11 novembro 2006

Um filme inconveniente

Ontem, assisti ao filme Uma Verdade Inconveniente – um documentário sobre o trabalho de alerta para o aquecimento global que o ex-vice presidente do EUA Al Gore vem fazendo. Confesso que não sabia que ele se engajara nisso há tanto tempo. Que entrou na política para ver se conseguia mudar isso. E começou aí o filme a se encaixar na minha zona de emoção enquanto espectadora.
Ok, é muito irônico que um norte-americano, um cara que esteve perto do cargo dito mais importante do mundo (a presidência dos EUA) defenda com tanto afinco o cuidado com a emissão de CO2 na atmosfera. Os EUA não ratificaram o tratado de Kioto, que prevê isso – a nível diplomático, de blábláblá, claro, mas prevê. Mas é justamente aí que o filme começa a te pegar: Al Gore deixa claro que foi lá e não conseguiu fazer grande coisa. Ou seja: essa constatação só deixa mais evidente o tamanho do problema.
Bom, e aí o que o Al Gore decidiu fazer? Putz, quando ele falou o que decidiu fazer, eu simplesmente percebi um nó sendo lentamente atado na minha garganta e meus olhos iam nublar sem volta...

Tá, o documentário é documentário, mas tem uns toques (truques) cinematográficos, meio clichês, mas que impressionam os mais sensíveis: uma e outra história pessoal, um e outro discurso mais contundente, câmera fechada no rosto do cara convicto, música ao fundo, como se ele fosse o mocinho dos filmes de Hollywood que a gente vê desde criança. Reconheço tudo isso, mas o nó na minha garganta não desatou.
Quando Gore viu que não havia Vontade Política (em caixa alta, sim, porque nesse filme fica claro que ela é uma entidade à parte, incompreensível, indomável) para que se evitasse uma catástrofe (para a qual cientistas americanos alertam desde os anos 60!), ele decidiu que ia sair pelo mundo contando o que sabe de pessoa em pessoa.
Cara! Consegue compreender a força disso? Ele vai falar de um em um!
Ok, ele foi vice-presidente dos EUA, vai ser recebido com facilidade e provavelmente muitos de sua platéia estarão lá apenas para fazer um H. Mas haverá aqueles que se impressionarão com a Verdade Inconveniente e contarão a outros, a outros e a outros.
Isso é emocionante! Até por ser quem é, o Gore está usando essa condição para, putaquepariu, tentar salvar o planeta.
Que caralho!
Você consegue se imaginar fazendo um milésimo disso na sua vida inteira?!?!?!? Que porra que você veio fazer nessa vida?
Não importa se ele vai conseguir alguma coisa, entende? Importa que ele está fazendo, que ele acredita no que está fazendo.
Depois que o filme acaba (e com eles os truques melodramáticos), me acalmei. Saí do cinema com o nó mais frouxo na garganta, mas com a inconveniente verdade me cutucando a consciência. Não só a inconveniente verdade do aquecimento global. Todas as inconvenientes verdades que a gente conhece e pelas quais não luta, não faz nada, às vezes sequer reconhece.
Que filme inconveniente praqueles que acham que 1) não têm nada pra fazer nessa vida e que 2) seus problemas (inhos, inhos) cotidianos são os mais importantes do mundo.

2 comentários:

sebastiao disse...

Eu consigo imaginar muitas coisas, mas não tu falando tanto nome feio como neste post.

Lo disse...

hehe. só tu mesmo.
tá, eu vou parar de escrever nome feio.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio