08 outubro 2006

Somos quem podemos ser

“Quem Somos Nós?” não é um bom filme nem um bom documentário, embora seja um pouco de ambos. Por mais generoso que o espectador seja, nenhum caminho convencional leva ao adjetivo bom. Mas o filme tem feito um relativo sucesso. Como explicar? Ficou (se ainda não está) um tempão em cartaz, gerou programas de debate, as pessoas comentam, gerou marola – como a gente costuma dizer no jornalismo. Os cadernos de variedades ignoraram solenemente. Não é um filme para as massas. Como poderia ser para as massas um filme sobre física quântica? Até por isso, repito: um filme sobre física quântica (sim! física quântica) tem dado o que falar. E pensar. Você viu?
Resumindo bem, dá para dizer o seguinte: o filme mostra, com depoimentos/opiniões/argumentos de físicos e neurocientistas, que a realidade é uma construção mental. Vivemos o que somos capazes de imaginar, pensar e, logo, acreditar. A rigor, criamos a vida que conseguimos criar. Ou: que grande parte dos problemas é fruto de como os percebemos. Eu acho perturbador: transferir para nós mesmos a responsabilidade por nossa felicidade ou desgraça é terrível. É inaceitável, na grande maioria das vezes. Sempre buscamos explicações fora da gente. Assim o pensamento ocidental ensinou.
Na verdade, não sei o que pensar sobre o filme, que assisti há algum tempo já. Mas tenho a tendência de acreditar no que ele mostra. Acho que ele já vale só por mostrar um monte de gente nos cutucando com a possibilidade de... “Somos quem podemos ser/ Sonhos que podemos ter” - Engenheiros do Hawai, lembra?.
Eu lembrei de mencionar o filme aqui porque li uma frase no editorial da última Vida Simples. Lá pelas tantas, o Leandro, editor da revista, disse: “Porque o debate gera luz”. Ele estava falando das reuniões de pauta, de como surgem as grandes sacadas da revista, mas eu lembrei direto da personagem principal do filme. Ela é muda. Sua vida é cinza. Sua vida não existe, ela é triste. Sem luz. Claro que ela vai dar uma virada. Está no filme para exemplificar os argumentos dos físicos e dos neurocientistas. Mas a mudez é um detalhe interessante. Quem me conhece até imagina por que acho interessante.

Mas não, não é porque eu falo pouco que esse detalhe me chama a atenção. Também é por isso, mas não é só por isso.
Tá bem... É por isso.
Mas é que tem muita gente que fala, fala, fala e não gera luz – seja lá o que isso signifique.
Ok, só tô desviando o assunto... :)

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