02 julho 2006

Entendeu?*

Hoje fiz um troço simples, que há tempo não fazia e que simplesmente adoro. Que bom, né? Você também? Tomara que sim.

O que eu fiz foi bem simples, bem bobo até. Talvez você nem ache bom, nem entenda por que adoro. Mas como eu adoro mesmo, como me faz bem mesmo, eu realmente não me importo com sua opinião. É assim quando a gente tem a serenidade da certeza: não se importa em se explicar. Apenas faz.

Eu vesti uma roupa confortável e que me protegesse do vento, porque não havia muito sol. Pus um boné, para meio que me esconder mesmo, enfiei uns tênis velhos e abri a mochila. Lá coloquei algumas coisas que pudessem parecer um kit sobrevivência. Algo que me desse a idéia de que levava tudo do que precisava. Que me desse, enfim, a idéia de que partia para uma aventura, a idéia de que me desprendia de algo (da rotina, da semana de trabalho - a que passou e a que virá -, do último telefonema, das respostas que não vêm, das coisas por fazer...). O kit: uma toalha pra sentar no chão, algo pra ler, água e um pouco de dinheiro, rádio e fones de ouvido, bloco e caneta. Por fim, desci e resgatei a bicicleta do quartinho escuro sob a escada do prédio.

Mochila nas costas, adoro sair por aí, sem saber muito ao certo que caminho tomar. Isso na minha própria cidade, sem hora para voltar. Já se comportou como turista na sua própria cidade? Olhando pras coisas com curiosidade? Parando no meio do caminho para matar a fome ou a sede com alguma coisa simples? Taí uma coisa que só depende de disposição. De espírito.
Entendeu?

É claro que sabia para onde estava indo, e que em tal hora mais ou menos voltaria, e que não sou turista, e que Porto Alegre não é tão turística assim. Mas acontece que, se nada disso fosse verdade, eu estava preparada também. Se me perdesse, se não voltasse no horário, se me sentisse turista, se POA revelasse uma paisagem de turismo, tudo bem. Eu ia conseguir perceber, porque era o que eu queria.
Entendeu?

E o legal é que coisas não previstas aconteceram mesmo. E eu voltei para casa com a sensação de que realmente tinha ido sem saber para onde, que realmente voltei na hora não planejada, e que fui uma turista na minha própria vida por algum tempo.
Entendeu?



* Isso que eu não estava preocupada em me explicar... Como a gente se contradiz quando escreve, né?

2 comentários:

Unknown disse...

ADORO fazer isso tb! :-)

Gláucia disse...

Putz, eu não sei andar de bicicleta!!!! Mas também adoro sair meio sem rumo.
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A gente se diz e se contradiz horrores qdo escreve. (Horrores é ótimo)

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio