22 outubro 2009

Darwin avisou

Quem, quem, quem já viu a kombi da Bienal com coqueiro plantado dentro? Eu já, eu já.
E quem se entende no site da 7ª Bienal? deusdocéu... aquilo é em si uma instalação pós-moderna... Ainda existe essa palavra? Onde fica a pós-modernidade? Ah, começou já? Quando? Ah, tah, sim, já terminou, aham, ops, passou... puuuuuutaqueopariu... nem vi. E agora?
Sempre que eu via a linha aquela que as profes de História desenhavam no quadro, eu me angustiava. Sabe a linha aquela? Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea.... porque estava claro pra mim que os nomes dados tinham chegado ao seu limite... não havia mais nomes a dar aos períodos (por isso caímos no prefixo... pós... todo prefixo é um caminho sem volta). E isso era mais do que um problema etimológico! Era filosófico! Estavam decretando o fim da linha. Ah, a História... sempre me angustiou essa disciplina na escola... porque eu sabia, eu tinha certeza, eu sentia, que não tinham me contado tudo, não teria tempo nem como. E todo professor, por melhor que fosse (e tive muitos bons, eu os amava), todo professor de História é meio loser.

No meio do treino de natação, vem da aula de hidroginástica uma música antiguinha do Cidade Negra: A Estrada. A parte que caiu no meu ouvido foi bem essa:
Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir, eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio
Chorei ei ei ei
Ei ei ei ei ei ei ei
Lembrou? Adivinha o que pensei? Dica já dada: EU ESTAVA TREINANDO. Adivinhou? Aiê, que devagar vc é... tah, vou dizer... Eu pensei que essa música podia ser a Melô da Corrida de Aventura!
Melô.. ainda existe esse termo? Nossa, agora me puxei. Melô, de melodia, morô? Parei no tempo... não é pós-moderno esse termo. Mas corrida de aventura é bem pós-moderno neh?

Quem, quem, quem já viu o finlandês no T7? Eu já, eu já. Não, ele não é da Bienal. Vejo ele bem antes disso: uma figura que chama atenção, ruivo, cabelos longos, cara de sei lah... húngaro. Na real, ele não é finlandês, ele é brasileiro mesmo, nasceu na Amazônia!, com pais finlandeses. Por isso ele fala finlandês. No ônibus. Ele sempre dá um jeito de falar no celular no ônibus pra que as pessoas percebam ele falando numa língua estranha. Põe estranha nisso! Tanto que parece japonês. Por isso o guri atrás de mim perguntou:
- É japonês?
E o finlandês:
- Hein?
Daí o guri-atrás-de-mim achou que ele não falava português.
- Do you speak japanese?
O finlandês (ah, tah, eu sei que já disse que ele não é finlandês, é brasileiro... tah, tah) disse que não.
Aí entra uns barulhos, não consigo ouvir o que falam, em inglês, mas quero saber que diabo de língua é aquela! Eis que daqui um pouco o finlandês fala:
- Eu falo português!
O guri-atrás-de-mim, aliviado:
- Ah taaaahhh.
Foi a partir daí que eu soube que ele nasceu na Amazônia e os pais são finlandeses etc etc O que faz ele em POA? Sei eu! Aí o guri-atrás-de-mim desceu do T7 e, não deu alguns minutos, adivinha o que aconteceu? Vai, adivinha, tchê! Mas tu tah devagar hoje... Aconteceu que... o finlandês (tah, eu sei que ele é brasileiro!!!).. o finlandês começou a... FALAR NO CELULAR em finlandês, claro.
Um finlandês que nasceu na Amazônia andando no T7 em POA é pós-moderno.

Os ônibus são ambientes bem ricos. Por isso, mesmo que eu compre um carro, vou continuar andando de ônibus. Porque eu adoro ouvir histórias. Tem as dos guris de skate que vêm dos arredores do Anchieta - eles todos têm cara de guri-dos-arredores-do-Anchieta (o colégio). Com seus skates, eles saem da Nilo pro Marinha. Então pego o T7 direto com eles. As histórias deles são sempre muito boas. Tão cheias de gírias (?) ou termos "vazios", tipo interjeições (que dizem tudo!), que até parece finlandês! hehehe exagerei. Adoro os guris na adolescência. Era um prazer conversar com eles quando eu reporteava pro Zerou, na ZH. Eles são melhores do que as gurias.

Mas a grande história está sempre por ser contada. E a maior e mais importante delas, em qualquer língua, segue uma única regra, como já disseram/dizem e sempre dirão os artistas: seja corajoso o suficiente para viver com o coração. Vai doer, vai ser difícil, mas eis os que sobreviverão: os que viveram com o coração. É fato, não escaparemos. Será como uma nova seleção de espécies. Darwin avisou.




Um comentário:

André Cruz disse...

hahahah essa música eu usei na minha formatura...

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio