01 abril 2008

O jogo de cena das mulheres

Assisti a Jogo de Cena, documentário em que Eduardo Coutinho se põe a escutar histórias de mulheres que se dispuseram a contá-las atendendo a um pedido em anúncio de jornal. Eis que algumas coisas me tocaram positiva e negativamente – distinção que não me convém fazer agora.

1 – Os mais importantes acontecimentos na vida de uma mulher, a despeito de sua posição social ou ascensão em carreira, continuam envolvendo relacionamentos. Com pai, com mãe, com filho, com marido, com um deus.
2 – Filhos são para toda a vida. Os perdidos e os que não foram tidos também – ou, estes, muito mais ainda do que por toda a vida.
3 – Grandes saltos do amadurecimento feminino se dão por causa de um homem. Melhor: por causa de uma paixão, de um amor (no que isso tem de trágico muitas vezes). Relação em que a outra parte é como uma escada. Algo essencial, mas a partir de um momento secundário e que ficará para trás.
4 – As mulheres são ótimas contadoras de histórias. Engraçadas, dramáticas, convincentes.
5 – O grande barato da dramaturgia é envolver o espectador de tal forma que ele seja incapaz de dissociar personagem de ator, ou história de vida real. Quem faz isso melhor? O palco de teatro ou a câmera de TV/de cinema?

Agora, eu mesmo questiono:

Sobre a afirmativa 1 – Que tipo de mulher atendeu ao anúncio de jornal? Terá sido um universo representativo do século 21? Que tipo de escolha fez a edição do documentário?
2 – Não questiono. Não posso duvidar disso.
3 – Até pode ser, mas a recíproca pode ser verdadeira. Além disso, quero crer que possamos evoluir emocionalmente também nas alegrias, nos acertos. Quero crer que a redenção pela dor seja apenas uma herança cristã de vaga sustentação. E quero crer principalmente que nem sempre a outra parte fique para trás.
4 – Chatas também. Mas, ok, há um certo talento sim. Mas muito disso porque elas gostam de contar – e nisso pode estar desde muita sensibilidade até muita auto-importância. Sozinhas, não haveria o que contar. Não me parece por acaso que na direção (e na concepção) do filme esteja um homem.
5 – Eduardo Coutinho embaralha de vez essa resposta.

E, definitivamente: vida de mulher tem de ser tão triste assim?
Não, não precisa.
Sem mais palavras, meritíssimo

***.

A propósito: o cotovelo tá doendo pra c...!!!! A impressão, depois da cirurgia, é de um beliscão fininho intermináááável. Ou aquele choquezinho que chamam de ‘amor de sogra’, sabe? Ui.

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