29 dezembro 2005

Não é ficção (1)

Danga é uma vira-lata que sorri. Desde bem pequena, mostra os dentes enquanto torce as ancas e abana o rabo peludo querendo carinho de quem chega e fala miado com ela. O nome vem de como a sua dona, quando criança, chamava as mamadeiras. Danga é resultado de uma mistura esquisita de raças, tão improvável que ninguém lembra mais para explicar. Nunca foi bonita, mas sua simpatia não tem igual. Fora o sorriso. Mas no último Natal não sorriu para os convidados. Andava devagarzinho pelo pátio, cansada, tetas inchadas de leite.
Gravidez psicológica. E o filho é um tomate. Por deus.
Um grande tomate emborrachado que, quando apertado, solta um inhéon – para desespero da Danga, que, acreditamos(?), pensa (??) se tratar de um choro (???). Alguém aperta o tomate, inhéon!, e a Danga se lamenta, ain ain ain, pedindo o filho de volta. Então, já deitadinha no sofá, alinha com o focinho o tomate entre as perninhas, afastando uma delas para dar mais lugar junto ao ventre. Quer “dar de mamá”. E ai que a Keka – sua filha real, com pêlos e au-aus, nada de inhéon, já crescida e ela sim fruto de uma gravidez verdadeira – tentasse um gole do leite. Era pro tomate, só pra ele.

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo, Lô! :-)

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio