26 agosto 2008

Platéia

Tem uma árvore grande na calçada em frente ao prédio onde moro. Seus galhos avançam tanto para o meio da rua quanto em direção às janelas da sala e do quarto. Gosto dela pertinho. É que, por exemplo, por causa dela posso escutá-los, os passarinhos. Nem aí para a platéia que ainda dorme o sono do inverno, cantam muito por volta das quatro e meia da manhã em diante. Acho que já os ouço há alguns dias, mas só na última madrugada é que tomei consciência, meio dormindo. E eu acho que sorri sem abrir os olhos ou me desgrudar do sono.

Esqueça a temperatura ou o calendário; o canto deles anuncia que outra estação está a caminho.
Depois, vêm as manhãs menos frias, os dias com tardes infinitas, as noites cheirosas, os vestidinhos leves, o pé no chão, o cabelo molhado espalhado nas costas nuas, enfim. Tudo de bom.

Na real, o imediato próximo passo é a piscina do clube encher de gente. rsrssr
A maioria das pessoas acha que natação não é pro inverno. Não adianta dizer que ali, a piscina, é seguramente o local mais quentinho do mundo quando os termômetros despencam. Se não é, vai ficar assim que vc começa a se mexer.
Acredite!
Mas é verdade: o inverno testa nossa fé - nossa, que frase mais "O tempo e o vento", né?
Na primavera, acreditar fica bem mais fácil. Em qualquer coisa - nossa, que frase mais, sei lá, auto-ajuda..

***

Leitor escolhe autores, certo? Certo. Há os preferidos, os que perseguimos, os que devoramos, os que respeitamos.
O contrário também acontece.
Quem escreve escolhe leitores também. Tem uns que não interessam; outros pelos quais se luta, se quer. É meio cruel e até repelente escrever isso num blog, mas é verdade. Nada pessoal, é apenas humano, eu acho.
Quem escreve quer ser lido, mas não serve qualquer platéia.
Não adianta o elogio do leitor que não se quer, não se respeita como tal. Sempre escrevemos para alguém - não um alguém com nome e endereço, mas um "tipo" de alguém.
Elogios de quem não interessa têm cor pastel. E críticas nesse caso são quase elogios - mas eu acho que isso acontece em todas as atividades, não?
Por isso, tem elogio e/ou crítica que vão valer/pesar mais - os do leitor que realmente se quer.
Dá pra se medir a qualidade de um texto pelo perfil do leitor que ele atrai.
Talvez não seja a medida mais justa, mas é a mais intensa e recompensadora.
Ou melhor: quem escreve redescobre seu próprio texto a partir do olhar do leitor que ele atraiu.

Mas também é verdade que não há nada de errado em uma pacata vida em tons pastéis entre escritor e leitor - se assim o escritor quiser. O Mario Quintana que disse uma vez, numa crônica cujo nome não lembro, "não acordem o leitor". Ele se referia a não surpreender, não sacudir o leitor com alguma palavra, frase, idéia... Porque dava trabalho: é preciso se responsabilizar por ele até o final do texto.

Pra mim, por exemplo, deu um trabalhão terminar este. Fui inventar de (tentar) te sacudir... Tô fora de forma.
Fase, fase...

tá quase na hora de os passarinhos começarem aqui na janela...

2 comentários:

Lúcia Brito disse...

Adorei tudo. :)
Como você sabe, tons pastéis não são o forte da casa. Não que eu não goste; ontem mesmo, quando o barraco chacoalhou bacana, comentei que adoraria ter uma vida (em tom) pastel. Mas não sei como misturar as cores pra esse efeito mais ameno e diluído. No fim fica tudo sempre bem vibrante. Para o bem e para o mal. Claro-escuro.
Mas creio que estou encontrando o meu caminho do meio.
Hoje estou cheia de idéias. :)

Lúcia Brito disse...

Kinder-ovo woman!!!

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio