02 abril 2006

Ler é uma bagunça

Os livros que li dariam um livro. Bem grosso, se eu pudesse juntar aí também o lido em artigos de revistas e de jornais. Explico. É que não resisto a sublinhar frases, trechos. Duas vezes já tive de comprar livros que me foram apenas emprestados porque não consegui não me apropriar deles com rabiscos e observações em margens e entrelinhas.
E tem o outro lado também. Dependendo de quem pede, fica difícil emprestar os meus livros, porque acabam tão pessoais, tão reveladores, quase diários, que exibi-los exige uma certa coragem, um certo desprendimento. Algumas revistas também. É como se eu tivesse levado para sempre o enunciado daquele tema de aula e de casa dos tempos de colégio: ‘sublinhe a oração verdadeira e comente as falsas’.
Eu traço links por aí. Depois de lidos, artigos de livros e revistas se transformam em hipertextos em uma web íntima. Navego por várias loraines, ou por diferentes épocas de uma mesma loraine, ao voltar aos livros depois de um tempo. Há vários textos atrás daqueles impressos. Então, se eu juntasse tudo o que já sublinhei nessa vida de leitora média, teria um livro. De auto-ajuda*, literalmente.


* Na boa, qual livro não é de auto-ajuda? Que livro não te ajuda? Eles sempre ajudam, mesmo os didáticos, de colégio, que sutilmente nos ensinaram a procurar por aí as orações verdadeiras e comentar as falsas. Atendendo ao convite quase sem se dar conta, chegamos a outros livros, que nos ensinaram a duvidar das frases verdadeiras e dar um crédito àquelas que parecem falsas. Com as certezas bagunçadas, pulamos pro próximo livro. E pro próximo... E pro próximo... Fazendo de conta que a gente quer realmente arrumar a bagunça.

3 comentários:

Unknown disse...

E quando a gente não consegue fazer a mínima idéia do porquê sublinhou alguma coisa? ;-)

Lo disse...

Oi, dgdgd, eu escrevi.

Ah, é verdade, Cássia, isso acontece tb, e é a parte divertida, eu acho.

bj

Lo disse...

Dados retirados.

Bem juntinhas

Bem juntinhas
eu e a Búio