. Ainda assim, para andar na rua, o governo, o mundo precisa te deixar: pague de novo. Não contente, vc compra um carro feito para andar bem com 100km/h e há um código de trânsito que te diz para andar na tabaí-canoas a 80km/h. Não vou nem falar na cidade... que não se consegue passar de 40km... E aí? Vc acha que tem um carro mesmo?
Viva as bikes!!! Viva os ônibus!!! Viva o T7!!!
...
Sei lah. Eu sou maluca, então. Me deixem.
...
Que nem a ideia de fazer um site para caronas em Porto Alegre. Eu queria fazer. Não tem. Ou nunca achei... Conversei com um cara que faz sites... Ele até achou legal a ideia, mas perguntou: " por que as pessoas se cadastrariam para oferecer carona no caminho que elas cumprem SOZINHAS TODOS os dias?".
Ah, pois é... Por q?
Se eu preciso explicar isso...

09 agosto 2009

"Tem cartão Bom Clube?"

Já perguntei pra uma delas, as caixas do supermercado Nacional, quantas vezes por dia elas dizem isso: "Tem cartão Bom Clube?".
Não foi bem uma pergunta, foi quase uma afirmação, um pensar alto, identificado com a loucura que deve ser ter de dizer a mesma coisa a cada um dos clientes que passam por ali.
A moça entortou a boca para um lado, jogou os olhos pra cima e, suspirando, largou algo como "nem me fala...".
Lembrei disso ao descobrir a existência desse livro, escrito por uma ex-caixa de supermercado francesa: Les tribulations d'une caissière.
(Muito francês um livro sobre isso neh? hehe)
O livro fala do tratamento dispensado pelos clientes... Desrespeito, humilhação, mas também boas histórias de amizade e gentileza. Segundo o relato da Anna Sam, a autora, ela repetia mais de 200 vezes por dia cada uma dessas 3 frases:
"vc tem um cartão de fidelidade?"
"vc pode retirar o seu cartão, por favor?"
"obrigada, tenha um bom dia."

O livro foi sucesso na França. E em 2009 chegou a outros 10 países.
Será que, aqui no Brasil, vão vender no súper? Naquelas prateleiras que a gente fica olhando enquanto espera a vez no caixa?

Há muitos trabalhos/empregos - talvez todos - que rendem histórias, livros... Ok, todos, mas alguns são mais livros do que outros...
Cobrador de ônibus, manobrista, vigilante noturno, operador de pedágio, eletricista de semáforo, taxista, bilheteiro de cinema, caixa de banco, frentista, garçom, caixa de Correios, atendente de lavanderia... nossa, muita coisa.
Cada profissão/trabalho/função acaba por definir a janela pela qual a gente assiste o mundo/a vida, neh?

Quem decide dividir isso, num blog ou num livro, está dando o ladinho na janela, convidando os outros a enxergar o mundo/a vida por outra perspectiva. E quem lê, aceita o convite, percebe que a sua própria perspectiva não é a única, talvez nem melhor, nem pior.
Dividir o que vivemos/sentimos é abrir janelas para arejar o pensamento. O nosso e o dos outros.

04 agosto 2009

"Cuidei melhor dos personagens do que de mim"

Já tinha visto ele falar sobre isso em uma entrevista para o Jô Soares. E fiquei surpresa com a revelação. Esses dias, "viajando" numa livraria, sem estar procurando nada específico (o "olhar vagabundo", como diz o Rubem Alves), dei de cara com ele novamente, falando sobre a mesma coisa, na Revista Bravo. Selton Mello teve depressão.
Depressão é, evidentemente, uma merda. E uma merda que as pessoas, a maioria delas, insistem em jogar pra debaixo do tapete. Lidar com os humores dos outros é mesmo difícil, mas fazer de conta que está tudo bem, quando não está, só faz a merda ser mais merda. Me espanta as pessoas dependerem de um exame de laboratório ou do diagnóstico de uma doença "mais normal" para acreditarem que algo não vai bem. Enfim...
Fiquei surpresa porque o Selton está, por mim, associado a bons /excelentes trabalhos - quando a pessoa faz sucesso, a gente tende a achar que ela está feliz/realizada. Sim, eu sei: não tem nada a ver, aliás não faltam histórias para provar o contrário! Mas o Selton?!?!? Até tu, Selton?! Foi mais por aí a minha surpresa.
Enfim, ele fala de angústia, fala de cansaço, o emocional, o pior deles. Conta que a pior fase foi nas filmagens do Jean Charles, o que pra mim faz muito sentido: reviver aquela história não podia ser mesmo algo muito "up", energeticamente falando... Ainda mais para um ator, para quem o instrumento de trabalho é a sensibilidade.
Quem já foi no seu limite e viu que precisava mudar vai se identificar com o que ele conta.
A entrevista está aqui (clica!). Tem frases ótimas. A começar pelo título da entrevista: "Cuidei melhor dos personagens do que de mim".
... Será que é preciso ser ator para cometer esse erro?

31 julho 2009

Onde nós, leitores, estamos?

Enquanto estou online, trabalhando, quero saber a todo momento "o que está rolando no mundo". Para isso, tenho acessado tanto (ou mais) a página do twitter quanto a dos portais de jornais impressos. Talvez, na maioria das vezes, acesse primeiro o twitter. Por quê? Porque me interessa primeiro o MEU mundo. E no final desse texto acho que vai dar para entender o que quero dizer com esse "meu".

Jornal impresso mesmo, só abro quando encontro um exemplar dando sopa em cima de algum balcão. E o folheio mais para passar o tempo. Corro os olhos pelas notícias e, frequentemente, duas impressões se instalam em mim.

1) Sensação de ler notícia velha. E não é sensação não: eu realmente já tinha ouvido falar daquilo, já tinha lido em algum site no dia anterior.

2) sensação de ler notícia inútil. E não é sensação não: a maioria dos textos que ocupam páginas e páginas parece atender a uma cartilha de interesses oficialesca, de uma vida antiga (nem que seja a vida de ontem, porque tudo aquilo eu já li/vi/ouvi, como disse no item acima), uma vida que não "soma". Oficialesca no sentido de que o jornal frequentemente ignora ou subestima o que tem de mais ordinário na vida das pessoas para tratar do que julga o "mundo sério". E é um erro.
(Erro que alguns jornais acham que evitam ao abrir espaço para contar histórias de pessoas comuns, mas questiono isso. Porque, para isso, dependem do talento e da sensibilidade do repórter, algo nem sempre garantido. Não raro, também, acontece de a história da pessoa ser ajustada ao modo de ser daquela publicação e não contrário, o que, evidentemente, põe quase tudo a perder). 

Não há nada mais interessante - e eu diria, também, útil, e aí vc precisa rever seu conceito de utilidade - do que a vida ordinária e comezinha das pessoas. Nós queremos saber isso. Viver é interagir com iguais e sempre será. Desejamos a identificação. "Mundo sério" nos ajuda a fazer redação pra vestibular, a ter papo em rodinhas de festas chatas... mas não nos faz sorrir, não responde dúvidas existenciais, não faz diferença lá no nosso íntimo. Ou seja: o que realmente importa na vida da gente é tão particular que é quase impossível os jornais impressos corresponderem. Precisamos achar nossa turma.

Esses dias ouvi um médico reclamar que soube muito em cima da hora sobre um espetáculo de dança que gostaria de assistir. Ele se perguntava: "onde está a informação? Leio os jornais e não sabia disso". Sua indagação me fez pensar de outra forma: onde nós, leitores, estamos?

É muito provável que a notícia do show estivesse mesmo nos jornais que ele lê, mas não com o destaque que o apreço/o gosto dele exigia. O jornal falou com ele, mas não do modo que ele esperava, logo, a notícia não foi "achada". É natural: como os jornais impressos, que falam a milhares, poderão atender aos gostos de todas as pessoas, dando destaque ao que é peculiar a cada uma delas?

Por isso, os grandes jornais ficam com o "mundo sério". O inócuo e asséptico mundo das notícias "importantes". Sim, importantes, necessárias. Para todos. E porque para todos, sem distinção, não são importantes em especial para mim. Não me tocam especialmente. Não me preenchem. De certa forma, os jornais impressos parecem nos dizer todo dia que nossos anseios mais pessoais e íntimos não são importantes. Quase nos convencem de que somos bobos.

As plataformas colaborativas online (twitter, blogs, sites de relacionamento) acenaram justamente com o contrário. Primeiro porque têm genuinamente a informalidade, o ar coloquial e a leveza sempre bem-vinda de não nos exigir como leitores. Seremos se quisermos. 

No twitter, nos blogs, nos sites pessoais... quem buscamos? Os meus, aqueles que leio, provavelmente são diferentes dos seus. O que há em comum entre a minha lista e a sua? Isso: a montamos baseados em nossos anseios mais pessoais e íntimos. Seguimos AMIGOS no twitter. Ou acessamos sites e sites pessoais de gente ou instituições com as quais nos identificamos. Há interesse mútuo entre quem escreve/dá a informação e quem a recebe. E esses papéis se alternam. A relação é horizontal, e não vertical. 

Então, respondendo àquela pergunta "onde nós, leitores, estamos?", estamos com quem gostamos, cada vez mais. Com quem temos vínculos reais, intimidade, cumplicidade. E ser leitor não é isso? Ler é intimidade e cumplicidade sim. Estamos usando o tempo com quem confiamos. Estamos onde nos sentimos entendidos, acolhidos, com quem admiramos e respeitamos - e com quem podemos interagir em tempo real e receber uma resposta que não vai passar pelo setor de atendimento ao cliente/leitor. 

O médico de quem falei nesse texto, ele soube por meio de amigos sobre o espetáculo que queria ver. Foi numa roda de amigos. Mas poderia ter sido no twitter ou numa frase de MSN. O twitter, a lista de blogs ou sites que acessamos todos os dias, com a regularidade antes dedicada aos jornais (que diriam nossos avôs e pais...), são isso: nossa roda de amigos online.

Por isso, eu escrevi o MEU lá no início desse texto: "... quero saber o que está rolando no MEU mundo". Cada vez mais, a imprensa "oficial" parece uma realidade paralela que pode até me interessar, mas não me é essencial.

Enquanto isso... nos Estados Unidos, centenários jornais impressos deixam de circular, afetados pela recessão e pela queda no número de leitores e de anunciantes. E é um cenário curioso... Lembro de ter lido que um jornal discutiu seu fechamento com os funcionários em uma grande e conturbada assembléia em tempo real pelo... twitter! 
Por aqui, para citar um exemplo local desse cenário complexo, Zero Hora inaugura nova rotativa ao mesmo tempo em que investe em blogs cada vez mais segmentados, em twitter, em facebook. Imagino a ordem expressa da diretoria de Redação para que todos os repórteres "sigam" no twitter suas fontes costumeiras...

Enquanto isso, acaba a obrigatoriedade do diploma para ser jornalista e eu entro no meu terceiro ano trabalhando com textos sem vínculo algum, muito menos com jornais/redações. Também me dou conta de que, nesse período, experimentei uma satisfação enorme ao ver textos meus publicados - satisfação muitas vezes maior do que a sentida em matérias impressas no jornal onde trabalhava. Por quê? Porque foram em revistas de que gosto, que busquei, sobre temas que me interessam, com pessoas com as quais me dou bem. 

Porque fazemos melhor quando fazemos o que gostamos, estamos com quem nos identificamos e confiamos. Quando o processo, o durante é divertido; e o resultado apenas consequência. Quando os meios é que justificam os fins. Quando se consegue ser leve e despretensioso, sem abrir mão de responsabilidade e comprometimento. 
Acho que é isso que essas plataformas colaborativas estão ensinando. Por isso, me atrevo: sobreviverão as revistas e os jornais impressos que conseguirem "imprimir"  (literalmente) isso em suas páginas. Não adianta fazer blog, blog e blog, obrigar os repórteres a seguirem fontes no twitter ou entrar no facebook se isso não for entendido.
Acho que as pessoas sentem (e estão confiando no que sentem) que não há mais tempo nem espaço para relacionamentos (quaisquer que sejam) vazios, ocos, feitos só de embalagem. Essas características estão cada vez mais fáceis de identificar e de rechaçar.

23 julho 2009

22 julho 2009

Boiando no cinema

Eu sabia que ia "boiar", mas ainda assim fiz o convite e fomos nós três, eu, minha irmã e minha sobrinha assistir a Harry Potter e o Enigma do Príncipe (o sexto da série).
Vi apenas o primeiro filme e gostei. De lá para cá, nossa, toda a turma de Hogwartz cresceu, minha sobrinha também, e ela até fez 18 anos (heheh). A Laura leu todos os livros do Harry, na medida em que eles eram publicados e ela crescia. 
Então, entendeu tudo o que aconteceu na tela do cinema. Que a rigor não foi grande coisa, já que essa parte da saga do menino é, assim, "meio do caminho": sai do nada pro lugar nenhum, o filme acaba sem acabar. Fica claro que o "confronto final" está próximo, mas ainda não será dessa vez. 

Então, boiei no cinema. Mas não me importei muito. Consigo me divertir com os cenários desses tipos de filme, adoro a Hermione, sobrevivi àquele ar blasé meio chato do Harry e ao sentimentalismo meio bobo com o vozinho aquele, o Dumbledore... E...
ADORO, principalmente, as "coisas malucas" típicas das histórias do guri-bruxo desde o primeiro filme - criações sen-sa-ci-o-nais da autora, a JK Rowling. Senão, vejamos alguns exemplos desse filme:

Ampuleta do professor Horácio
A areiazinha "cai", marcando a passagem do tempo, com velocidades diferentes dependendo da... qualidade da conversa!!! Se o papo flui, é bacana, o pó cai bem devagarinho. Se a conversa é furada, zuuuum, foi-se a terra rapidinho. (muito bom!)

Fotos vivas
As pessoas e coisas das imagens em publicações se mexem, estão vivas.

Sorte líquida
Sim! Um frasquinho com líquido incolor que você leva no bolso e pode tomar quando julgar necessário.

Zonzóbulos
são criaturas (?) invisíveis que podem entrar pelos ouvidos e embaralhar o cérebro. (bah, esses eu acho que existem mesmo!!!)

Lembranças em gotas
Ampolas guardam memórias. Basta despejar o líquido numa bacia com água e mergulhar o rosto ali. Aí, tu assiste ao fato que está na memória da outra pessoa, como se "sonhasse" com aquilo.

Genial! Eu queria ter imaginado uma delas...
E o mais legal na história é que todo mundo trata essas bizarrices como se fossem as coisas mais normais do mundo.

ah! Pra mim, o prof Snape vai se redimir... Vai, Laura? Conta aí. Enfim, sei lá, palpite.

03 julho 2009

e aí que...

e aí que... eu sento no banco do ônibus e alguém não demora a sentar ao meu lado. Seguimos os dois a viagem. Daqui a pouco, e é pouco mesmo, porque minha viagem não é longa e ainda estamos só no meio do caminho, daqui a pouco olho pro lado e é outra pessoa! Como assim? Onde foi a outra? Em que momento ela se levantou? E essa outra sentou logo em seguida ou o banco ficou "aberto" por algumas paradas? Fico chocada com isso. Onde que eu estava com a cabeça, os olhos, os ouvidos, enfim, tudo? Como não vi? Por isso, tenho certeza: tem coisas na vida que acontecem ao nosso lado e realmente a gente não se dá conta.

e aí que... eu entro num grande supermercado de Porto Alegre, bem conhecido até, e bem à direita de quem entra tem um amontoado de coisas. Improviso total. Uma grande loja/marca dessas, layout pra isso, layout pra aquilo, e "improvisando" daquele jeito no corredor... vou te contar... Um amontoado mesmo. De cobertores, mantas, aquecedores, eu acho também. Parece aquele quartinho do casa da gente, sabe?, o "soca", soca tudo ali. Só que não é! É bem na cara do cliente, a bagunça. E o mais intrigante pra mim é que não sei não se tudo aquilo está realmente à venda... ehhehe... acho que os caras do súper estão é comprando dos clientes aquelas coisas, porque a cada dia o número delas só aumenta!

e aí que... eu durmo com a TV ligada e acordo muito tempo depois dando de cara e ouvidos com uma entrevista em que o entrevistado explica a diferença entre canalha e cafajeste. Há uma diferença - segundo o entrevistado. Aí que eu lembrei de um amigo que um dia me disse que não era fiel, mas era leal. Sim, há uma diferença entre fidelidade e lealdade - segundo esse meu amigo. Quer saber as diferenças? Acredita em mim: é perda de tempo (senão entendê-las, com certeza tentar aplicá-las).

e aí que... eu vinha no ônibus e ele parou na parada, olhei pro lado, e vi um daqueles grandes painéis com explicações sobre linhas, mapas, conexões. Todo colorido, sabe? Um baita serviço aquilo. Adoro esse tipo de coisa, pensada pra fazer a cidade funcionar. Pensada para te fazer, cidadão, independente, senhor de si. Eu lembro que na Alemanha eu ficava naquelas estações de trem olhando os gigantescos painéis... tudo explicadinho. Onde eu estava, minhas opções de trem, hora etc etc. Muito tri. Daí voltei meu pensamento para o T7, onde eu estava, e o painel de Porto Alegre está todo pichado... mal dá para entender as informações. Daí fiquei  pensando que alguém na prefeitura, ou muitos alguéns, ficou horas trabalhando naquilo, pensando com a cabeça do usuário de ônibus, para enfim oferecer um painel legal e tal... e aí, o carinha vem e estraga tudo com sua pichação. Ok, o transporte público tem muito a melhorar, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Pensei se realmente estamos nós, o coletivo, preparados para a excelência do serviço público. O que custa receber e tratar bem o bom apesar de nem tudo estar perfeito? Parece que não estamos à altura do bom, sabe? Parece que fica mais confortável lidar com a parte ruim do transporte público. Porque nos identificamos com ela. E aí não temos "evolução" para identificar e reconhecer o que é o lado bom funcionando. E o pior é que isso não deve acontecer só nesse caso... é aquela coisa: "seja a mudança que vc quer no mundo", ou "não se esqueça de se incluir na mudança que vc quer no mundo", ou "vc está à altura do seu mais sublime pedido (aos deuses, ao Universo, ao pai, à mãe, ao amigo, ao namorado, ao chefe, ao Lula, ao Obama, à ONU... está?)???.

e aí que... eu tinha de guardar umas roupas secas e tirar outras da máquina. Só que, no meio do caminho, parei pra comer bergamota. E aí que agora minhas mãos têm cheiro de bergamota. Gosto de cheiro de fruta. Até do de bergamota, mas acho que vou adiar o contato com as roupas que devem estar cheirando a amaciante.

e aí que... eu fico pensando se também as coisas recebem a influência de outras coisas apenas por estarem lado a lado. Será que se eu manter por alguns dias um limão ao lado de uma laranja do céu, o sabor deles muda? Uma osmose...? Tipo: ele atenua seu azedume e ela equilibra sua doçura? Ele fica mais pro "éu" e ela mais pro "ão"? Tipo Yin e Yang? 
Será que não? Acho que sim. Por isso não vou tocar as mãos de bergamota nas roupas limpinhas e cheirosas de amaciante. Mas também não vamos forçar... Devem haver alguns critérios básicos de "alquimia". Não creio que seja possível esperar algo de uma vizinhança compartilhada entre um chuchu e um rabanete, por exemplo. 

e aí que... a minha cabeça está uma bagunça e, em vez de eu tentar inutilmente organizá-la, que já tô cansada e nada consigo, daí que desisti e vou deixar tudo assim mesmo. Como quando a gente está sem forças ou sem coragem para pedir que as crianças guardem todos os brinquedos e se aprontem para... para... para o que mesmo? Nessa hora a gente se entrega. Senta no chão e brinca com elas. 
O resto fica pra depois.

e aí que... eu esvaziei um pouco a mochila, acomodei ela nas costas, guardei as mãos nos bolsos e, certa de que estava protegida do frio, saí caminhando sob o sol do meio-dia. Com tudo ainda por fazer, mas bem mais tranquila do que no início. 

Como diz o Osho, há coisas que precisam ser feitas e há coisas que apenas acontecem. A grande sacada é saber quando estamos diante de uma ou de outra. 

01 julho 2009

Olhos e palavras

Peguei de um blog amigo (que, por sua vez, pegou de Mario Quintana hehe):
"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."

Por quanto tempo viverei só de olhares? Enquanto durar a crença de que eles podem ficar mais e mais profundos - e mais e mais reveladores. A gente se acostuma a eles, como acostumar o ouvido a um novo idioma. 
Será q não?

Meus olhos sempre falaram mais do que minha boca. Várias pessoas já fizeram menção a isso. Desde comentários engraçados, do tipo "não fala, mas presta uma atenção" (Loraine = coruja), até os mais diretos: "com esse jeito de olhar, a Loraine não precisa falar".

Hmm. Que enigmático. Charmoso até. Mas nada muito prático. Tem vezes que é preciso falar sim e aí... todo o cuidado é pouco. Todo o cuidado para medir as palavras? Não, justamente o contrário! Cuidado para ser espontânea, e não enveredar para a retórica. A retórica é outra forma de não falar nada. 

Mas voltando à frase do Mario Quintana. Lembrei do filme Simplesmente Marta. Se tem uma coisa nele de que gosto é isso: não falar o essencial. A personagem principal, a durona Marta, é assim. Tem um monte de coisa acontecendo na emoção e em vez de ela se aventurar em palavras que expressem tudo isso, ela fica falando outra coisa. Mas é tudo tão evidente...
Entende?
O que é... é. "A verdade não precisa ser mantida". (a verdade é.)  

Falar com os olhos e falar espontaneamente, esses dois jeitos meio opostos de comunicação, aliás, estão no filme. O falar o que vier na cabeça está no personagem Mario, o italiano que vem injetar emoção na vida da Marta. 

E falando em olhos... uma das principais cenas do filme é justamente a que ele venda os olhos dela...

ih, sei lá por que tô falando tanto nesse filme. Eu já vi duas vezes, por força até de "trabalho", durante o Mesa de Cinema
Ficou com vontade de ver? Bom, se não gostar, azar. Eu não aceito reclamações. (ah, se vc pudesse ver meus olhos agora...)

01 junho 2009

Um não-texto sobre o ironman

E outra vez, como no ano passado, eu volto do Ironman Brasil sem um texto. Eu não sei se alguém vai entender isso, mas essa "pendência", esse "silêncio mental" me intriga, me incomoda. Que coisa. 
Porque lá não faltam estímulos nem sensações, mas falta o clic. Falta aquele momento em que eu simplesmente enxergo o texto na minha cabeça. Ele está ali e eu o encontro. Bem maluco assim. Claro que eu podia escrever qualquer coisa aqui (o papel aceita tudo... ok, a tela aceita tudo), mas seria um texto vazio, eu sei. Sem o clic pode até convencer, mas é vazio, eu me conheço. E esse clic, esse momento ainda não aconteceu em se tratando de assistir ao Iron. Cogito a possibilidade de estar no lado errado. Talvez eu precise estar lá dentro, fazendo, pra encontrar o meu texto. Já é uma motivação pra começar a pensar em um dia fazer aquilo tudo. Rsrsrs
Cada um com sua motivação... 


18 maio 2009

Go

Eu ía comentar aqui umas frases que li/ouvi envolvendo triatlo, frases que me tocaram de algum modo, que encontraram em mim um canto pra elas, de modo que vou levá-las pra sempre, mesmo que pare de treinar. Mas desisti. Deixa pra depois. 
Também pensei em protestar aqui contra essa mania dos pentelhoschatos-críticos-de-cinema que adoram apontar e reclamar dos clichês das comédias românticas. E filme de terror não tem clichê? E de suspense também não? E de guerra? Ai, por favor. 
Outra idéia pro blog foi justamente, vejam só que incoerente, criticar as comédias românticas, não só elas, mas todas as histórias, em livros, TVs ou cinema, nas quais o final feliz está, por assim dizer, no final. 
Idéias... Ficaram aqui desfilando na minha frente... e eu nada de agarrar uma delas.
Pensei também em tão simplesmente colar aqui, e talvez linká-la a um vídeo do you tube, a letra de uma canção da Marisa Monte. Uma letra antiiiiiiga que, puxa vida, me enche os olhos d'água. 
Idéias... Abandonei todas. 
E resolvi postar minha mais nova invenção na cozinha! Olha.

Vai queijo, tomate e espinafre. Mas pode ir qualquer coisa, depende de ti. É parecido com o wrap, que ando comendo por aí. Aí tu serve uma taça de vinho bom enquanto prepara... sim, uma taça serve. Metade dela para abrir o apetite, depois metade para brincar com o sabor que ficou na boca (e abrir caminho para a sobremesa).

Enfim, é isso. Esse blog precisava andar. Nesse sentido, foi um post cumpridor, honesto.  O importante mesmo é que Saturno retomou seu movimento direto, e isso explica muita coisa. Não tudo, claro. Mas o que explica tudo?
Porque uma hora, meu nêgo, os gurus somem, os mestres se calam, e é chegado o momento de tu ir lá fazer a porra da coisa pra qual tu te propôs. 
Vai e volta, que eu te espero no bar. Te pago uma cerveja e tu me conta como foi. Vamos chorar, se for o caso. Vamos rir, certamente. Mas vai ser bom.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio