22 janeiro 2011

Dimensão espiritual

Olha essas frases:

1. "O sal da vida são as diferenças, conhecer as pessoas... A diferença alimenta a generosidade. Amar o outro. Enxergar o outro como alguém tão importante como a gente."
2. "As pessoas têm de aprender umas com as outras."
As pessoas não devem ter medo de falhar. Falhar, fazer errado e começar de novo faz parte da vida."
3. "No fundo, nosso maior medo é ser poderoso demais. Nossa luz interior é que dá medo. Não são as trevas. Nos perguntamos: 'por que eu vou ser brilhante?' Mas devemos pensar: 'por que não podemos ser?'"
"Se comportar de maneira pequena não ajuda o mundo, não inspira o mundo. Seu maior diferencial competitivo é ser o que você realmente é."
4. "A mensagem que tenho a dar é... sei lá. Sei lá significa não ter certezas."
5. "A diferença entre o bom e o positivo é que - embora ambos se refiram a alguma coisa boa para você e para o outro -, no positivo, esse resultado é duradouro."

Onde você acha que eu tive contato com essas frases?
a. ( ) num livro do tipo Osho... tipo física quântica... tipo, sei lá, Paulo Coelho...
b. ( ) em palestras de um centro espírita kardecista
c. ( ) durante um curso motivacional
d. ( ) em palestra de um guru budista
e. ( ) nenhuma das anteriores

A resposta é letra E. Mas podia ser qualquer uma das anteriores. Foi isso que me intrigou. "O que está acontecendo aqui?", eu me perguntava enquanto assistia aos palestrantes da Semana ARP da Comunicação. Foi no início de dezembro e, desde os primeiros dias, tive vontade contar aqui o que ouvi lá.
Os temas das palestras, como não poderia deixar de ser, focavam os desafios da comunicação, do marketing, da publicidade, das marcas. A novidade? A tendência? Ser verdadeiro. Fazer as coisas com uma intenção genuinamente transformadora. Com amor. Com presença, e não mecanicamente. É a "dimensão espiritual", ouvi várias vezes.

Não é incrível?
E não te parece óbvio que falar de marcas é falar de pessoas? Poderá uma marca ser uma coisa e as pessoas que a fazem, que a são, serem diferentes? Mesmo numa visão mais ousada: somos marca também. Seja como for, a "novidade", o desafio é deixar as marcas mais humanas, e daí vem uma lista de virtudes jamais pensada no modelo tradicional de fazer negócio. A novidade é essa: não há uma vida profissional, outra privada. É tudo uma coisa só. O que vc é como pessoa é como sua marca vai ser. O que vc faz pras pessoas, nas suas relações pessoais, é como vc vai fazer na profissão. Os muros caíram. E fica cada vez mais evidente quem é canastrão, ambíguo (?) ou tem um caráter questionável.

E, agora, olha essas ideias:

6. "O pensamento gerencial evoluiu de uma gestão de produtos, nos anos 50 e 60, para a de clientes, nos anos 70 e 80, depois para a de marcas, até 2000, e agora vivemos a gestão dos valores. Ou, numa outra forma de ver essa mudança de conduta, o seguinte raciocínio: evoluímos do foco mental (ideia de rentabilidade, de ser melhor) para o foco do coração (aspiracional) e, então, chegamos à postura focada no espiritual, que carrega uma ideia de compaixão, de fazer diferença quando beneficia o todo para sempre."
7. "As marcas têm de ser reconhecidas pelas coisas que fazem, e não pelo que dizem que fazem. A fórmula é essa: fazer > dizer, ou seja, fazer é mais importante do que dizer que faz." Como disse o Simon Sinek no vídeo que nós mostramos lá: "O objetivo não é fazer negócio com pessoas que tenham dinheiro para comprar o que você oferece, mas com as pessoas que acreditam no que você acredita". A lógica da comunicação contemporânea, e o que as redes sociais estão mostrando, é que existe uma dimensão espiritual...

Eu adorei tudo. Porque, para mim, um discurso algo "divino", "cristão" (no melhor e mais limpo sentido do que significou a energia de Jesus, de Buda, de Zaratustra ou outros, não importa, avatares de uma energia afim, do bem e poderosa) está tomando conta do mundo, vindo de várias direções, com diferentes "embalagens", mas essencialmente uníssono. Cinema (Avatar? Tropa de Elite? Chico Xavier?), arte, comunicação, política (Marina?), religião (mais liberdade) ou tudo isso resumido em uma palavra: autoconhecimento para evoluir... o recado está sendo dado. Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir? Quem se importa, se empolga, se emociona, se alista nesse exército? Como me disse o Fred Gelli, outro palestrantes da Semana ARP com ideias altamente sensíveis:
"Tem pessoas pensando essas coisas, outras meditando, outras conspirando, outras executando, enfim, sintonizados de alguma forma com esse novo olhar, essa nova atitude. De fato, é um outro modelo mental".


O canastrão, ou o lado negro das coisas, das virtudes, talvez não deixe de existir. Mas a ideia não é essa. A ideia é tudo vir à tona. Como sugerem os textos do Osho: qdo você acende a luz, a sujeira aparece. Não temos como acabar com a escuridão, mas podemos acender mais e mais luzes. De resto, a natureza se encarrega, como diria o Fred Gelli: mutações e a evolução natural.

Sei lá. Cada um com suas viagens. O tempo dirá.
Se não for nada disso, pelo menos me rendeu um texto. :) Tô feliz que ele nasceu. Fazia tempo que queria contar da Semana ARP aqui.

Em tempo: o tema global da Semana, este ano, ou seja, o guarda-chuva sob o qual tudo se abrigou foi "O novo Brasil". A ideia da dimensão espiritual favoreceria o país. Segundo alguns palestrantes, o país tem uma afinidade com essa nova mentalidade.
enfim... o Brasil é o país da hora. E não por acaso.
para ilustrar, um textinho q fala sobre a hora e a vez do Brasil (coincidentemente, de um publicitário): aqui.
Esse outro aqui também se alinha ao "novo Brasil".


*Então, para creditar tudo, aí vão os autores das frases/ideias:
1. Roberto DaMatta, antropólogo
2. Alessandra Lariu, diretora de criação digital da McCann Erickson NY (a ideia do "viver in beta" é muito Osho!)
3. Anselmo Ramos, VP de Criação da Ogilvy Brasil (falou de intuição também)
4. Arnaldo Jabor, comentarista político e cineasta
5. Paulo Lima, dono da Trip Editora
6. Philip Kotler, consultor de marketing (o papa do modelo tradicional americano falando de dimensão espiritual? Incrível...)
7. Perestroika (linkei eles aqui.)

E ainda faltou contar tanta coisa... aiai.

Abaixo, links afins com essa história toda:

http://www.videolog.tv/video.php?id=460283
http://www.abstratil.com.br/category/branding-3-0
http://criaglobal.com/how/
http://www.creativesocialblog.com/advertising/small-is-beautiful
http://www.blog.sambabusiness.com.br/samba/index.php/bem-vindo/60-livros/625-rework-de-jason-fried-e-david-hanson

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