09 março 2009

Arco e flecha

É bem coisa de criança fazer perguntas surpreendentes com um genuíno desconhecimento da resposta (e um comovente interesse por ela). E entenda-se por surpreendente tudo aquilo que desbrava na mente da gente um caminho ainda não percorrido, ou seja, todo raciocínio que embaralha o que a gente já cimentou como verdade ou fato.
Esses dias uma amiga minha me contou de uma dessas perguntas, feita pelo afilhado dela. Ele brincava com um arco e flecha daqueles cuja ponta de borracha gruda no alvo preso à parede. O presente havia sido dado pela minha amiga. O garoto com, não sei ao certo, seis anos talvez, acertava o alvo muito bem. Para brincar com ele, ela tentou também. E errou. Então, ele decidiu explicar a ela como fazia, "ensiná-la". Nas tentativas seguintes, ela começou a acertar mesmo. E ele, a errar. Daí que o guri pensou um pouco e perguntou algo como isso: "Dinda, quando a gente ensina alguém, mostra como faz, a gente deixa de saber, de acertar?".

Me surpreendeu um pouco a convicção com que minha amiga explicou que não. Mas ela estava certa. O guri precisava de convicção para voltar a acertar. 
Necessárias, fascinantes e ilusórias. As convicções.

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