26 outubro 2006

Que susto

Dia desses um colega de trabalho olhou bem pra mim, sério - ainda que eu estivesse de lado, pude perceber seus olhos presos em mim, como fazemos quando queremos dizer para alguém algo que nos parece verdade -, então, olhou bem pra mim, daquele jeito que exige que a gente retribua o olhar, o gesto solene, e disse:
- Loraine, tu parece que não faz falta, mas tu faz.
Olhei pra ele, ele continuava me olhando, sério. Por segundos, fiquei surpresa com a frase, que me bateu como uma verdade vinda não sei de onde, sem que eu nem imagine por que, nem saiba explicar o sentido ou o efeito dela - e conseqüentemente qual seria a função no mundo de uma pessoa assim, no caso eu. Em seguida voltei a olhar para o lado, como se ele não tivesse dito nada de importante.
Eu estou mudando de área outra vez no trabalho, é a isso que ele se refere na frase, porque deixaremos de ser colegas diretos.
E a tarde seguiu, os dias seguiram, e eu ignorei - tenho ignorado - o efeito da frase, como a gente faz com inúmeras coisas que a gente não quer entender na vida. Ou acha que não quer. Ou acha que não precisa entender, porque não está vinculado com nada que nos é imediatamente vital.
Mas eu sei que não vou esquecer essa frase.
E, se ela for uma verdade, eu não sei se quero continuar assim. Eu não sei se posso/sou capaz de mudar essa minha condição. Não sei se precisa mudar. Eu posso apenas ser assim?

2 comentários:

Fernanda Souza disse...

Como diz o título do post abaixo: somos quem podemos ser!

E essa é uma percepção de uma só pessoa :)

Vi no jornal mural da tua mudança! É bem diferente né? É o que tu gosta?

Lo disse...

Oi, Fernanda
eu gosto da nova área. Sempre gostei como leitora, espectadora, pseudopraticante. Agora, vou ver como é do outro lado. :)

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio