02 outubro 2008

Apenas uma Vez

Eu vou (tentar) escrever sobre o que pensei depois de ver um filme. Esse: "Apenas uma Vez".
Como (tenho certeza) vai ficar meio deprê, vou começar com amenidades.
Dispensável essa abertura, né? Enfim. Tô muito formal hoje.

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Tenho um amigo que me acha muito mais simpática, querida - "uma lady", ele disse - por email, MSN e blog do que pessoalmente.
Ele tem razão. Fazer o quê.
Onde mora o problema também mora a solução. O que é defeito por outro lado também é qualidade. Tem a ver com a teoria do arco-dos-antônimos-complementares, que um dia eu explico aqui. Mas também não me encontro muito seguido com esse meu amigo. Então, migo, dá um crédito aí.

Ele me acha muito formal, objetiva ao vivo. Mas, também, a gente só se encontra pra falar de trabalho. Para solucionar coisas de trabalho. E, diante um pepino, um problema, um furacão, um susto, o que for... meus amigos.... eu posso ser assustadoramente fria e racional. Por fora. É pura reflexo, nem noto. A mente corre na frente, faz os cálculos, mede, avalia, pesa, ocupa todo o espaço, (acha que) resolve e sai de cena. Aí vem o coração, dias depois, atrasadérrimo, todo queridão, mas em breve apavorado com o estrago da mente-margaret-thatcher.
Já entendi que é isso que vim melhorar nessa vida. Fase 2, por favor: como?

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A gente tem de ser muito (emocionalmente) inteligente pra saber ser inteligente/saber usar a inteligência.

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Essa coisa de escrever frases no MSN, sobre a qual já comentei aqui, é divertida mesmo. Parece um jornalzinho, vai dizer? Tu abre o teu MSN e lê ali "notícias" sobre teus amigos. A gente é a mídia da gente mesmo. Até dá nos nervos aqueles que não trocam NUNCA a frase, né? Sensação de jornal velho. Dá vontade de dizer: "troca a frase ali!!!".
Que doideira...
Tem outros que trocam toda hora! "Fui almoçar", "No banho"...
São notícias em tempo real!! :D
Daqui a pouco vai ter "Fui fazer xixi". Ou "No banheiro. Número 2".
Que doideira...

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Tá, agora vou escrever sobre o "Apenas uma Vez", que até parece meio fábula.
Começa que é um musical... E é um filme dor-de-cotovelo total. Tem cenas cujo impacto vai variar conforme a distância que você se encontra de uma história afetiva mal-resolvida. Vai variar a intensidade, então, o impacto existirá em alguma medida. Tá avisado.
Mas também tem cenas muito cativantes. Despretensiosas, daquelas que tu não viu em filme nenhum. E surpreender-se com um filme é uma coisa muito boa, né não? Minhas eleitas:
- a do aspirador de pó pela cidade, puxado como se fosse um cachorro.
- a saída à noite para buscar pilhas pro cd player.
- e aquela em que... (não vou contar!!!!)

Acho que quem toca algum instrumento vai gostar do filme, e gostar especialmente de algumas outras cenas. A amiga que me indicou o filme me contou também que os atores principais não são atores, mas músicos e amigos do diretor.

O filme é sobre uma história de amor que não acontece. Ou acontece, mas não nos termos que a gente está acostumado/espera (principalmente quando é espectador de um filme-romance).
Como afirmar que o que existiu entre eles não foi um romance, um amor?
Enfim.

Eu já escrevi aqui que a gente precisa ampliar a perspectiva, exagerar, esticar o elástico, ir além para que, de volta à normalidade, as coisas possam parecer mais simples.
Vale pra tudo. Até para os relacionamentos, foi o que pensei depois de ver esse filme.
Os protagonistas (foto), cada um deles, tinham suas histórias afetivas. Ambas vistas por cada um deles como difíceis, complicadas. Ao se conhecerem, a perspectiva se ampliou. A história entre eles era ainda mais complexa de ocorrer, por uma série de razões circunstanciais. Então a história impossível entre eles tornou possível a história que vinham arrastando como um problema antes de se conhecerem.

De certo modo, é meio covarde isso. Topar (ou contentar-se?) com uma coisa apenas quando outra coisa mais difícil/desafiadora se apresenta. Superar um problema apenas quando diante de outro maior. Parece que é só assim que avançamos, quando alguém ou algo nos tira da zona de conforto. Do contrário, para que se atirar no precipício se não há nenhuma ameaça em terra firme?

A gente precisa ter muita fé, muita mesmo, uma fé que poucas pessoas podem assegurar que têm, para acreditar na Vida - assim, com letra maiúscula. E a oportunidade para isso pode surgir apenas uma vez.

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