30 agosto 2008

Xilonen Jovelina

Tá, eu roubei lá do Rodrigo.
É que é divertido... ou pode ser.
Q cê acha? O que vale é a intenção...

Vai lá (aqui, ó) qdo estiver de bobeira descobrir que nome você teria se fosse filho(a) da Baby Consuelo e do Pepeu Gomes.

???!?!!!?!!

Afinal, o b ali do bLOg é de bobagem, né... Preciso justificar o nome deste blog.

Isso de passar adiante uma coisinha-engraçadinha-inutilzinha de Internet é o que chamam de Meme? Já ouvi falar disso vezes e vezes e nunca parei pra prestar atenção...

Meme. (acho que se lê com ênfase no primeiro "me". Assim: /même/)
Cada uma...

29 agosto 2008

Ao mestre, com carinho

Se você pudesse, o que mudaria em mim?

Vamos por partes, como diria Jack.

"Se" = conjunção condicional em que se expressa uma hipótese ou condição necessária para que se realize ou não a ação principal.

"você" = quem ser? preciso acertar para quem fazer essa pergunta. ah, "se" eu pudesse acertar...

"pudesse" = o sentido aqui é mais de probabilidade do que de permissão. Pressupõe que vc talvez não consiga. Ou seja, eu não mudo nada se eu mesma não quiser mudar. Uau, que clichezaço.

"o que" = quero uma lista de coisas... Ou não. Vai ver quero alguém me dizendo assim "não mudaria nada, vc tá ótima". Hmmm... Que bola nas costas... às vezes, um forte puxão de orelhas é um golpe e tanto mas elogios podem ser venenosos.

"mudaria" = o futuro do pretérito é tão melancólico, né? É confuso: dá futuro ao que já morreu ao mesmo tempo que mata o que viria.

"mim" = vc me conhece bem? Senão, não arrisque.

ih. não tomei meus remedinhos hoje.
ah. foda-se.


***

Da revista Vida Simples (fev/2008):

"Mestres ampliam nossos horizontes, nos estimulam a atingir nossos objetivos e são fontes inesgotáveis de orientação nas encruzilhadas da vida. Mas, cá entre nós, você sabe reconhecer um?"

"De poucas palavras, hábitos simples e vida rústica, Ignácio Campos Meirelles era a alma de Campo Formoso, cidade do sertão de Goiás. Único ferreiro do lugar lá pelos idos da década de 40, Ignácio tinha mãos de fada... (...). Para sua neta, uma menina de seis anos, ele era um rei (...) Com o avô, ela aprendeu a manejar a forja, fundir metais e moldar elos para fazer pulseirinhas (...) Com ele, a garota também aprendeu a ter coragem. Acompanhando os passos largos de Ignácio em suas andanças, era obrigada a atravessar pontilhões de estrada de ferro e olhar com coragem para o espaço vazio que ficava abaixo dos seus pés. Seu avô não era homem de olhar para trás pra ver se a menina o seguia ou não. 'Ele só dizia o que devia ser feito, como devia ser feito e pronto. O resto era comigo', se lembra ela, hoje com 72 anos."

***

Tá, então.
Diz o que deve ser feito, como deve ser feito e pronto. O resto é comigo.

É isso: eu só quero a clareza do seu Ignácio.

28 agosto 2008

Na posição

"Na posição" é uma recomendação na planilha de treinos. Aparece nas séries de natação, mas sei que vale para o ciclismo e a corrida. "Na posição" é, como direi... na posição. :)
Já tá dito. É fazer a série atenta à posição mais próxima possível da ideal, técnica. Não é fácil, principalmente quando se está cansado.
Lembrei de uma professora de pilates que eu tinha. Ela explicava o exercício, o movimento e, antes de começar, ela me dizia: 'te organiza'. Que significava isso: toma consciência de cada parte que é tua, de cada parte que tu vai usar, foca, concentra, procura tua respiração, por aí.
"Te organiza" é o mesmo que "na posição".
E eu gosto das duas recomendações. Porque são a base de tudo. É nelas que percebo que o treino não pode ser apenas uma folha de papel. Cada série "na posição" é a chance de eu falar tête-à-tête com o meu corpo, e ver quem está no comando. Às vezes, ganha ele; às vezes, ganho eu.
Quem sabe chegará o dia em que "na posição" seja a minha posição natural, espontânea. Na natação, na bike, na corrida, no pilates. Na vida.
Assim. Explico.
A gente precisa lembrar de ficar "na posição" na vida no dia-a-dia tb, né?
Não dá pra amolecer o braço na natação, atirá-lo lá pra frente como se não fosse teu; não dá para soltar o core no pedal, despediçar sua força; não dá para arrastar os pés na corrida, desistindo de toda a coxa à disposição.
Também não dá para rasgar a "série" que a vida o cotidiano nos apresenta (eu já tentei, mas a próxima série tende a ficar mais dura). A gente pode dar um tempo, ligar a TV pra não pensar em nada, dar uma volta na quadra, dançar até sujar a meia no carpete da sala ou ir dormir. Mas no dia seguinte...
"Na posição!"
"Te organiza e vai".
Treinos, triatlo, pilates e seja lá mais o que for 'aparentemente' apenas físico: tudo isso às vezes tem sentidos assim, meio viajandões pra mim.
Mas é só às vezes, eu juro.

26 agosto 2008

Platéia

Tem uma árvore grande na calçada em frente ao prédio onde moro. Seus galhos avançam tanto para o meio da rua quanto em direção às janelas da sala e do quarto. Gosto dela pertinho. É que, por exemplo, por causa dela posso escutá-los, os passarinhos. Nem aí para a platéia que ainda dorme o sono do inverno, cantam muito por volta das quatro e meia da manhã em diante. Acho que já os ouço há alguns dias, mas só na última madrugada é que tomei consciência, meio dormindo. E eu acho que sorri sem abrir os olhos ou me desgrudar do sono.

Esqueça a temperatura ou o calendário; o canto deles anuncia que outra estação está a caminho.
Depois, vêm as manhãs menos frias, os dias com tardes infinitas, as noites cheirosas, os vestidinhos leves, o pé no chão, o cabelo molhado espalhado nas costas nuas, enfim. Tudo de bom.

Na real, o imediato próximo passo é a piscina do clube encher de gente. rsrssr
A maioria das pessoas acha que natação não é pro inverno. Não adianta dizer que ali, a piscina, é seguramente o local mais quentinho do mundo quando os termômetros despencam. Se não é, vai ficar assim que vc começa a se mexer.
Acredite!
Mas é verdade: o inverno testa nossa fé - nossa, que frase mais "O tempo e o vento", né?
Na primavera, acreditar fica bem mais fácil. Em qualquer coisa - nossa, que frase mais, sei lá, auto-ajuda..

***

Leitor escolhe autores, certo? Certo. Há os preferidos, os que perseguimos, os que devoramos, os que respeitamos.
O contrário também acontece.
Quem escreve escolhe leitores também. Tem uns que não interessam; outros pelos quais se luta, se quer. É meio cruel e até repelente escrever isso num blog, mas é verdade. Nada pessoal, é apenas humano, eu acho.
Quem escreve quer ser lido, mas não serve qualquer platéia.
Não adianta o elogio do leitor que não se quer, não se respeita como tal. Sempre escrevemos para alguém - não um alguém com nome e endereço, mas um "tipo" de alguém.
Elogios de quem não interessa têm cor pastel. E críticas nesse caso são quase elogios - mas eu acho que isso acontece em todas as atividades, não?
Por isso, tem elogio e/ou crítica que vão valer/pesar mais - os do leitor que realmente se quer.
Dá pra se medir a qualidade de um texto pelo perfil do leitor que ele atrai.
Talvez não seja a medida mais justa, mas é a mais intensa e recompensadora.
Ou melhor: quem escreve redescobre seu próprio texto a partir do olhar do leitor que ele atraiu.

Mas também é verdade que não há nada de errado em uma pacata vida em tons pastéis entre escritor e leitor - se assim o escritor quiser. O Mario Quintana que disse uma vez, numa crônica cujo nome não lembro, "não acordem o leitor". Ele se referia a não surpreender, não sacudir o leitor com alguma palavra, frase, idéia... Porque dava trabalho: é preciso se responsabilizar por ele até o final do texto.

Pra mim, por exemplo, deu um trabalhão terminar este. Fui inventar de (tentar) te sacudir... Tô fora de forma.
Fase, fase...

tá quase na hora de os passarinhos começarem aqui na janela...

22 agosto 2008

Claro que não

Não, não, não
eu sei que eu não deveria, mas...

esse Usain Bolt não é um chato? Que mala...

Não, não, não
eu sei que eu não deveria, mas...

handebol na olimpíada???

Não, não, não... (bem, já deu para entender...)
a choramingação do Diego Hypólito não deixou tudo muito pior???

***

O arrepio de novo. Aquele arrepio. Com a Maurren Maggi. E não foi porque ela é brasileira. Não foi.
O esporte não é a coisa mais linda que existe?
Pena que tem que treinar...
uauauauauuau.

***

Sabe qual é o problema da propaganda política? A breguice.
Como é que deixam passar, hein?

***

Pra brincar aqui. Eu fiquei daquele jeito ali na foto.


***

Não, não, não, eu sei que não deveria, mas... É machista, mas...

A guria se senta ao lado d'Ela.
Sempre se viram por ali, mas nunca se falaram ou foram apresentadas oficialmente. Há, digamos, uma cumplicidade feminina. Só. E basta. Ela permanece impassível, fumando seu cigarro, não olha para o lado, sabe que vem uma pergunta.
A guria olha pra Ela, olha pra frente, olha pra baixo, pras mãos pousadas sobre as pernas. Tem uma falsa apreensão. Ela fica impassível. Não é amável. Ela não é receptiva, nem está ali para confortar ninguém. No copo a sua frente, tem um martini. Xôxo já. "Vencido" como sua maquiagem, que tenta esconder os anos...
O nervoso da guria é mais pela busca da coragem pra fazer a pergunta do que pela resposta. A resposta a guria conhece. Intui. Mulher é intuição. Sempre.
A pergunta: "Os homens que dizem me amar até hoje, pra esses homens, eu não dei. Coincidência?"
A resposta d'Ela: "Claro que não".

20 agosto 2008

Geografia

trabalhar como os espanhóis.
comer como os franceses.
dançar como os latinos.
festear como os brasileiros.
estudar como os alemães.
treinar como os australianos.
beber como os russos (?).
viajar como os japoneses.
conformar-se como os chineses.
orar como os indianos.
brigar como os italianos.
e "me achar" como os argentinos.


(será que é isso? ah, os "pré"conceitos...)

***
e aí?
vínculos empregatícios ou vínculos afetivos?
pensei sobre isso, mas mudei de direção...
de repente, vou escrever sobre isso. Ou não.
Preguiça.

na verdade, eu só queria empurrar o bumerangue mais pra baixo.

17 agosto 2008

Bumerangue

Tá, eu vou falar sobre o Phelps. Me deixa. Deixa eu falar. Me solta, vai. Eu vou falar.

Seguinte.

... annn...

Michael Phelps é feliz?
Ok, sei que é chato isso de eu querer saber se as pessoas são felizes, mas eu realmente tenho essa pretensão, não pelas pessoas, mas pela coisa. A felicidade.
Já li/ouvi/provei que ela está em pequenas coisas, que de tão sutil não notamos, e só na ausência dela nos damos conta de sua passagem... a danadinha. Já li que "nada impede mais a felicidade do que a própria lembrança da felicidade"... enfim. Escorregadia essa felicidade.
Mas não me canso: Phelps é feliz?
Phelps teve escolhas e soube fazê-las, acertou seu destino, correu (ops, nadou) pra ele sem dúvidas, questionamentos, receios, medos? Foi isso? E, então, é feliz? Foi experimentando ela, a felicidade, nesse caminho? Foi isso?
Li que ele não tinha tantas opções assim. Que não ia bem em coisa alguma até um técnico de natação o descobrir. Será? Sempre temos opção. Ele podia dizer não à natação. Não disse. O que o fez dizer sim? Destino? Mas destino não quer dizer ser feliz...
Já li que ele só treina. E come. E dorme. E foi aí que a impressão se instalou em mim: a de uma prisão. Fazer uma coisa só por tanto tempo... Por mais que ele tenha se tornado Michael Phelps, o nome de uma olimpíada inteira. Por mais que tenha feito pela natação o que o Pelé parece ter feito para o futebol, algo por aí (com o perdão da comparação clichê).
Ainda assim, a sensação de prisão.
E aí todas as perguntas que empurrei pra fora de mim se voltam agora, como um bumerangue, numa outra. Única: o que faço eu com toda a minha não-prisão-de-phelps? O que faço eu com toda a liberdade que julgo não existir na vida de Phelps?

Da série "Mundo MSN"
hehehe
rsrsrs
hihihih
kkkk
:)
hahahaahaha
(risos)
ou....
aqueles bonequinhos?

Da série "Não somos só matéria"
Ainda vou descobrir o que é esse arrepio que sinto em um dos lados do corpo quando me emociono. Aconteceu assistindo a provas da olimpíada, mas rola também diante uma história bonita.
Alma penada?

Da série "Me dá um pouco dessa autoconfiança aí!"
Phelps ou Usain Bolt?

Da série "Como eu acabo essa postagem, hein, carácoles?"
Li ou me disseram que, quando algo triste/ruim acontece com a gente, acessamos todos os algos tristes/ruins anteriores. E então choramos por todas as dores que já tivemos, desde o útero da mamãe. Que coisa forte.
O contrário podia acontecer também. Quando algo bacana/prazeroso acontece, sorrimos e nos emocionamos também acionando todos os prazeres e as bacanices anteriores. Mas isso eu não li, nem me disseram.
Eu tô dizendo. E acho possível estar certa. Por que o contrário não valeria? Nem que seja por justiça divina ou só por efeito bumerangue.

Eu já escrevi sobre a minha teoria do arco-dos-antônimos-complementares?
Acho que, se procurar, sou capaz de encontrar o guardanapo onde a desenhei (sim, precisa de desenho). Eu estava numa mesa de bar. A teoria precisa de, digamos, estímulos para ser entendida.

09 agosto 2008

O maior sorriso

Hoje é dia dos pais.
Claro que é uma data comercial... patati...patatá. Mas não dá para esquecer que faz oito anos que não abraço o meu nesse dia. E o meu pai era a pessoa que eu mais abraçava na minha família. Sempre foi. Virava-e-mexia, eu estava pendurada nele. Aquelas coisas de ter mais afinidade com umas pessoas do que outras, mesmo (ou principalmente) nas famílias.
Mas este não será um texto triste, eu prometo.

O pai, em geral, é o primeiro homem que amamos na vida. E não raro o primeiro a nos decepcionar, porque haverá um dia em que vamos descobrir que ele não é um super herói...patati patatá.
(Provavelmente, este será um texto mais pro super herói, mas estamos combinados que eu sei que ele não foi, ok?)

Teve uma época que eu sabia "muito" de futebol. Ia para o estádio do Grêmio com ele. Falávamos sobre muitas coisas, até de futebol. E depois de um tempo percebi que o mais legal de tudo eram justamente as conversas enquanto esperávamos o jogo começar.
Eu conversava muito com meu pai. Eu era faladeira com ele, juro! :)
Acho que tem a ver com confiança. Que não se compra, não se pede, não se encomenda. Apenas existe. Eu confiava nele. E meu pai ouvia até o meu silêncio. Às vezes, na viagem de carro, ele retrucava: "a loraine veio, hein?" (eu sentada logo atrás dele).

Meu pai me ajudou a estudar às pressas para a primeira prova de colégio da qual me lembro. O teste era à tarde, e eu passei a manhã dispersiva, como uma típica pisciana, sempre pronta a trocar a realidade pelo devaneio. Eu não lembro se fui bem na prova, acho até que colei da minha irmã (te confessei isso alguma vez, mana?). Mas daquele dia em diante foi diferente. Anos depois, vi meu pai várias vezes junto à porta do meu quarto, final de ano, um calorão, eu adolescente, estudando para as provas finais: "O que tu tá estudando se tu já tá passada, guria?"

Meu pai me ensinou a jogar sinuca. E teve uma época que joguei muito bem. Ganhava dos guris. Teve uma época que eu "tomava" cachaça com ele enquanto a mãe esquentava o jantar. E teve uma vez que meu pai, acreditem, me disse que eu ia ficar bem com um cigarro. Que combinava comigo. Nada politicamente correto, né? Pois é. O tipo de coisa arriscada que se diz quando se confia na pessoa. Meu pai confiava em mim. Eu vim a saber disso muito tempo depois, e levei um susto.

Meu pai achava que eu podia ser médica, porque ia muito bem no colégio e tinha jeito de médica (?!!). Eu queria fazer educação física, que nem ele. Mas uma vez, quando leu um cartão de dia dos pais que fiz, um cartão caprichado!, ele me olhou, segurou meu queixo com a ponta dos dedos e disse: "tu vai ser escritora, filha?"
Eu fiz jornalismo. E lembro do dia que ele procurou no supermercado o jornal em que saiu a primeira notinha que redigi como "jornalista". Apontou no papel, dizendo pra vendedora: foi minha filha que fez.
E tempos depois eu cursei educação física. :) Mas não consegui contar a ele. Eu me inscrevi no vestibular pela manhã e ao meio-dia ele morreu. O primeiro dia de aula na faculdade depois disso foi bem emocionante pra mim. Não terminei educação física, é verdade (foi preciso escolher entre continuar a pagar a faculdade ou tentar financiamento do apê pra sair de casa...) mas... a vida deu voltas e hoje tenho muitos amigos na área. Me sinto "pertencente" a esse mundo, ainda que sem diploma.

Meu pai foi pra cima e pra baixo comigo quando tive anorexia. Numa época em que a doença mal era conhecida, ele teve muita dificuldade para compreendê-la. Muita gente tem até hoje, imagina naquela época então... E ele brigou comigo por causa disso como ninguém. Foi uma época bem difícil, mas também de muita dedicação da parte dele. Quando ele morreu, eu pensei: "puxa, Loraine, ele te salvou e você não o salvou". Tolice a minha... quanta arrogância, Loraine...

O último livro que ele leu, já no hospital, foi eu que dei. Ele adorou. Era uma história com muitas descrições do pampa, das estradas por aí afora. Meu pai era caçador. Dizia que o Rio Grande do Sul era grande demais. Vinha o inverno, aqueles dias frios com chuva miúda tocada a vento, ele dizia "ahhh, tempinho bom para caçar". Meu pai gostava da função, da aventura. Nós tínhamos dificuldade para entender qual era o prazer de levantar às 4h da manhã, caminhar no campo, com água pela cintura às vezes, carregando um monte de tralha e esperando um bicho que nem sempre vinha. Guardadas as devidas proporções, quando saio pra correr, quando topo uma competição, com chuva, e fica tudo difícil, sei lá, vale até a friaca do jipe à noite, eu lembro dele. E então acho que entendo o prazer que ele sentia na adversidade voluntária.

Uma vez fui caçar com ele. Até então nunca o tinha visto tão realizado. Sempre que quero lembrar dele muito feliz, penso em sua imagem, encostado numa ribanceira, à beira de um banhado. Era final da tarde, eu estava ao lado dele. Falávamos sobre qualquer coisa, acho que ele contava de alguma caçada... Daquele vazio imenso de campo afora vinham muitos barulhos... (a natureza faz muitos sons no amanhecer e no entardecer, vc já notou?). Ele abriu um sorriso do nada. Um sorriso de felicidade tão grande que eu mal soube o que fazer com ele.
Agora, eu sei.
É para, por exemplo, lembrar num dia como hoje.

obs.: a foto ali é do fim de semana da tal caçada. Meu pai à esquerda e um dos meus irmãos à direita. Foi uma saída só para reconhecimento do local.

07 agosto 2008

Um prefeito bem doidão

O Sebastião começou o papo lá no blógui.
A época é oportuna, afinal, vai ter um domingo que vamos ter de ir a algum colégio da cidade, nos apresentar e brincar na urna eletrônica, para a escolha do novo prefeito.
O Rodrigo comentou que pra ele já estaria ótimo se retirassem a sinaleira debaixo da Terceira Perimetral no cruzamento (cruzamento?) da Nilo Peçanha e também permitissem atravessar a Protásio pela Ramiro Barcelos.

Eu gosto muito de Porto Alegre. Sinto mesmo o que diz aquela propaganda, que deve ser do Zaffari. A que diz que a melhor vista da cidade é a aérea, de quando voltamos para ela. É mesmo! Porto Alegre está longe da perfeição, mas o que a gente quer das coisas/algo/alguém e até da cidade onde moramos é personalidade e integridade - para os defeitos a gente dá um jeito. E POA tem isso: personalidade e integridade.

Minha Porto Alegre ideal, eu já contei num post aqui, teria o Dilúvio navegável, com barcas e duas largas ciclovias nas duas beiradas, deixando um espacinho prum corredor de ônibus (elétrico!) antes das calçadas. Eu queria também que o Guaíba voltasse a ser praia, do Centro até a Zona Sul, e que sua costa fosse tomada por esportes, dos náuticos aos terrestres. Queria q nenhum parque fosse cercado e que toda idéia de muros como o da Mauá fosse proibida na constituição estadual. Eu queria ciclovias e metrôs.

Impossível? Yesss, eu tb acho.
Não vamos eleger o prefeito que vai fazer isso, né? Não, não vamos...
Os programas deles falam de outras coisas, como criança na rua, educação, essas coisas, que você aí está achando que são mais importantes. Não são. E as idéias ali em cima não as excluem.
Fazer real aquela Porto Alegre ali, do parágrafo acima, tem tudo a ver com uma cidade mais justa. É uma questão de espírito, de clima, de atmosfera diferente. E isso muda toda a energia do lugar, a ponto de respingar nos chamados "PROBLEMAS SOCIAIS". Às vezes, a gente resolve um problema atacando justamente o que aparentemente não tem nada a ver com ele. É uma questão de liberação de energia.
Loucura? Yesssss, eu tb acho.

Mas um dia o Brizola aterrou o Guaíba e colocou dois bairros sobre ele. Tá lá o Praia de Belas pra quem quiser ver. Pára para pensar: aterrou o Guaíba para alargar a cidade!!! Não é maluco?
Também teve um prefeito que foi tachado de louco quando rasgou a cidade pra fazer a Protásio Alves. Hoje, a Protásio não é nada...

Então, é isso: eu quero um prefeito maluco. Bem doidão. Dá para ser? Onde tem?

01 agosto 2008

Visão de raio-X

Uma vez, para uma matéria que eu estava fazendo, uma professora/pesquisadora me disse algo espetacular. Aquilo era espetacular para ela mas, ainda que para mim não fosse diretamente, eu era capaz de perceber a sacada.
E vc vai ser tb.

Me disse ela que o grande pulo do gato do uso da informática/internet (e suas possibilidades) em sala de aula era que o professor enfim conseguia VER o raciocínio do aluno.
Explico. Escola sempre foi aquilo de o professor falar, o aluno escutar, e um enorme abismo continuar entre eles. Porque nunca o professor poderia ter certeza do que a criaturinha absorveu e o que fez com aquilo que foi despejado sobre ela.
Quando a criança usa o computador, todos os caminhos que ela faz provocada pelo professor ou por algum exercício de aula ficam gravados no PC. Deixa rastro, e o professor pode, enfim, ver o caminho (torto? correto? errado? divertido? não raro surpreendente e rico) que a mente da criança fez para se virar com a questão.
A informática dá um mapa, uma fotografia do raciocínio.
A visão de raio-x.
Espetacular, eu não disse? Uma revolução.

Eu lembrei disso porque esse bLOg tem quase 150 textos - precisamente 147 com este que vc está lendo. E ainda assim muito não foi dito, nem nunca será. E mesmo nas coisas que foram contadas aqui, mesmo nelas há não-revelações. Algumas conscientes, a maioria não.
O que inconscientemente não foi dito ou mostrado é resultado de uma limitação inerente ao exercício da escrita. Nunca contamos tudo (nunca nos contam tudo). Porque quando tiramos da mente para pôr no papel ou apenas falar, algo se perde. Na escolha dessa palavra e não de outra, na escolha deste início e não de outro, se deixa para trás todas as outras incontáveis possibilidades que sua mente tem/mantém num bosque selvagem, virgem, inexplorado. Escrever é trazer para a civilização um jardim arrumadinho.

Por isso, escrever e falar (eu prefiro o primeiro hehehe) é uma atitude corajosa. Toda ação de escolha é corajosa. A coragem de escolher por aqui e não por ali, tendo de deixar para trás todo o resto de possibilidades (que às vezes nem sabemos quais são, só que existem, e daí a ansiedade da escolha). Escrever (falar, criar frases para sensações e pensamentos) é dizer adeus, se despedir do que podíamos ter sido, ops, dito, trazido à luz.
E o que valoriza essa escolha ainda mais? O desejo de nos fazer entender. E o jogo já começa em desvantagem, afinal, quem nos lê ou nos ouve não consegue ver nosso raciocínio. Não tem um software nem a visão de raio-x dos super-heróis. Pelo menos ainda não.
Daí que a interpretação é livre e sempre um risco. (viu? cuidado com a interpretação que vc está fazendo deste texto)

Por depender de escolha, o que contamos ou escrevemos são 'invenções' - ou no mínimo apenas parte da história. Numa proporção maior, é disso que falam os físicos quânticos. Entre as muitas possibilidades, nós criamos a realidade, a história que chamamos de nossa.
Bobagem? Viagem? Pode ser.

Lembrei da cena final do último Indiana Jones, em que a vilã quer porque quer conhecer "toda a verdade" - como se quisesse entrar naquele bosque ali, o virgem, inexplorado e selvagem, não o dela, mas o de toda a humanidade. Ela ganha esse poder, mas não resiste né... deve ser dura demais, essa verdade inteira - guardadas as devidas proporções, vai ver por isso q a gente não consegue mesmo, por mais que queira, contar tudo, né? Grandes poderes exigem grandes responsabilidades, nos ensina Peter Parker, o Homem Aranha.

Mas por outro lado essa incapacidade inata de captar o 'todo' revela o quanto somos frágeis e inaptos para julgar, tirar conclusões e tomar decisões. Mas elas são necessárias. Tanto são que julgamos e concluímos coisas a todo momento. O que fazer com a vontade de acertar então? Tem gente que fala em intuição. Outros apenas seguem um script, copiam o vizinho. E há os que dão de ombros e seguem o cômodo curso da correnteza - à espera do software ideal ou da visão de raio-x, sei lá.
O que tiver de ser será.

Eu ia dizer que a intuição pode (vir a) ser nossa visão de raio-x, mas aí... putz, esse texto tá doido demais. Isso que nem uso drogas, imagina...

Quando falei de bosque (até vou pôr uma fotinho ali), lembrei também do filme A Vila. Viu esse? Ninguém tinha coragem de 'atravessar o bosque'. Lembrei mas não desenvolvi, não revelei o raciocínio para vc... Então, foi o que eu disse: para escrever o que saiu aqui, deixei para trás outras possibilidades. Outras idéias que talvez nunca mais voltem ou textos que nunca venham a existir.

Maluco.
Maluca, eu.
E sem substâncias químicas!
uhu.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio