14 setembro 2010

Salário máximo

Trechos da entrevista com Carlos Ribeiro, ex-presidente da HP Brasil, na TRIP 192.

"Já estava há oito anos na presidência e percebia que não estava mais no máximo do meu pique de criatividade."

" Minha ideia inicial era me aposentar em 2009, 2010. Mas a morte do meu pai, em agosto de 2005, fez com que eu antecipasse isso. Eu estava no velório dele e me deu um estalo. Pensei: “O que eu estou esperando?"

"É claro que abri mão de muitas coisas, né? Mas também me livrei de um monte de coisas chatas. Claro que eu poderia estar ganhando muito mais do que agora, com a aposentadoria e o fundo de pensão. A gente tem que viver de reservas. Mas felizmente conseguimos poupar o suficiente para montar essa estrutura e levar a vida que a gente quer."

"A gente sempre procurou separar bem isso: o que eu era de verdade e o papel que eu tinha de interpretar, ou seja, o de um presidente de uma grande empresa pelo qual eu era remunerado. Eu participava desses eventos com empresários. Mas aquilo não era o meu natural. Até porque sou mais introvertido. Nesses eventos há um certo artificialismo. Sempre soube que aquilo um dia ia acabar."


Deu para entender mais ou menos, neh? Ele largou um supercargo para viver de forma mais simples no campo e tal.
É claro que tomar essa decisão parece mais fácil quando temos uma grana considerável de reserva/economia. Caso dele. Mas quem ler a entrevista na íntegra vai ver que ele só tomou essa decisão efetivamente depois de levar umas porradas emocionais.
Pensei duas coisas ao ler essa entrevista:
1) É muito difícil saber a hora de mudar, de parar, de baixar a rotação sem essas porradas. Precisamos de um nível tal de sintonia com a vida que... nossa. Coisa de monge.
2) Lembrei também que devíamos todos saber a hora de parar de ganhar dinheiro. Não vejo as pessoas refletirem sobre isso. Seu teto, sabe? Uma vez conversava com um amigo sobre isso, na volta da praia, pela freeway (ele costumava me ler aqui, será que continua? tu taí? lembra disso?). Falávamos sobre isso: qual teu teto salarial? Eu falava, na verdade. Com quanto tu acha que poderia viver tranquilamente?
Não vejo as pessoas pensarem nesse valor. Vejo pessoas querendo ganhar mais e criando novas necessidades para justificar esses mais.
Sei que as coisas são relativas, e que o que importa mesmo é a intenção das coisas; então uma mesma coisa pode ser prejudicial ou saudável dependendo da intenção da pessoa, mas eu realmente acho que conhecer nosso salário máximo é tão importante quanto garantir um salário mínimo decente pra todos.

Nenhum comentário:

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio