29 setembro 2005

Irmãs gêmeas

Ligo para minha irmã no meio do expediente, do meu e do dela. Quero saber como foi na prova da faculdade, mas é ela quem escolhe o assunto que dá início à conversa. Foi ao médico para investigar a possibilidade de fazer uma cirurgia que pode resolver uma questão que vem lhe incomodando há tempos – que tem se intensificado e que tem me preocupado muito. Está animada. Pergunto da prova, demora um pouco para responder, fico cismada, mas ela acha que foi bem. Desconversa.
- Pera aí – ela diz para mim. – Ah? – ouço ela dizer já parecendo afastar a boca do telefone. Fala com outra pessoa:
- Ah, tá. Faz um mamá para Samira que ela não comeu gelatina.
Volta-se para o telefone e para mim, como se eu não pudesse ter ouvido:
- A Samira não comeu gelatina. A Samira é uma das gêmeas. Samira e Brenda.
- Samira e Brenda – eu repito, sobre as pessoinhas, bebês, que estão sob o cuidado de minha irmã, que volta a falar de sua vida e suas coisas.
- Vai começar uma palestra aqui – eu digo.
- Ah, tá – ela diz, mas continua falando.
- Vai começar o negócio, não vou poder...
- Tá... Tu vai sábado jogar vôlei?
- Vou – eu digo.
- Então, sábado a gente conversa.
- Beijo.
- Beijo.

Minha irmã gêmea está terminando o curso de Nutrição. Coordena essa área numa escolinha infantil na Restinga Velha. Eu sou jornalista e trabalho numa redação.

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Bem juntinhas

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eu e a Búio