08 abril 2008

Injustiças do cotidiano

(1)
Eu juro que aquele papel não estava ali. Surgiu só hoje de manhã. Parece até que nesta noite se moveu sozinho e acomodou-se bem à frente dos demais. Foi a primeira coisa que vi ao olhar para eles: "após a alta, dirija-se à recepção para confirmar o agendamento de sua consulta".
Caramba. A consulta era hoje, em 40min. E eu não tinha agendado coisa nenhuma quando saí do hospital, há uma semana. Eu não sabia! O médico não me disse isso. Disse apenas que eu voltasse hoje. E eu tô voltando. Contei os dias pra isso! E o papel, bem, o papel só apareceu agora.
Hmm. Senti que ia ter problemas. Sus. Muita gente. Poucas fichas. E eu querendo ser atendida sem ter agendado como mandava o papel! Não tinha nem como piar. Mas resolvi ir mesmo assim. Estava disposta a esperar uma brecha.
E não é que fui atendida? A recepcionista me chamou a atenção pela falta do agendamento, mas fui. E quase tão logo que cheguei.
Atrás de mim, a filha de uma senhora que já se sentara, com dores na perna, ouviu da atendente que o horário da consulta da mãe tinha mudado pra 1 da tarde. Eram 8h da manhã. E a família veio de longe, do interior.
- Por que não nos avisaram? Vocês brincam com a gente, hein?!
A atendente não respondeu, ficou com aquela cara de paisagem, de alguém já vacinado das reclamações. Parece que o médico delas só atuaria à tarde.
A mãe e a filha decidiram remarcar a consulta para outro dia. Não podiam esperar cinco horas até as 13h, mesmo porque a previsão é de que fossem ser chamadas pelas 16h...

(2)
Outra injustiça. Mas dessa eu não fiz parte (involuntária, como na descrita acima). Só assisti.
Entro no mercadinho, aqueles mercadinhos que chegam a ter pó nas garrafas, sabe? Aqueles com prateleiras de tábua, um retângulo de frutas, legumes e verduras no centro. Um bem igual ao do seu bairro. Procura, que tem um espremido entre um prédio e outro, vigiado do caixa por um gringo com sotaque.
Então, entrei para comprar uma água. Uma mulher se apressou e pulou na minha frente.
- Tem feijão a granel?
Claro, disse a gringuinha, já em direção ao saco do grão.
-Ah, não - desanimou-se a mulher - Esse eu não quero. Preto não. Só tem preto? O preto anda me fazendo mal.
E saiu.
"Maronzinho eu não tenho, o branco acabou", me disse a gringuinha, um tanto abalada, se justificando. Maronzinho ela disse. Assim, com um R só.
Volta a mulher a quem o feijão preto está judiando:
- Me dá um maço de carlton?
***
Cigarro, é? E a culpa é do feijão?!


obs.: aquela última frase ali, "cigarro, é? E a culpa é do feijão?!", essa frase é necessária? Fiquei em dúvida. Você entenderia o que quis dizer sem a frase?

4 comentários:

André Cruz disse...

Afinal de contas...como foi sua consulta? tu estás melhor? da próxima vez que tu encontres essa mulher..diz para ela que o feijão preto, nunca fez mal, mas sim o cigarro.hahahah Bjs e melhoras.

André Cruz disse...

...quero dizer, " que tu encontrares....

Tigerman disse...

Sem a frase final, era auto-explicativo, mesmo rsrs

Em um só dia, tanta injustiça... Esses dias, vc escreveu que nunca tinha dito que ia FODER com a vida de um cara... Não é porque a tua vida é sem graça, é porque você nunca ia fazer isso mesmo rsrs. Se a Lo que eu conheci continua a mesma, ela não tem arroubos de raiva como esse nem troca o feijão perto por Carlton ;)

Ah, não vou mais pro Canadá, pq um documento do Exército que eu preciso pra fazer passaporte (sim, eu não tenho um) só ia ficar pronto uns dias antes da viagem. Aí não rolava por causa do visto. Enfim, vou esperar pela próxima, já com o passaporte. Só tomara que não seja pra Rivera ou Ciudad del Este...
Bjs.

Lo disse...

tô bem, sim, André!
começo a retomar os treinos nesta terça-feira!

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio