27 setembro 2005

2005, o ano que...

Impossível saber o que só o distanciamento histórico dirá de 2005, mas basta levantar a cabeça em busca de ar, como quando achamos a beira do buraco em que caímos no banho do mar, ou como quando na ponta dos pés procuramos algo ou alguém por sobre a multidão, para suspeitar que este ano é candidato a divisor de águas. Minha astróloga diz que a culpa é de Urano. Culpa? Ops, crédito, na verdade. Se não, o que dizer de um ano em que acontecem coisas que, na impossibilidade de se alterarem, já tinham virado piada, já tinham se incorporado ao imaginário popular como toleráveis, situações, enfim, cuja mudança parecia esbarrar na pergunta “para que virar tudo de cabeça para baixo?”. Mas parece que alguém (urano?) resolveu responder com outra pergunta, cheia de uma coragem ora infantil, ora demoníaca: “e por que não?”, porque coisas estranhas acontecem em 2005, a saber:
- Maluf, símbolo da impunidade nacional, o estereótipo do político de republiqueta, personagem de programa humorístico, foi preso.
- Deputados investigam deputados
- Deputados querem acabar com a corrupção no país
- Os juízes de futebol, como já anunciavam as torcidas, no seu coro sábio, agora se sabe, são filhos da p... ops, ladrões. E vão presos!
- Os publicitários confessam que mentem, vide Duda Mendonça
- Políticos trabalham em finais de semana. Menos ainda: os políticos trabalham. Ponto. Absortos em relatórios e relatórios de CPIs.
- Como mostraram o filmes de hollywood, a natureza pode não só ameaçar mas destruir os EUA
- O Inter é líder do Brasileirão e pode ser até campeão
- Um filme sobre Zezé Di Camargo e Luciano vai concorrer ao Oscar.
- O desfile da Semana Farroupilha virou carnaval
- O Rigotto é lançado como candidato do partido à Presidência
- O Schumacher não foi campeão de F-1

Daí eu fico pensando se, lá no início do ano, algum pai-de-santo-vidente-babalorixá tivesse citado alguma dessas coisas num Fantástico de domingo qualquer. Acho que a edição do programa não teria deixado passar, incrédula com tantos absurdos.

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