23 dezembro 2008

Qual vai ser o último texto de 2008?

O mundo corporativo está destinado a morrer.
Alguém já deve ter dito ou pensado isso, mas eu quero dizer também.
O mundo corporativo vai morrer e sobreviverão apenas aqueles que não entendem de planilhas, power points, metas, follow up, gap, feedback, benchmark, target... Ou seja, sobreviverão os operários de chão de fábrica que fazem o que precisa ser feito e ponto. 

Ah, já sei, vc quer que eu convoque uma reunião e comprove a morte com planilhas, power points, matrizes etc...  Tem gente que não é do mundo corporativo mas raciocina como eles, e é esse o ponto. Esse tipo de raciocínio, postura, forma de agir se esvaziou. Quando a idéia - e aqui a gente poderia chamar de alma - morre, fica só a carcaça, o esqueleto. Vamos combinar: carcaça e esqueleto estão lá, mas já não são nada.
É a idéia, a alma, o significado da coisa que sustenta a coisa. Se você não acredita naquilo, aquilo se esvazia, a necessidade se extingue.
As coisas são antes de ser. E deixam de ser antes de desaparecer completamente.
Essencialmente.

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Chega uma hora em que tu te dá conta que faz por uma empresa o que vc não faz pra si, nem pros amigos, nem pra família. Há zilhões de palestrantes, revistas, artigos ensinando os 10 passos para chegar lá não sei onde. Ou a receita para defender com segurança e assertividade seu projeto na reunião com o chefe. E por aí vai. Sempre que eu ouvia esse tipo de papo, eu pensava: e na vida? Quando vinham lá na redação do jornal com "temos de ser precisos","temos de ser assertivos", "temos de ser criativos", "temos de surpreender o leitor", eu pensava: "e na vida, porra? Eu quero ser criativa, precisa, assertiva e surpreendente na minha vida! Na minha!"
Eu quero estar entre as 10 mais da Loraine Corporation mesmo!

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Acompanhei recentemente vários painéis que discutiram o futuro (?!) da comunicação, da publicidade e propaganda e tal. Eu estava lá cobrindo para uma revista. E de novo pensei em tudo isso. E amigos vos digo: só conseguiram ser tudo o que toda empresa sonha/todo chefe gostaria de ter como funcionário aqueles profissionais que são criativos, surpreendentes, precisos, inquietos e apaixonados em sua própria vida. 

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Ok, não descobri a América. Talvez Paulo Coelho tenha escrito sobre isso até melhor do que eu. ("até", iurru!) Mas e aí? De posse dessa informação, o que você fez com ela? 
Vc consegue transpor para sua vida lições, idéias, metas que cumpre tão bem para o seu chefe?

Eu li essa lista feita pela Gringo , uma agência de publicidade bacana aí, pensando não como publicitária, claro, até porque não sou. Li a lista pensando em mim como pessoa. Com alguma ou outra adaptação (que vai depender de sua capacidade de doidice, abstração e disposição), transpor o que está dito ali para o contexto da sua vida pode ser um exercício interessante.
Afinal, como vai o seu próprio mundo corporativo? Você SA.
Se vc não fosse vc, você se acharia legal? Gostaria de ficar perto de vc? Passar a vida com você, se dedicando a você? Seguir uma carreira, cumprir expediente etc etc etc?

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Então eu disse prum amigo: tem vezes que eu tomo decisões baseada em coisas muito sutis. 
Ele respondeu: "como diria o Belchior, não quero o que a cabeça pensa, quero o que a alma deseja. Assim, quase sempre funciona, Loraine".

(Belchior!!!!... bom, acho que tirando aquele bigode dele, não tenho nada contra, e vc?)
mas é isso: ninguém quer carcaça ou esqueleto, resumindo. 
Por isso o mundo corporativo encarcaçado vai morrer. Sua alma já se foi.
E o seu mundo corporativo, como vai?

Ufa. Escrevi. Tava precisando. Escrever me faz bem, desentope, descongestiona. 
Música rolando enquanto eu terminava esse texto: aqui. (q voz bacana tem essa mulher)

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